Muitos dos habitantes da região do Porto, que frequentam o Parque Urbano da Cidade, talvez não saibam que a intenção de construir naqueles terrenos um parque público- onde conviveram a pequena agricultura e uma seca de bacalhau - remonta a 1934. Só muito mais tarde, em 1952, a Câmara do Porto retomaria esse desígnio, acrescentando ao parque um estádio municipal. Dez anos depois, a ideia do estádio foi abandonada e substituída pela criação de uma piscina pública e de um grande pavilhão de exposições.
Como se sabe o pavilhão de exposições - a Exponor - foi construído noutro local. O parque, tal como o conhecemos hoje, só começou a ganhar forma no início dos anos oitenta, com a encomenda de um estudo à Universidade Nova de Lisboa.

Trata-se de um espaço único, pensado à escala urbana, que ocupa uma área de 85 hectares.

Segundo Francisco Flórido de Carvalho (1), citando Sidónio Pardal, o autor do projecto do parque, «recriou-se [ali] o ideal de natureza, ou seja, uma natureza cultural arquitectada de forma confortável e bela, em que se oculta o desconforto e os perigos da natureza em estado bruto».
Mais adiante, FFC afirma que o parque tem «um sentido ecológico exemplar. Com enormes zonas arrelvadas e abertas, grandes lagos que são residência permanente de cisnes, gansos, patos e poiso ocasional de aves em trânsito (...), é também constituído por pequenos lagos e charcos, que embelezam o terreno e são habitat de numerosos batráquios e insectos. Possui também áreas florestadas de diferentes classes de idade, que proporcionam abrigo a avifauna e pequenos roedores, como é o caso de coelhos e ratos de campo».
«É um espaço que ultrapassa a mera função pulmonar da cidade, porque permite ao visitante, o deslumbramento global dos sentidos através das cores e sombras, odores e das diferentes formas do relevo e acontecimentos [edificados]».
(1) in «Parque Urbano da Cidade do Porto - Recenseamento Florístico, Fase I»