30 julho 2009

A favor do Galego... na Galiza


Rosalia de Castro por Barata Feyo, na Praça da Galiza, no Porto.

O texto abaixo é de Joaquim Pinto da Silva, director da Orfeu, Livraria Portuguesa e Galega, em Bruxelas, e um activíssimo divulgador da cultura portuguesa na Bélgica há 25 anos.

A luta pela sobrevivência do galego na Galiza chegou a um ponto sem retorno. Ou a língua se impõe, aproximando-se o mais possível da escrita portuguesa (e mantendo as suas particularidades fonéticas, semânticas e mesmo sintácticas, é claro) ou definhará, morrendo.
Para nós, que sabemos (devíamos saber!) que a nossa língua provem daquela e que a desenvolvemos, afinando-a e enriquecendo-a (pela independência que os de a norte do Minho não conheceram), poderá parecer um combate estranho, mas a realidade é que, na Galiza, perdida a autonomia política há séculos e vendo as suas élites partirem atrás da corte para Madrid (e alguns para Lisboa) e sendo invadidos pelos funcionários do Estado central e da Igreja, castelhanofalantes, a situação da língua foi piorando (sem falar da similitude connosco da emigração, aos milhões, para a América do Sul, Caraíbas, etc).
No século XIX, com Rosalia de Castro, voltou a escrever-se em galego, depois de 5 séculos de oralidade, essencialmente no interior.
Hoje, com as "autonomias" da grande Espanha, a sociedade galega não tem, como a catalã ou a basca, uma burguesia nacional forte e falante da língua. Há ainda o mundo rural e um sector intelectual que pratica a língua. Aliás o número de edições em galego é espantoso, pois o esforço de escritores, editores etc, é grande, mas a língua recua.
As instituições, dominadas por centralistas (afinal o pior dos "nacionalismos" é aquele dos estados centrais), ou nem sequer usam o galego ou não dão importância ao problema.
Nós, portugueses, também ajudamos pouco, pois é comum ver compatriotas a ensaiar o seu "espanhol" em terras da Galiza (a norte do Minho), quando com a nossa língua nos poderíamos fazer entender perfeitamente.
E nao falo aqui, por desnecessário, das vantagens económicas, sociais e culturais que o uso de uma escrita comum traria para Portugal e para o mundo lusófono.
Para os mais assustadiços acrescento aqui que ninguém quer redesenhar fronteiras e que todo o galeguismo, pese as suas diferenças internas, tem uma postura cívica não violenta.
Temos agora a oportunidade de empurrar um pouco a causa do galego - que é, afinal a nossa - assinando o manifesto que se segue e passando-o (e publicando-o) por todos os meios
: http://www.peticao.com.pt/hegemonia-social-do-galego

Joaquim Pinto da Silva

23 julho 2009

Abaixo-assinado contra a demolição do Mercado do Bom Sucesso



Fernando Sá, Presidente da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte, Paula Sequeiros e Pedro Figueiredo, constituem um grupo de cidadãos que decidiu opor-se à demolição do Mercado do Bom Sucesso para que ali se construa um hotel, um «shopping», escritórios e um parque de estacionamento. As formas são de um abaixo-assinado - em que se manifestam contra a incapacidade de gestão do património público revelada pela Câmara Municipal do Porto - e do blogue Mercado do Bom Sucesso Vivo, onde se podem observar fotos de mercados congéneres de Valência, Barcelona, Toulouse, Londres, Hamburgo e Veneza, em plena actividade.

O Mercado do Bom Sucesso é apenas mais um edifício notável posto à venda após a tentativa falhada de destruição do Mercado do Bolhão e do recente negócio do Pavilhão Rosa Mota, que incluiu, no mesmo pacote, a alienação de parte dos jardins do Palácio de Cristal.

A petição, que já assinei, contava ao fim de três dias, segundo o Jornal de Notícias, com 2500 assinaturas entre a internet e as recolhidas em papel.

16 julho 2009

A pérgula da Foz do Douro

No tempo em que a direcção do Público prestava mais atenção ao que se passava no norte do país - fora da baixeza dos jogos políticos que continuam a ser notícia - o jornal publicou, entre 1994 e 1997, uma série de crónicas de Luís Miguel Queirós sob o título geral O Nome da Rua. Essas narrativas formam um excelente, apesar de não exaustivo, guia da toponímia portuense, fruto de muito trabalho de investigação e produto, ainda, da redacção de estalo que o Público tinha no Porto.



Numa delas, dedicada à Rua do Dr. Sousa Rosa, eram-nos prometidas Revelações sobre a origem da pérgula da Foz do Douro. O autor, depois de caracterizar «a zona do Porto a que chamamos genericamente “a Foz”», afirma desconhecer «a data precisa em que a autarquia decidiu evocar nesta rua – que liga a aprazível Praça de Liège à Rua do Crasto – o médico e militar Augusto Sousa Rosa», sendo de crer «que a alteração toponímica tenha ocorrido em 1938, já que foi» naquele «ano que faleceu o homenageado».

As revelações surgem pela pessoa de um neto de Sousa Rosa, nascido várias décadas após a morte do avô, que forneceu informação detalhada sobre aquele que em 1929 assumiu a presidência da Câmara do Porto.



«Logo no seu primeiro ano à frente da gestão autárquica, Sousa Rosa – que residia, e veio a morrer, no número 210 da rua que lhe tomou o nome – promove a construção da pérgula que hoje embeleza a Avenida do Brasil» - diz-nos Luís Miguel Queirós. E continua: «Que esta elegante fiada de colunas erguidas junto às praias ficou concluída em 1931, é informação que vem nos livros. Mas o que poucos saberão é que o seu desenho foi esboçado pela própria mulher de Sousa Rosa (...). Tendo acompanhado o marido quando este foi enviado para França, durante a Primeira Guerra, pôde ali admirar um monumento semelhante, que lhe serviu de inspiração para o seu “ante-projecto” da pérgula portuense.»

Infelizmente o neto do autarca desconhecia a localidade onde a sua avó avistou a pérgula que terá servido de modelo à que hoje existe na Foz do Douro.

05 julho 2009

A Culturgest em Tibães

S. Martinho de Tibães que foi, para além de mosteiro, centro produtor e difusor de culturas e estéticas durante os séculos XVII e XVIII, acolhe, até 22 de Agosto, a exposição De Malangatana a Pedro Cabrita Reis, promovida pela Culturgest, que integra obras de arte da colecção da Caixa Geral de Depósitos.



A primeira referência a este mosteiro data de 1077, no entanto a construção do actual conjunto de edifícios iniciou-se em 1614 prolongando-se, num processo de sucessivas renovações, até 1834 ano em que foram extintas as ordens religiosas masculinas em Portugal. A antiga casa mãe dos mosteiros beneditinos entrou, a partir daí, em lenta degradação que nos anos setenta do século XX acabou na delapidação dos bens do mosteiro e na ruína.
É o Estado que a partir de 1996 recupera aquele espaço belíssimo através do trabalho - e de muita dedicação também - de uma equipa do Instituto Português do Património Arquitectónico, trazendo até nós muito do que estava perdido.



Tibães fica apenas a 9 Km de Braga e a cerca de 45 minutos de viagem do Porto.
Nas fotos podem ver-se o conjunto monumental composto pela igreja e pelo mosteiro, e a sala do capítulo durante a montagem da exposição.