25 agosto 2005

Arquitectura do Rabelo

A Arquitectura do Rabelo é o título de um estudo do prof. arquitecto Octávio Lixa Filgueiras, que serviu como roteiro para um filme documentário produzido por José Monteiro e realizado por Vítor Bilhete. Este documentário correspondeu talvez à última oportunidade de fixar imagens para o futuro, de uma tradição hoje perdida: a construção de um barco rabelo por um dos últimos mestres calafates do rio, já desaparecido, com alguns artífices que com os mestres trabalharam.

O processo decorreu em absoluto respeito pelo método nórdico de carpintaria naval, ou seja a formação do casco antes da montagem das cavernas. Sem máquinas, apenas com o esforço humano, e sem moldes, as formas foram obtidas a partir de medidas básicas tradicionais, o gosto do artista e a prática de muitas gerações.

As filmagens decorreram entre Junho e Agosto de 1991 em vídeo e em película de 35mm. Infelizmente não houve suporte financeiro para a montagem da versão cinematográfica, que se mantém em negativo.
A versão DVD pode ser adquirida na Sinalvídeo, a quem pertencem os direitos das fotografias aqui exibidas, por correio electrónico para: correio@sinalvideo.pt .

Comecemos então pela apresentação dos «artistas-artesãos-figurantes» como lhes chamou Lixa Filgueiras, autor do guião aqui adaptado livremente.



0 mestre Arnaldo Pereira, então com 80 anos, natural de Avintes, construtor de barcos valboeiros utilizados na pesca e transporte no troço final do rio Douro;

Júlio Pereira, natural de Avintes, era o mais novo, com 59 anos, filho do grande construtor Alfredo Francisco, irmão do mestre Arnaldo e de profissão carpinteiro de valboeiros e barcos de pá;

Manuel Monteiro, nascido em Bitetos, então com 71 anos, filho de João Rouquinho, célebre arrais do Vinho do Porto, e ele próprio marinheiro de barcos rabelos e barquinhas;

Miguel da Silva, de Santiago, Melres, tinha 62 anos; antigo marinheiro e pescador do rio, além de carpinteirar foi o cozinheiro deste grupo;

Arnaldo Vieira, da praia da Areja, com 60 anos, arrais de rabões, barqueiro e pescador do rio funcionou como ajudante do mestre.



O local escolhido para a construção do barco foi o areio da Lomba, a poucos quilómetros do Porto, devido à importância do trabalho se realizar num espaço aberto e amplo, permitindo o acerto a olho do apuramento das formas do casco e a fruição da própria vida do rio.

Geralmente não havia estaleiros fixos. Os barcos construíam-se nas praias junto às povoações dos clientes que se entendiam com os mestres acordando as condições: o tipo e o tamanho do barco medido em pipas; à jorna ou por ajuste de preço; com ou sem fornecimento de materiais ou de comida.



Se o mestre era de fora e trazia alguns ajudantes, montavam uma barraca onde se instalavam. A comida era cozinhada no próprio local da obra.



Contratada a obra por ajuste de preço, o mestre Arnaldo escolheu as árvores que lhe convinham para a madeira necessária.



Inicia-se a construção do rabelo pelo fundo chato - o sagro, estrado lenticular alongado constituído por número impar de pranchões de 4 cm de espessura. As tábuas pregam umas às outras, de encosto, de modo a que o fundo seja autêntico fundo de prato, ao contrário do dos barcos do troço final do rio, cujos fundos são de tábua trincada.

Passada uma corda a meio do estrado donde sairá o sagro, marcam-se os terços - na verdade uma divisão em quatro partes iguais - e nessas marcas estabelecem-se as larguras simetricamente, com a ajuda de um compasso ou dum sarrafo.



Estas marcações e o contorno do sagro são feitas com a linha batida. A linha é embebida em água e impregnada com pó de cortiça queimada, permitindo a marcação directa. É de salientar a perícia com que o mestre consegue realizar alinhamentos curvos por este processo.



Depois de serrado o contorno do sagro e feito um primeiro solinhado - corte oblíquo no rebordo exterior - pregam-se as travessas que o mantêm solidário.



Começam então a cravar as estacas do picadeiro. 0 picadeiro é formado por uma série de estacas cravadas no chão e acertadas em altura de modo a que o sagro apresente o perfil desejado.



0 sagro acaba por ser transportado para cima do picadeiro. Em caso de necessidade usavam-se pedras ou sacos de areia para o sujeitar ao perfil definido pelas estacas.



