No final da tarde, quando o fotógrafo disparou o obturador da máquina fotográfica e registou o instantâneo que hoje aqui trago, o bulício que caracterizava o Cais da Ribeira no início do século XX, tinha acalmado. Duas mulheres caminham a passos largos, enquanto outra entra inopinadamente no plano da imagem.
Nas arcadas do muro da Ribeira distinguem-se inscrições (se clicar na imagem vê-la-á maior) de uma mercearia e de uma loja de vinhos e tabacos. Um carro de bois cruza-se com um homem que transporta uma vasilha de lata à cabeça. Há algumas crianças na imagem, mas o grupo preponderante é composto por mulheres que se apresentam maioritariamente descalças. Uma varina, de costas, com a canastra entre as mãos, deixa ver a rodilha na cabeça. Ao fundo, o maciço rochoso do Codeçal cai abrupto diante da Ponte Luís I, quase ocultando a passagem do cais para aquela travessia para Gaia. Esta massa granítica viria a ser desmontada aquando da abertura do túnel da Ribeira, nos anos 40-50 do século passado.
A fotografia, digitalizada a partir de um negativo de vidro no formato 9x12 cm, foi adquirida numa banca de rua a alguém que a atribuiu a José Antunes Marques Abreu, o artista gráfico que, nascido em 1879 no concelho de Tábua, chegou ao Porto em 1893 e aqui faleceu em 1958, após um percurso profissional notável na área das artes gráficas.
09 janeiro 2012
31 dezembro 2011
24 dezembro 2011
22 dezembro 2011
20 dezembro 2011
16 dezembro 2011
09 dezembro 2011
21 novembro 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)