17 dezembro 2004

Ponto de Vista



As cidades, tal como os seres vivos, estão em permanente transformação. Nesta fotografia, de 1997, podemos observar algumas das mudanças que o centro granítico do Porto sofreu de então para cá.

Um estaleiro de obras estendia-se do Largo de S. Francisco até à Rua Nova da Alfândega, junto ao rio. O jardim da Cordoaria ainda não tinha sido petrificado pela Sociedade Porto 2001, capital Europeia da Cultura, entidade que viria a dedicar-se
à conversão do jardim do Infante D. Henrique, num aterro relvado. As obras que requalificaram a Ribeira ainda não tinham começado.

Porém, a mais interessante observação que a fotografia proporciona é a de duas malhas urbanas distintas. Uma apertada, que corresponde ao casario que ficava dentro da Muralha Fernandina, e outra mais larga, com ruas e praças mais desafogadas, construídas após o derrube da muralha medieval.

As ruas que corriam ao longo da periferia da muralha, constituem hoje uma nítida linha divisória entre a cidade medieva e aquela que viria ser construída no século XIX. Por ali passa também a demarcação da UNESCO, que em 1996 classificou a área delimitada pelas muralhas do século XIV, com o galardão de Património da Humanidade.