Segue-se o traçado - batendo a linha -,feitura e montagem das oucas, as peças de reforço interior, da proa e da popa. A sua colocação nas extremidades do sagro obriga a várias verificações: as alturas são tomadas nos extremos do sagro, para as linhas estendidas dos terços aos extremos dos bicos; o acerto a olho e de longe do perfil do conjunto do sagro mais oucas, ou seja o próprio perfil do barco; o alinhamento e acerto no plano vertical, a partir da linha estendida de proa à popa, de onde se tiram os prumos. Assim, as oucas ficam mantidas na devida posição, com as estacas sustidas por pernas.



0 sagro, consolidado com travessas de reforço provisórias, vai começar a ser urdido. Urdir o barco é vesti-lo com o tabuado dos costados. As primeiras tábuas são as biqueiras, uma a cada bordo - peças triangulares a formar o rodo, à proa, abraçam a ouca pelo exterior e terminam no terço de vante.
Repare-se no ajuste das tábuas que têm que ficar empenadas, tomando a forma com a ajuda de paus que funcionam como alavancas.



A própria configuração da parte superior das biqueiras é acertada no sítio, batendo-se a linha.
As biqueiras sobrepõem-se ao solinho - corte oblíquo no rebordo exterior - do sagro e são por sua vez solinhadas para receberem a primeira fiada corrida, também chamada primeiro solinho. 0 primeiro solinho é constituído por três peças a cada borda.
Monta-se a primeira à proa, segue-se a de ré e finaliza-se com a do meio, que remata o conjunto.



As fiadas corridas - o primeiro solinho, o segundo solinho e as corridas - não são inteiriças. As peças que as constituem ficam ligadas por uniões de escarva lavada contrafiadas para dar mais segurança aos costados.
É sempre o mesmo sistema: tábua a um bordo, tábua a outro, borda trincada, emendas com uniões de escarva, acerto à linha do bordo superior de cada fiada, solinhados, etc.



A última fiada, a faísca, não é completa, porque a curva da boca em perfil permite que vá de fora a fora.



Urdido o barco, isto é, modelado o casco e mantida a sua forma por estacas exteriores e travessas interiores, passa-se à operação seguinte: a de acavernar.



Obviamente tem de marcar-se primeiro a localização das cavernas. Parear o sagro chama-se à divisão do sagro em partes iguais, feita através do seu eixo longitudinal e correspondente ao espaçamento das cavernas. A primeira fiada de pipas nelas assenta directamente.
Compreende-se por isso a importância desta fase. Dela depende a boa arrumação da carga, a própria lotação do barco. Daí a palavra rumo, que corresponde ao comprimento de uma pipa medida. De facto ao disporem-se as pipas longitudinalmente, tampo contra tampo, cada uma deve assentar em duas cavernas sucessivas, sobrando para cada lado o espaço de um quarto de pipa igual a meio casal, sendo o casal o espaço entre cavernas correspondente a meia pipa. Este era o sistema tradicional dos barcos grandes que podiam transportar oitenta pipas em quatro camadas.



Não há paus que as façam inteiras, às cavernas. Nos barcos antigos, uma pernada em L, a caverna mestra, era completada com o pegão, unido de aparo e cintado com arco de pipa. Daí o assentamento alternando os pegões a uma e outra borda do barco. Como vemos neste caso a construção foi-se aligeirando; cada caverna tem um pegão a cada lado o que torna mais frágil a estrutura. 0 acerto das cavernas e pegões é feito directamente no casco.



Após a colocação destes reforços transversais interiores passam a tratar dos reforços de bordadura, ou seja das guarnições. A borda é cintada por fora com os verdugos, terminados à proa e à ré pelos curvatões, e no interior com as dragas. Muitas vezes usavam o fogo para encurvar estas pecas.



Interiormente as dragas inteiriças, ficam sujeitas às estameiras - cavernas especiais mais altas e reforçadas - e são presas solidariamente aos verdugos por meio de tornos de madeira, feitos no local.
Os tornos saem de pedaços de carvalho, cortados a machado e afeiçoados a enxó. Introduzidos nos orifícios, abertos com o trado de fora a fora, isto é abarcando os verdugos, as cavernas e a própria draga. Apertados a malho, ficam travados com as cunhas, nos extremos mais afilados, cravadas de fora para dentro.



0 coqueiro - o coberto à ré - depois de pronto sobrepõe-se parcialmente a um estrado - a chileira de ré - onde a tripulação dormia e cujo espaço interior constituía a despensa de bordo, e por isso era tapada à frente.



