Foi a 17 de Dezembro de 2004 que surgiu a primeira entrada deste blogue, uma pequena reflexão a propósito de uma fotografia aérea tirada por mim em 1997.
A Cidade Surpreendente apareceu assim, sem anúncio de intenções aos eventuais visitantes deste espaço porque tinha uma existência anterior, na plataforma
Fotolog, onde esteve entre Junho de 2003 e Maio de 2005.

Nessa altura, em 2003, existia apenas um sítio organizado, na Internet, com fotografias do Porto, intitulado
O Porto em Fotografia, de António Amen.
A Cidade Surpreendente foi, então, o segundo sítio na rede destinado à publicação regular de fotografias da nossa cidade. Anunciava-se como um diário dedicado “à fotografia e à veneração da sua essência - a contemplação de imagens estáticas” que considerava ser “um prazer perdido num ambiente poluído por apelos ao movimento”.
O terceiro sítio com o mesmo objectivo foi o
Baixa do Porto, um álbum fotográfico aberto à participação dos visitantes, criado por José Guimarães em Julho de 2003. Este fotologue não deverá ser confundido com
A Baixa do Porto, o popular blogue iniciado por Tiago Azevedo Fernandes em Abril de 2004.
A migração da
Cidade Surpreendente para o
Blogger foi pautada pela perda de visibilidade. No entanto, com a passagem do tempo, começou a haver algum retorno, comentários e
e-mails de visitantes que se manifestavam positivamente sobre o blogue. A primeira grande referência, que fez com que uma autêntica multidão passasse por aqui, veio do
Blasfémias, a que se seguiu outra onda de visitantes, não menor, vinda do
Abrupto.
O blogue diversificou-se com a publicação de pequenas reportagens e crónicas.
Em
A tradição ainda é o que era, aborda-se um antigo fabricante de perucas que continua a trabalhar na Rua do Bonjardim;
Na poeira da memória descreve um armazém tradicional de tecidos, entretanto desaparecido;
Do moinho e da vida mostra-nos um quadro rural aqui bem perto do Porto;
Uma imagem para uma nota do quotidiano portuense relata-nos um
fait-divers da urbe.
Outros exemplos são as abordagens a algumas livrarias da cidade, como a
Latina e a
Lello e a adaptação do filme
Arquitectura do Rabelo, onde se mostra a última equipa de mestres a construir um rabelo pelo processo tradicional, numa praia fluvial.
A par da
Cidade Surpreendente, que não revelava a decadência do centro do Porto, surgiu, em 2006, como factor de equilíbrio, a Outra Face da Cidade Surpreendente que, mais tarde, mudaria de nome para
A Cidade Deprimente. Ali mostra-se o triste estado a que nós cidadãos, mas sobretudo o regime político vigente deixou chegar e mantém, com paninhos quentes, o centro do Porto - uma enorme e extraordinária ruína, fenómeno que, como é sabido, não é apenas portuense.
Creio que ao longo destes cinco anos
A Cidade Surpreendente contribuiu para o aparecimento de outros blogues temáticos sobre cidades e que mudou, na internet, a maneira de olhar - e sobretudo de fotografar - o Porto. Fora da rede foi referenciado sobretudo pela imprensa mas também pela rádio e pela televisão.
A todos os que continuam a passar por aqui, o meus parabéns. O blogue, a um ritmo muito próprio, está para lavar e durar.