23 julho 2009

Abaixo-assinado contra a demolição do Mercado do Bom Sucesso



Fernando Sá, Presidente da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte, Paula Sequeiros e Pedro Figueiredo, constituem um grupo de cidadãos que decidiu opor-se à demolição do Mercado do Bom Sucesso para que ali se construa um hotel, um «shopping», escritórios e um parque de estacionamento. As formas são de um abaixo-assinado - em que se manifestam contra a incapacidade de gestão do património público revelada pela Câmara Municipal do Porto - e do blogue Mercado do Bom Sucesso Vivo, onde se podem observar fotos de mercados congéneres de Valência, Barcelona, Toulouse, Londres, Hamburgo e Veneza, em plena actividade.

O Mercado do Bom Sucesso é apenas mais um edifício notável posto à venda após a tentativa falhada de destruição do Mercado do Bolhão e do recente negócio do Pavilhão Rosa Mota, que incluiu, no mesmo pacote, a alienação de parte dos jardins do Palácio de Cristal.

A petição, que já assinei, contava ao fim de três dias, segundo o Jornal de Notícias, com 2500 assinaturas entre a internet e as recolhidas em papel.

16 julho 2009

A pérgula da Foz do Douro

No tempo em que a direcção do Público prestava mais atenção ao que se passava no norte do país - fora da baixeza dos jogos políticos que continuam a ser notícia - o jornal publicou, entre 1994 e 1997, uma série de crónicas de Luís Miguel Queirós sob o título geral O Nome da Rua. Essas narrativas formam um excelente, apesar de não exaustivo, guia da toponímia portuense, fruto de muito trabalho de investigação e produto, ainda, da redacção de estalo que o Público tinha no Porto.



Numa delas, dedicada à Rua do Dr. Sousa Rosa, eram-nos prometidas Revelações sobre a origem da pérgula da Foz do Douro. O autor, depois de caracterizar «a zona do Porto a que chamamos genericamente “a Foz”», afirma desconhecer «a data precisa em que a autarquia decidiu evocar nesta rua – que liga a aprazível Praça de Liège à Rua do Crasto – o médico e militar Augusto Sousa Rosa», sendo de crer «que a alteração toponímica tenha ocorrido em 1938, já que foi» naquele «ano que faleceu o homenageado».

As revelações surgem pela pessoa de um neto de Sousa Rosa, nascido várias décadas após a morte do avô, que forneceu informação detalhada sobre aquele que em 1929 assumiu a presidência da Câmara do Porto.



«Logo no seu primeiro ano à frente da gestão autárquica, Sousa Rosa – que residia, e veio a morrer, no número 210 da rua que lhe tomou o nome – promove a construção da pérgula que hoje embeleza a Avenida do Brasil» - diz-nos Luís Miguel Queirós. E continua: «Que esta elegante fiada de colunas erguidas junto às praias ficou concluída em 1931, é informação que vem nos livros. Mas o que poucos saberão é que o seu desenho foi esboçado pela própria mulher de Sousa Rosa (...). Tendo acompanhado o marido quando este foi enviado para França, durante a Primeira Guerra, pôde ali admirar um monumento semelhante, que lhe serviu de inspiração para o seu “ante-projecto” da pérgula portuense.»

Infelizmente o neto do autarca desconhecia a localidade onde a sua avó avistou a pérgula que terá servido de modelo à que hoje existe na Foz do Douro.

05 julho 2009

A Culturgest em Tibães

S. Martinho de Tibães que foi, para além de mosteiro, centro produtor e difusor de culturas e estéticas durante os séculos XVII e XVIII, acolhe, até 22 de Agosto, a exposição De Malangatana a Pedro Cabrita Reis, promovida pela Culturgest, que integra obras de arte da colecção da Caixa Geral de Depósitos.



A primeira referência a este mosteiro data de 1077, no entanto a construção do actual conjunto de edifícios iniciou-se em 1614 prolongando-se, num processo de sucessivas renovações, até 1834 ano em que foram extintas as ordens religiosas masculinas em Portugal. A antiga casa mãe dos mosteiros beneditinos entrou, a partir daí, em lenta degradação que nos anos setenta do século XX acabou na delapidação dos bens do mosteiro e na ruína.
É o Estado que a partir de 1996 recupera aquele espaço belíssimo através do trabalho - e de muita dedicação também - de uma equipa do Instituto Português do Património Arquitectónico, trazendo até nós muito do que estava perdido.



Tibães fica apenas a 9 Km de Braga e a cerca de 45 minutos de viagem do Porto.
Nas fotos podem ver-se o conjunto monumental composto pela igreja e pelo mosteiro, e a sala do capítulo durante a montagem da exposição.

25 junho 2009

Dois eléctricos históricos, o 100 e o 104

A circulação de veículos de tracção animal sobre carris para transporte de passageiros, no Porto, iniciou-se em 1872 no percurso do Infante a Matosinhos, pela beira-rio, a cargo da Companhia do Carril Americano do Porto até à Foz e Matosinhos. Esta empresa já se tinha fundido com a Companhia de Carris de Ferro do Porto quando, em 1896, se iniciou a electrificação da linha marginal, concluída no ano seguinte. Os carros até ali puxados por mulas passaram então a circular atrelados aos veículos de tracção eléctrica.





O 104, nas fotos acima, foi motorizado em 1895 e circulou, modificado, nas ruas do Porto durante 85 anos, até 1980. Estes dados, do Museu do Carro Eléctrico, contradizem os do interessante sítio de Ernst Kers, que vale a pena conhecer, dedicado aos eléctricos do Porto. Aqui, o 104 é-nos apresentado como utilizado na instrução até 1959 e dado como desmantelado em 1964.
O actual veículo é uma réplica construída a partir de outro eléctrico, em 1994.





O 100, que tem como particularidade as aberturas laterais, é também, segundo o museu, uma réplica de um veículo construído na primeira década do século XX, que ardeu num incêndio na estação da Boavista em Fevereiro de 1928, conjuntamente com outros vinte e dois eléctricos, quatro atrelados e duas zorras
A reconstrução deste carro, de acordo com o original, realizou-se em 1995.

23 junho 2009

Hoje é o dia da grande noite





As imagens acima são de arquivo porque este vosso fotógrafo decidiu “ir ao S. João” liberto da máquina fotográfica para melhor usufruir da festa. Com esta mostra, composta pelo fogo e pelas gentes – dois elementos fundamentais da velha celebração nortenha -, ficam aqui os meus votos de uma noite rija para todos.

19 junho 2009

Douro Faina Fluvial



O documentário Douro Faina Fluvial, com o qual Manoel de Oliveira entrou em 1931 no mundo do cinema, retrata a fervilhante e sofrida actividade ribeirinha, numa época em que o rio era uma das principais vias de acesso de mercadorias à cidade.

A lida fluvial entretanto mudou. Hoje a faina é do turismo e do lazer. Na foto, um grupo de remadores do centenário Sport Clube do Porto recolhe o seu caiaque no cais de Gaia.

16 junho 2009

Uma cidade



Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodão, esporas
de água e flancos
de granito.
                       Uma cidade
pode ser o nome
dum país, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-íris à janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnólias
ao crepúsculo, um balão
aceso
numa noite
de Junho

Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.

Albano Martins