Enquanto no barco se acaba a chileira de ré, cá fora tratam de afeiçoar a chumaceira - um cepo de freixo ou sobreiro - onde trabalhará a espadela - o remo de governo do barco. Acabada essa peça, ela é montada de encaixe na popa, sobre a ouca.



Observa-se igualmente a pré-montagem dos escamões, os pilares das apègadas - a plataforma elevada de acesso à espadela - e a preparação da carlinga, onde entrará, na respectiva pia, o pé do mastro.



E já se começa a preparar a praia para tombar o barco. Este é aliviado de todas as peças móveis. A operação de tombar é feita com a ajuda de bois que vão accionar as jangadas de polés de duas rodas. Os cabos destas polés são passados do barco, isto é das dragas, para uma estacada aonde se orde o aparelho de forca.



A operação de tombar é muito delicada pois exige uma boa coordenação do esforço das juntas de bois.



0 barco vai apinando, enquanto os carpinteiros esperam o momento de lhe enfisgar os pranchões, mal ele abata um pouco, depois de ter atingido o ponto cimeiro da viragem. Depois regula-se-lhe a inclinação, cavando a terra sob os apoios, que por fim assentarão em soleiras.



Procede-se à tosa do costado, batendo a linha ao longo das fiadas. Reprega-se tudo por fora, ficando as pontas dos pregos reviradas. O sagro é preso às cavernas com cavilhas de ferro. Tudo isto é feito ao longo do casco, trepando os carpinteiros em banquetas ou madeiros, pendurados como andaimes.



Para a calafetagem, preparam a estopa em rolos, que depois vai ser metida nas juntas com os ferros - os grafetos - accionados por meio de macêtas. Quando o casco não é novo, usam latinhas com água para limpar os restos do calafete anterior.



Depois de calafetado, o casco será embreado com pez louro, a que se adiciona um pouco de gordura de carneiro para correr melhor. Esta mistura é aquecida em panelas de ferro de três pés, e aplicada com escopeiros - uma espécie de pincéis feitos com pele de carneiro. Procede-se à embreagem pelo exterior e posteriormente por dentro do barco, o que vai exigir nova operação - o botar abaixo.



Nada de gado, unicamente gente a botar abaixo: os que pegam aos cabos das polés das jangadas para lascar o barco e os que, de lombos aos costados, amortecem o peso e o andamento da bisarma. Para botar abaixo usam uma escora que serve de alavanca, empurrando a parte média da borda livre do barco, conforme vai sendo accionada por um aparelho de força, que a desloca em direcção ao casco. Para muitos, o botar abaixo constitui espectáculo mais lindo do que o tombar.



Já com o barco no chão, procedem à calafetagem e embreagem por dentro, posto o que, o lançam à água de imediato.

No lançamento à água era costume enfeitar a proa com festões de papel ou ramos de flores e a popa com ramos de oliveira. Também se usava que o arrais obsequiasse o mestre carpinteiro e os seus auxiliares com uma oferta de vinho, o que constituía uma prova de apreço, em que se comiam as azeitonas e as bolachas que completavam o festão colocado à proa. Depois da festa, voltava-se de novo ao trabalho.



0 barco no rio, e continuam as andanças. Estamos agora nas montagens definitivas. Põem-se de novo os escamões - dois e não três a cada lado, porque se trata de uma barquinha rabela e não de um rabelo. Os escamões vão enfisgar por entre as dragas e o casco, e ficam contraventados pelas travessas de dentro e pelas travessas de fora, estas encimadas pelas pèjadeiras.
Sobre as pèjadeiras apoiam-se as apègadas, isto é, o próprio estrado onde se manobra a espadela. Entremeado de capas para se firmarem os pés dos pèjadores, estruturam-no o travessão da frente e a cal, esta tendo por baixo a tábua do pão.



Por esta altura, deitadas abaixo as árvores convenientes e transportadas para a praia, vão tratar do amanho da espadela - o remo de governo. Compõe-se este de três partes principais: a emenda apontando para a frente as ganchas da mão; a haste que remata atrás no paíl; e o quiço, assentando na mesa que serve de apoio e de base alargada, com o furo para o tornel - o eixo de rotação.



Ao lado vão formando a vela quadrada, debruada pela relinga.



Entretanto a verga, que suporta a vela, e o mastro já se encontram prontos e a espadela ocupa o seu lugar sobre a chumaceira. Ao porem à prova a espadela vão determinar o acerto definitivo da altura das apègadas.

A obra chegou ao fim. Resta ver a armação do barco.



