Mostrar mensagens com a etiqueta Vitória. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Vitória. Mostrar todas as mensagens

09 junho 2005

Reflectindo



No início dos anos noventa veio parar-me às mãos, por empréstimo, um álbum com fotografias do Porto tiradas por um cidadão inglês, fotógrafo amador, na última década do século XIX. Entre os inúmeros originais fotográficos havia uma imagem esplêndida, tirada do miradouro da Vitória, que mostrava todo o vale fronteiro à Sé. A curiosidade levou-me a reproduzir a fotografia e a deslocar-me ao local - o largo socalco onde esteve instalada uma bateria de artilharia durante o Cerco do Porto - para observar as diferenças.
Deparei com um edifício de construção recente, um balneário, que sendo útil para a população residente, constitui uma intervenção infeliz por ter tapado parte da vista do miradouro. Como se isto não fosse suficiente para provocar descontentamento, enfeitaram-no com um conjunto de antenas retransmissoras de uma rede de telefones móveis.
O edifício, como muito outros remodelados no centro histórico do Porto, o tal que é património da humanidade, apresenta na fachada oposta à da fotografia um adiantado estado de degradação. Degradação mais próxima do aviltamento que atinge os objectos de consumo que acabam no lixo, e nestes incluo um grande leque que pode ir do automóvel à embalagem tetrapack, do que da serena e respeitável decadência provocada pela marcha implacável do tempo.