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30 março 2005

Impressões de literatas, viandantes e memorialistas # 3



«Se na nossa cidade há muito quem troque o v por b, há muito pouco quem troque a liberdade pela servidão».

Almeida Garrett

21 dezembro 2004

Memória Recente



A Ponte que Falta na Fotografia

Na altura em que foi colhida esta imagem, em Agosto de 1997, decorria o concurso para o projecto e construção da ponte do Infante, destinada a substituir a ponte Luís I - que ficaria reservada para o metro - como travessia rodoviária do Douro.

No ano anterior, Fernando Gomes, então presidente da Câmara Municipal do Porto, havia anunciado publicamente o projecto de uma ponte metálica, que na tradição da construção das grandes pontes do Porto, seria uma «obra de artista, uma autêntica escultura, de uma leveza impressionante». A ponte anunciada pelo edil, da autoria do arquitecto Adalberto Dias, tinha a particularidade de ser assimétrica, com um único pilar do lado de Gaia. Aí assentaria o tabuleiro em direcção à escarpa das Fontainhas, no Porto. Estava prevista ainda a construção de um tabuleiro inferior, que ligaria as duas margens do Douro.



Este projecto deu origem a uma intensa polémica pública. Matos Fernandes, engenheiro civil, professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, veio a terreiro, classificando a ponte de mamarracho, para colocar no meio de um relvado. E acrescentou que «numa ponte, a forma, o aspecto que ela apresenta, é um ponto
de chegada do projecto e nunca um ponto de partida», aludindo ao facto de os concorrentes à construção da obra, serem obrigados a desenvolver o projecto de engenharia de «uma solução concebida por quem nunca anteriormente projectou qualquer ponte, por mais insignificante que seja».

Adalberto Dias respondeu a Matos Fernandes, referindo que os estudos da ponte tinham sido da responsabilidade de uma equipa pluridisciplinar, que integrou engenheiros civis, de minas, de planeamento e transportes, geólogos, para além da área disciplinar da arquitectura e paisagismo, e que tinham sido acompanhados pelos serviços competentes das câmaras do Porto e de Gaia.

Rivalidade entre engenheiros e arquitectos, ou luta do lobbie das cimenteiras,
a verdade é que Adalberto Dias abandonou a solução da ponte metálica com duas travessias, para concorrer com uma versão em betão, de apenas uma travessia à cota alta. O projecto vencedor - o menos dispendioso para o erário público - foi o do engenheiro Adão da Fonseca, que daria origem à ponte que falta na fotografia,a actual Ponte do Infante D. Henrique.