08 dezembro 2010
03 dezembro 2010
Há algo podre no vale do Tua
«Daniel Conde, no Diário de Notícias (via A Baixa do Porto):
"Há algo de podre no vale do Tua, e não é o fantasma do futuro a trazer um travo a esgoto das águas eutrofizadas da albufeira do Tua.
Há algo de errado quando um Estudo de Impacto Ambiental e um Relatório de Conformidade Ambiental de Projecto de Execução (RECAPE) afirmam numa base científica que a barragem vai ser desastrosa a nível regional e insignificante a nível nacional, mas a barragem avança.
Há algo de errado quando a Linha do Tua tem vindo a ser abandonada ou mesmo mencionada no caso Face Oculta, mas a culpa da má manutenção da via e estações é atirada como que para os próprios utentes que a utilizam. Há algo de muito errado quando um consultor da UNESCO afirma deslumbrado que a Linha do Tua tem todas as condições para ser considerada Património da Humanidade, reiterando o que disse o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Ifespar) sobre o seu valor patrimonial único, mas depois os ministérios do ambiente e da cultura (e depois o próprio Igespar) concluem que nem o vale nem a Linha do Tua têm valor patrimonial ou ambiental algum, arquivando com uma celeridade desconcertante o processo de classificação desta como Património Nacional.
Algo não está bem quando os comboios da Linha do Tua ficam sobrelotados de turistas, quando o Plano Estratégico Nacional de Turismo e o Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte prevêem maravilhas turísticas para esta região, e quando um projecto de turismo ferroviário para a Linha do Tua fica em terceiro lugar num concurso nacional de empreendedorismo, e a CP e a Refer fecham as portas à sua exploração turística.
Algo de muito errado se passa quando com um projecto ferroviário de baixo custo se poria um madrileno em Bragança em duas horas, e nos debates havidos em Trás-os-Montes sobre desenvolvimento ninguém diz uma palavra sobre caminhos-de-ferro.
Muito mal vai o estado da Democracia quando a voz de 18 mil peticionantes contra a construção da barragem do Tua e a favor da reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua, defendendo inclusivamente métodos alternativos mais baratos e mais eficientes de produção e poupança de energia, não é ouvida ou não é suficiente para calar a de meia dúzia de indivíduos mal intencionados e de carácter duvidoso.
A lista de incongruências, atropelos, e laivos de actividades amplamente contempladas no Código Penal avoluma-se. Vagas de estudos científicos e pareceres de especialistas - de entre os quais UNESCO e Comissão Europeia - que apontam um severo dedo à barragem do Tua e coroam de louros o vale e a Linha do Tua, esboroam-se com um rumor de espuma do mar contra sabe-se lá que perigosos rochedos e contracorrentes.
Chegados a este ponto é lícito perguntar: em que mundos vive o Ministério Público e a PJ, ou será que o vale e a Linha do Tua é que já não pertencem a este mundo? Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto fede...»
"Há algo de podre no vale do Tua, e não é o fantasma do futuro a trazer um travo a esgoto das águas eutrofizadas da albufeira do Tua.
Há algo de errado quando um Estudo de Impacto Ambiental e um Relatório de Conformidade Ambiental de Projecto de Execução (RECAPE) afirmam numa base científica que a barragem vai ser desastrosa a nível regional e insignificante a nível nacional, mas a barragem avança.
Há algo de errado quando a Linha do Tua tem vindo a ser abandonada ou mesmo mencionada no caso Face Oculta, mas a culpa da má manutenção da via e estações é atirada como que para os próprios utentes que a utilizam. Há algo de muito errado quando um consultor da UNESCO afirma deslumbrado que a Linha do Tua tem todas as condições para ser considerada Património da Humanidade, reiterando o que disse o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Ifespar) sobre o seu valor patrimonial único, mas depois os ministérios do ambiente e da cultura (e depois o próprio Igespar) concluem que nem o vale nem a Linha do Tua têm valor patrimonial ou ambiental algum, arquivando com uma celeridade desconcertante o processo de classificação desta como Património Nacional.
Algo não está bem quando os comboios da Linha do Tua ficam sobrelotados de turistas, quando o Plano Estratégico Nacional de Turismo e o Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte prevêem maravilhas turísticas para esta região, e quando um projecto de turismo ferroviário para a Linha do Tua fica em terceiro lugar num concurso nacional de empreendedorismo, e a CP e a Refer fecham as portas à sua exploração turística.
Algo de muito errado se passa quando com um projecto ferroviário de baixo custo se poria um madrileno em Bragança em duas horas, e nos debates havidos em Trás-os-Montes sobre desenvolvimento ninguém diz uma palavra sobre caminhos-de-ferro.
Muito mal vai o estado da Democracia quando a voz de 18 mil peticionantes contra a construção da barragem do Tua e a favor da reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua, defendendo inclusivamente métodos alternativos mais baratos e mais eficientes de produção e poupança de energia, não é ouvida ou não é suficiente para calar a de meia dúzia de indivíduos mal intencionados e de carácter duvidoso.