Para não fugir à frente, puxada pela vela, sujeitam a verga ao mastro com as troças e respectivas polés. A vela, de pano cru, tem um reforço de cercadura -a relinga e é amarrada à verga com os invergues.
Os cabos de manobra da vela, incluem as escotas - ou cotas deitadas às dragas; os arrincabens de abrir a vela; e para bracear, presos aos punhos da verga, os braços.
Finalmente, o espiadoiro da vela é um pequeno aparelho que iça a vela a meio, de modo a permitir que se mantenha livre a vista para a proa, para poder governar.



Quando o barco novo se preparava para trilhar a senda do seu destino, o que tinha pela frente era uma vida de trabalho, de canseiras e de perigos...

Hoje que os novos meios de transporte acabaram com esta embarcação tradicional, o uso que dela fazem é de cartaz das casas de Vinho do Porto.

Amarrados do lado de Gaia, recordam aos turistas uma das mais épicas histórias do rio Douro. Mas durante um dia de festa - o de S. João - a cidade vive de novo a emoção do grande espectáculo das regatas dos rabelos, uma forma talvez um tanto artificial, mas defensável, de guardar uma das suas memórias mais queridas.

67 comentários:

António Conceição disse...

Bela reportagem!
Feita concerteza há muitos anos, quando ainda havia madeira nas nossas florestas.

Anónimo disse...

Reportagem perfeita e minuciosa, perfeitamente integrada para o objectivo a atingir.Parabens

PR disse...

continua?

ainda bem...

isabel mendes ferreira disse...

e
x
c
e
l
e
n
t
e.bjo.

Carlos disse...

Um post didáctico!

Anónimo disse...

é fascinante o documentário. As fotografias falam por si. Valeu a pena ter madrugado hoje, pela qualidade do que vi aqui. Parabens!

Anónimo disse...

Carlos,

Sempre surpreendente, belo trabalho.

Vera Diana

Ricardo disse...

Viva,

Simplesmente fenomenal! Estou ansioso para ver a continuação. As fotografias estão magníficas!

Abraço,

zero disse...

excelente contributo. parabéns!

j.c.pereira disse...

Bravo !

th disse...

na Sebenta faço menção a este extraordinário post, que para além de me maravilhar, me emocionou, tripeira sendo e longe habitando. OBRIGADA! theo

A. disse...

Fabuloso este post.
Beijinhos com tantas saudades dessa caras e de tudo que por aqui falta.

Anónimo disse...

Ola, Carlos. Qto tempo!Estou na semana da apresentação de minha tese a Banca examinadora, será dia 02 proximo.Como estás? Parabens mai uma vez. Excente documentário e eu cada vez mais babada com tua excelencia. Abraços de São Paulo

1entre1000's disse...

Impecável, excelente!!!

Anónimo disse...

A d o r e i ! Não há mais palavras... :) Beijinho *

th disse...

Pois não sei se foi a ti a pessoa a quem falei de Emyl Biel (o fotógrafo dos Reis)e de quem é a foto acima, antepassado de meu ex-marido e meus filhos e cujo apelido ainda uso, a pedido deles.
Documento precioso este que vou recomendar a todos. Um beijo, Teodora Biel

José Augusto Macedo do Couto disse...

FANTÁSTICO E MARAVILHOSO!

Eu sei que Parabéns, sabe a muito pouco (mas é o que tenho para dar) por este

EXCELENTÍSSIMO, RIGOROSÍSSIMO e BELO

trabalho.

Obrigado, Carlos Romão.

Macedo do Couto
Porto

http://jamcouto.blogspot.com

Anónimo disse...

Hoje resolvi escrver...Este é realmente 1 blogue com muito nível e de grande valorização da cidade do Porto. Quando estou desiludida e afectada por visões desencantadas que capto pela cidade, venho até aqui...beber algum encanto, sobretudo pela imagem!
Obrigada pela partilha deste espaço de qualidade.

Ricardo disse...

Viva,

Nem sei o que diga... está mesmo excelente esta sequência. Já lhe dei um pouco de destaque no meu blogue porque está mesmo genial!

Abraço,

Rui MCB disse...

Chego aqui pela primeira vez a 'convite' da Rua da Judiaria e em boa hora por aqui passeia. Parabéns e obrigado!

Uri disse...

Olá Carlos!

Não tenho palavras... por asim dizer não sei o que dizer.
Em catalão seria "és collonut"... mais o meu dicionario não tem este palavrão... ;-)
As minhas filhas tambem gostaram muito deste post.

Salut!

Anónimo disse...

Um blog excelente. E a Arquitectura do Rabelo aqui revelada só prova que nos blogues portugueses não há só porcaria ou sensaborias.

