
Com esta entrada não pretendo celebrar nenhuma das modernidades tão apregoadas nos discursos vazios de conteúdo que vamos ouvindo no dia a dia, mas a verdade é que na parte oriental do Porto, votada ao abandono durante décadas a fio como se não pertencesse à cidade, há algo que, bem ou mal, está a mudar.

No final dos anos 90 foram pensadas para aquela zona três grandes intervenções, com os objectivos do ordenamento urbanístico e da criação de novas acessibilidades: a abertura da Avenida 25 de Abril e a construção de um viaduto sobre a VCI, a ligar a Praça das Flores à Corujeira; a criação de duas alamedas, a de Cartes e a de Azevedo, a partir do nó do Mercado Abastecedor; e a intervenção mais ambiciosa, a do Plano de Pormenor das Antas com o propósito de criar uma nova cidade com funções variadas.


Para aqui previram-se, três mil fogos, dois hotéis, um estádio de futebol, um pavilhão multiusos, um centro comercial, equipamentos de saúde e de ensino, um parque urbano com dez hectares, estacionamento para três mil viaturas e um interface para o metro.

Como as imagens documentam, parte do Plano de Pormenor das Antas está construído mas, a avaliar pelo falta de actualização desde 2002 do sítio da Apor - a Agência para a Modernização do Porto que promoveu estas e outras intervenções -, o equipamento de saúde, o de ensino e o tal parque urbano ficaram pelo caminho, confirmando o imobilismo camarário instalado há quatro anos na cidade.