A lista de incongruências, atropelos, e laivos de actividades amplamente contempladas no Código Penal avoluma-se. Vagas de estudos científicos e pareceres de especialistas - de entre os quais UNESCO e Comissão Europeia - que apontam um severo dedo à barragem do Tua e coroam de louros o vale e a Linha do Tua, esboroam-se com um rumor de espuma do mar contra sabe-se lá que perigosos rochedos e contracorrentes.
Chegados a este ponto é lícito perguntar: em que mundos vive o Ministério Público e a PJ, ou será que o vale e a Linha do Tua é que já não pertencem a este mundo? Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto fede...»
02 dezembro 2010
19 novembro 2010
17 novembro 2010
15 novembro 2010
05 novembro 2010
As Quatro Estações
(de Marques da Silva)
A Primavera...
...o Verão...
...o Outono...
...e o Inverno...
...no número 100 da Rua das Carmelitas.
A Primavera...
...o Verão...
...o Outono...
...e o Inverno...
...no número 100 da Rua das Carmelitas.
01 novembro 2010
Um abraço para António Rebordão Navarro
Um abraço para António Rebordão Navarro é o título da homenagem, promovida pela Sociedade Portuguesa de Autores, que decorrerá no Museu Nacional de Soares dos Reis, quarta-feira, 3 de Novembro, pelas 18h30.
Sobre Rebordão Navarro, que nasceu no Porto em 1933, diz-nos o sítio As Tormentas: foi director da revista Bandarra, fundada pelo pai, o escritor Augusto Navarro, em 1953, e da revista Notícias do Bloqueio. Na sua obra ficcional, repartida pelo romance, conto e impressões de viagem, retrata ambientes de província, caracterizados pela opressão e pela estreiteza de horizontes. Disso são exemplo os romances Um Infinito Silêncio (1970), que descreve aspectos da vida portuense ou ambientes bizarros e exóticos, como Macau, e As Portas do Cerco (1992).
Na sua obra, Rebordão Navarro apresenta quase sempre uma visão sarcástica e irónica da realidade. A sua poesia, reunida no volume A Condição Reflexa (1989), recorre constantemente à vivência do quotidiano, a que não é alheia a influência do neo-realismo da década de 50, altura em que António Rebordão Navarro publica os seus primeiros livros de poemas. Dedicou-se também à escrita de peças teatrais, das quais se destaca O Ser Sepulto (1995), peça que denota a influência do teatro do absurdo. Outras obras importantes do autor no domínio da ficção são as narrativas O Discurso da Desordem (1972), O Parque dos Lagartos (1982), Mesopotâmia (1985, Prémio Miguel Torga), Praça de Liège (1988, Prémio Círculo de Leitores), Dante Exilado em Ravena (1990) e Parábola do Passeio Alegre (1995).
Na homenagem participam José Jorge Letria, João Lourenço, Célia Vieira e Helder Pacheco. Haverá leituras pelo actor António Durães, e música a cargo da pianista Sofia Lourenço e da soprano Maria João Matos.
Sobre Rebordão Navarro, que nasceu no Porto em 1933, diz-nos o sítio As Tormentas: foi director da revista Bandarra, fundada pelo pai, o escritor Augusto Navarro, em 1953, e da revista Notícias do Bloqueio. Na sua obra ficcional, repartida pelo romance, conto e impressões de viagem, retrata ambientes de província, caracterizados pela opressão e pela estreiteza de horizontes. Disso são exemplo os romances Um Infinito Silêncio (1970), que descreve aspectos da vida portuense ou ambientes bizarros e exóticos, como Macau, e As Portas do Cerco (1992).
Na sua obra, Rebordão Navarro apresenta quase sempre uma visão sarcástica e irónica da realidade. A sua poesia, reunida no volume A Condição Reflexa (1989), recorre constantemente à vivência do quotidiano, a que não é alheia a influência do neo-realismo da década de 50, altura em que António Rebordão Navarro publica os seus primeiros livros de poemas. Dedicou-se também à escrita de peças teatrais, das quais se destaca O Ser Sepulto (1995), peça que denota a influência do teatro do absurdo. Outras obras importantes do autor no domínio da ficção são as narrativas O Discurso da Desordem (1972), O Parque dos Lagartos (1982), Mesopotâmia (1985, Prémio Miguel Torga), Praça de Liège (1988, Prémio Círculo de Leitores), Dante Exilado em Ravena (1990) e Parábola do Passeio Alegre (1995).
Na homenagem participam José Jorge Letria, João Lourenço, Célia Vieira e Helder Pacheco. Haverá leituras pelo actor António Durães, e música a cargo da pianista Sofia Lourenço e da soprano Maria João Matos.
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