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08 janeiro 2010

O metro na rodovia





Os trinta novos veículos que integrarão amanhã a linha vermelha do Metro do Porto chegaram a Portugal de... autocarro, contrariando as vantagens do transporte ferroviário sobre o rodoviário. Eis uma das composições, com os seus 37,1 metros de comprimento e capacidade para transportar 248 passageiros, montada sobre pneus em Vilar Formoso, no passado mês de Agosto.

23 janeiro 2009

Letra morta



Jorge Sampaio disse um dia, quando era presidente da República, que se queríamos ser um país desenvolvido teríamos que respeitar as leis e não interpretá-las como se fossem meras sugestões que ninguém cumpria.

O caso do estacionamento irregular na Rua de 31 de Janeiro, impedindo a circulação dos carros eléctricos que ligam o Carmo à Batalha - que acontece repetidamente hora após hora, dia após dia, semana após semana sem que ninguém lhe ponha cobro – é um facto do quotidiano que vale o que vale, mas é também uma das facetas do país da letra morta ou, como referiu o ex-presidente, do desenvolvimento adiado.

12 julho 2006

Uma imagem para uma nota do quotidiano portuense



Sábado, 11 horas da manhã.
Sento-me na esplanada da Sá Reis, na Praça da Liberdade. Aguardo dez minutos, sem ser atendido.
Um indivíduo de meia-idade com uma farta bigodaça grisalha, ar carrancudo, meio desgrenhado, vestido com uma camisola verde e vermelha, que lhe chega até meio das pernas, com as insígnias nacionais estampadas, aparece junto de mim e olha-me sem dizer nada. No primeiro instante pareceu-me um pedinte mas logo percebi, pela interrogação entretanto posta no olhar, que era o empregado.
Peço um pingo descafeinado que não demora e vem acompanhado de um porta guardanapos de papel, atirado para cima da mesa. O ruído provocado pelo choque do objecto no tampo metálico foi tal, que o tipo deve ter-se visto na obrigação de pedir desculpa.
Tomo o pingo e distraio-me a observar o vaivém das gentes naquela manhã de sol coado por uma ligeira neblina.
Decido retirar-me. Aguardo longos minutos que o empregado apareça. Com toda a paciência do mundo resolvo procurá-lo no interior do estabelecimento. Encontro-o ao fundo, a folhear um qualquer jornal. Estendo-lhe dez euros para pagar noventa e cinco cêntimos. Pergunta-me se não tenho trocado. Respondo-lhe que não, que não tenho moedas. O homem sai para trocar a nota na Ateneia, a confeitaria ao lado, e volta com um ar incomodado. Dá-me o troco. Abro a mão e verifico que faltam cinco cêntimos. Exijo-lhos. Agastado, atira-me com a pequena moeda para a mão.
Desapareço na manhã ensolarada com uma certeza, a de que a reabilitação urbana da baixa terá que ser acompanhada da reconversão deste modelo de serviços.

04 agosto 2005

Não é neblina, é fumo!



Assim foi hoje de manhã. Enquanto uma voz sorridente anunciava na rádio «bom tempo», eu tinha diante de mim indícios de um cenário dantesco: toda a cidade do Porto coberta pelo fumo proveniente dos fogos florestais que devoravam aquilo que resta dos bosques do distrito mais incendiário de Portugal.

Continuamos, Verão após Verão, a provocar alegremente o fogo nas matas por todo o país. A tragédia é anunciada pela manhã com o eufémico «bom tempo» e é-nos servida como grande espectáculo pelas televisões ao entardecer.

Miserável esta terra que se deixa arder e a ficar a ver.

20 janeiro 2005

Portugal sem Rumo



Eis uma dissonância no curto percurso deste blogue, bem real e nada surpreendente.
Não está em causa o mérito ou o demérito do político que dá a cara ao cartaz, mas sim o que a imagem representa: a irresponsabilidade, o oportunismo - os cartazes por terra só se vêem das janelas circundantes - e o desleixo reinantes.
Estão ali sintetizados todos os problemas que nos assolam: o analfabetismo e a iliteracia, a falência das sucessivas reformas do ensino, os altos índices de sinistralidade rodoviária, a ostentação de braço dado com a corrupção, a inoperância da justiça, o despesismo estatal e até o défice controlado com malabarismos financeiros. Ah, está lá também a ingovernabilidade à espreita. Tudo, tudo varrido para debaixo do tapete.

10 janeiro 2005

Graciosidade Forjada



A graciosidade de um elemento decorativo em ferro forjado sobrevive, com a morte anunciada, à demolição do edifício que durante dezenas de anos alojou a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, na Boavista.
A atestar a importância que o ofício de ferreiro teve na cidade, diz-nos Magalhães Basto que aqui houve «duas ruas que se chamaram Ferrarias: a Ferraria de Baixo, (actual do Comércio do Porto) e a Ferraria de Cima (que era a continuação da do Souto e hoje se chama... dos Caldeireiros)».
Quem tiver tempo e olhar atento, poderá observar no Porto um autêntico museu vivo do ferro forjado, patente nos inúmeros trabalhos de ferreiro que vão subsistindo em grades de sacadas, peitoris, portões e varandas rendilhadas, um pouco por todo o lado.