06 novembro 2005

Tableaux vivants em Serralves





Os tableaux vivants consistiam na recriação de pinturas, ou de quadros do imaginário colectivo, com personagens que se mantinham imóveis e calados. Perdida a importância que tiveram como meio popular de diversão, antes do advento da rádio, do cinema e da televisão, os tableaux vivants continuam presentes em algumas encenações de carácter religioso, nos homens-estátua que a cada passo encontramos nas ruas das nossas cidades e - porque não? - no cinema de Peter Greenaway.
A exposição patente em Serralves traz, no entanto, outra abordagem contemporânea.
Nos trabalhos ali expostos fazem-se interagir técnicas como a pintura e o vídeo ou a escultura e o vídeo, explorando os conceitos espaço/tempo e mobilidade/imobilidade.
Entre outras, há duas obras muito interessantes de Rui Toscano realizadas para ecrã plasma, em que «o movimento real é quase imperceptível no contexto de uma imagem fixa». Representam o Rio de Janeiro e São Paulo «surgindo entre a reminiscência do postal turístico e a objectividade inexpressionista de um registo fotográfico». A não perder.

01 novembro 2005

Cores do Outono



A copa de um liquidâmbar...



...e outra árvore que não consegui identificar na parca bibliografia que possuo, apesar das amostras que recolhi no terreno: um ramo de folhas alternas com recorte marginal em forma de serra e um fruto redondo que parece e cheira a limão. Haverá alguém no grupo de especialistas que queira esclarecer-nos?

28 outubro 2005

Na Ponte da Arrábida

«Não se afirme que a ideação de uma ponte do alto da Arrábida ao Candal é coisa nova nas aspirações portuenses, porque em 1886, ano em que foi aberta à circulação a ponte de D. Luís, já se preconizava e previa a construção daquele viaduto como complemento da urbanização da cidade e como saída necessária ao tráfego proveniente da actividade portuária de Leixões», escrevia a revista O Tripeiro em 1963, no número comemorativo da inauguração da Ponte da Arrábida.



Pensada inicialmente como simples alívio da Ponte Luís I, que em 1930 se mostrava já insuficiente para satisfazer as necessidades de circulação entre as duas margens do Douro, o projecto da Ponte da Arrábida viria a superar todas as expectativas iniciais, tanto pela grandiosidade da obra como pelo método construtivo.



Edgar Cardoso, um homem que não recuava perante dificuldades técnicas, idealizou-a a pensar no futuro, como peça fundamental de um rede complexa de ligações rodoviárias, e dotou-a do maior arco em betão armado até então construído à face da terra. Uma temeridade para a pequenez da mentalidade do Portugal de 1955. A ousadia contudo não ficou por aqui.

O molde para o fecho central do arco que havia sido construído a partir das margens, tinha, ainda segundo O Tripeiro, «80 metros de comprimento e 11 de largura, pesava nada menos de 465 toneladas. Era uma desmesurada peça que tinha de ser deslocada dos estaleiros de Gaia até debaixo do ponto exacto da elevação no rio e aí soerguida verticalmente, em arranque sucessivos, até ao nível das consolas que iria ungir». A essa operação, que decorreu entre 14 e 20 de Julho de 1961 assistiram inúmeros mirones, alguns na esperança de ver toda aquela estrutura desabar o que, como se sabe, não aconteceu.



Quando foi inaugurada, em 22 de Junho de 1963, a ponte dispunha de quatro elevadores para que os peões pudessem vencer a distância de setenta metros do rio ao tabuleiro, facilitando a travessia pedonal. Estava ainda equipada com duas pistas para bicicletas, um meio de transporte comum na época. Com a motorização do transporte pessoal estas facilidades desapareceram.



O atravessamento da ponte a pé permite, no entanto, usufruir de um panorama único e ao mesmo tempo observar a modernidade daquela estrutura projectada há cinquenta anos. Os acessos são mais fáceis do lado do Porto, a partir do Teatro do Campo Alegre e do Centro Desportivo Universitário do Porto, do que do lado de Gaia.



Nas torres dos elevadores, parte integrante da estrutura daquela obra de arte, podem observar-se quatro esculturas ornamentais com cinco metros de altura, fundidas em bronze. Duas do lado do Porto, do escultor Barata Feyo, simbolizando O Génio Acolhedor da Cidade do Porto - na foto acima - e O Génio da Faina Fluvial e do Aproveitamento Hidroeléctrico; e duas do lado de Gaia, do escultor Gustavo Bastos, representando O Domínio das Águas pelo Homem e O Homem na sua Possibilidade de Transpor os Cursos de Água.

27 outubro 2005

Contra-plano



O observador do panorama de uma das fotos publicadas na entrada abaixo, estaria algures entre o arvoredo dos jardins do Palácio de Cristal, à esquerda. A imagem serve de mote para a abordagem à Ponte da Arrábida que será feita aqui amanhã, nunca antes das 19h00.

24 outubro 2005

Sol de Outono



Já estivemos aqui no Inverno passado observando a igreja da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos.



Aproveitemos agora para levantar o olhar e contemplar o Douro, a caminho da imensidão do Atlântico, e a elegante ponte que une os maciços rochosos da Arrábida e do Candal.



As imagens foram captadas hoje nos Jardins do Palácio de Cristal, enquanto a manhã decorria pachorrenta e temperada pelo sol deste início de Outono.

14 outubro 2005

A ponte e a praça





A ponte e a Praça da Ribeira, revisitada, já com a marca do Outono. Lá no alto, uma afirmação de poder perdido no tempo: o imponente Palácio Episcopal.