24 outubro 2009

Porto



Porto

Portu
gal de cinza e pedra, crista
de rio e mar. Canto (de pe
dra, ainda) escuro (escura).
garra de
semânticas asas. Porto
e navio de âncoras
erguidas,
soterradas.

Porto 2

Coração que do rio
o sangue e a música retira.
gaivota de pedra,
navio
e lira.

Albano Martins

14 outubro 2009

O Arco de Sant'Ana

Almeida Garrett lamenta assim, n' O Arco de Sant’Ana, a demolição, em 1821, daquele monumento que conhecera na meninice:

Caíste tu, ó arco de Sant’Ana, como, em nossos tristes e minguados dias, vai caindo quanto há nobre e antigo às mãos de inovadores plebeus, para quem nobiliarquias são quimeras, e os veneráveis caracteres heráldicos do rei-de-armas-Portugal língua morta e esquecida que nossa ignorância despreza, hieroglíficos da terra dos Faraós antes de descoberta a inscrição de Damieta! – Assentaram os miseráveis reformadores que uma pouca de luz mais e uma pouca de imundície menos, em rua já de si tão escura e mal enxuta, era preferível à conservação daquele monumento em todos os sentidos respeitável.



O arco ficava numa das portas da muralha românica, na actual Rua de Santana. Tinha ao centro, na face voltada para a Igreja dos Grilos, um oratório coberto por uma vidraça onde se venerava uma imagem da Santa. O acesso ao oratório era feito através de uma porta aberta na parede da muralha que servia de encontro ao arco. É nessa entrada, hoje convertida em nicho, que a população da Sé venera uma imagem de Santa Ana com S. Joaquim, dando continuidade a um culto que remonta, pelo menos, ao século XVI.