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O Porto visto do alto - VII

Em 1951, a propósito da inauguração do Palácio Atlântico, o escultor Barata Feyo (1899-1990), então professor na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, enumerou, num pequeno escrito, aquilo que considerava ser o património artístico da Praça D. João I. Referia, então, a decoração do Teatro Rivoli, do escultor Henrique Moreira (1890-1979); os baixos-relevos policromados de João Fragoso (1913-2000) no Café Rialto, que deu lugar a um banco; os frescos alusivos às artes, de Dórdio Gomes (1890-1976) e Guilherme Camarinha (1912-1994), no mesmo café; um «desenho de grandes proporções e precário colorido» que encheu uma das paredes do Rialto, de Abel Salazar (1989-1946) e, por fim, a «cerâmica colorida e requintada» com que Jorge Barradas (1894-1971) decorou a entrada e o pórtico do edifício. Não era pouco para uma praça que nem sequer é grande.

Jorge Barradas foi escolhido para desenvolver aquele trabalho por Artur Cupertino de Miranda (1892-1988), o fundador, nos anos 40, do Banco Português do Atlântico e impulsionador da construção do Palácio Atlântico, onde o banco teve a sua sede, num tempo em que havia poder económico e financeiro na cidade.

As dimensões do Palácio Atlântico impuseram-se de tal modo que acabaram por ditar, em conjunto com a inclinação do terreno, o desenho da parte central da Praça D. João I, com o socalco onde assenta a colunata limitado por dois pedestais - que suportam os corcéis esculpidos mais tarde por João Fragoso - e duas amplas escadarias laterais com dois lanços, formando uma espécie de concha.

Nas imagens vê-se o Palácio Atlântico, com a fachada remodelada, donde desapareceram os azulejos de revestimento criados por Jorge Barradas, e a Praça D. João I despida de gente pelas 18h00 de um dia de Janeiro, hora que há alguns anos seria considerada «de ponta», o que significa que a praça estaria a ser atravessada por milhares de pessoas no vai e vem diário do final de um dia de trabalho.