Chris disse...

Nossa! Que trabalheira que dá fazer um barco.
Adorei saber como se faz.
[]'s
Chris

Anónimo disse...

Surprendentemente belo. Um grande obrigado ao Toix do Lusofolia por me dar a conhecer este blog. E um grande abraço a quem o faz. Link obrigatório.

Carla de Elsinore disse...

belíssimo trabalho. nem só a cidade surpreende. um abraço de elsinore.

sabine disse...

Não conheço praticamente o Porto. Obrigado pelo que me mostras. Este documentário sobre o barco rebelo está 200%!

Poor disse...

Que experiência incrível, Carlos!E as imagens falam por si!
Incrível!Mesmo!
beijinhos
Já cá estou...

Anónimo disse...

Parabens pelo trabalho. Conheço tês dos artistas apresentados, sendo natural da aldeia onde dois deles viviam( penso que dos três só um é vivo e totalmente incapacitado numa cama) e detecto um erro na descriçãodos personagens. Júlio Pereira aparece descrito duas vezes, faltando assim o nome do ultimo homem: Arnaldo Barbosa, natural de Melres, homem de vários oficios, filho de agricultores, de quem se contavam histórias "fantásticas" sobre a forma como conseguia lidar com os animais ( bois, cães, etc..), tendo sido barqueiro ( marinheiro de barcos rabelos), mineiro etc. Tal como Manuel Monteiro( mais conhecido por Rouquinho) e provavelmente como os outros com excepção do mestre, não era carpinteiro, mas entre as várias actividades que tinham tido na vida reparador de barcos valboeiros, muito semelhantes na forma de construção aos rabelos.

Carlos Romão disse...

Caro Anonymous,
há de facto um erro (de copy/paste porque o texto foi primeiro escrito no Word) na descrição dos artífices.

Não refiro a identidade do Sr Arnaldo, que conheci pessoalmente em 1991. No guião do filme ele aparece descrito como "Arnaldo Vieira, da praia da Areja, com 60 anos, arrais de rabões, barqueiro e pescador do rio". Irei corrigir de imediato.

Quanto à identificação do Sr. Manuel Monteiro está certa uma vez que não o refiro como carpinteiro.
Obrigado pelo comentário, tão oportuno.

Anónimo disse...

Ca esta um excelente serviço para o país

O meu obrigado

José Fernandes dos Santos disse...

Magnífico post e excelentes fotografias!!! Além do mais vale ainda a valorização da cidade do Porto (onde cresci e vivi até 1956). Parabéns é insuficiente mas é o que posso dar!
José Santos
http://www.fotografiaexadres.blogspopt.com

Anónimo disse...

Espero que o amigo tenha tempo para ler todos estes comentários, pois quero cumprimenta-lo pelo excelente blog e por este belíssimo trabalho sobre os rabelos. O meu abraço estende-se também ao arquitecto, aos autores do filme e obviamente aos artesãos. Entretanto fiz um link no meu blog, muito obrigado.

Carlos Romão disse...

Caro Toix
Com certeza que tenho tempo para ler todos os comentários. Por vezes não sobra é tempo para responder individualmente a cada um deles.
Aproveito para deixar um agradecimento colectivo: a todos o meu obrigado pelo entusiasmo com que reagiram a este post.

Anónimo disse...

Magnífico... este post es soberbio.

Nuno Dempster disse...

Nem precisava de palavras. Não me lembro na blogosfera de imagens assim belas que tanto me tocassem.

Teófilo M. disse...

Será que a RTP ou a Dois não têm verbas para dar a conhecer um documentário destes.

Nem quero pensar que é por ser um barco do Norte...

Belíssimas imagens, quer as da construcção do rabelo, quer as que inundam este 'blog'.

Não será isto o verdadeiro serviço público.

Obrigado.

Teofilo M.

Gatuno disse...

cuidado com esses tunings... ainda pega a moda sobre agua

Anónimo disse...

Mais um excelente documento apresentado pelo autor deste blog VITAL!

Anónimo disse...

acho q essencial é a parte da sardinhada e do binho ;)

Anónimo disse...

Desde que, em errâncias várias, descobri CS tenho sido assídua e quase sempre silenciosa visita. Hoje não posso, não devo, calar a minha gratidão por este extraordinário trabalho. Bem haja.
Abraço. T.

Unknown disse...

muito bem conseguida... era bom ue todas as coisas que usamos continhassem a ser feitas manualmente.. mas não é assim...

Anónimo disse...

Maravilloso trabajo.
El de ellos y el suyo.
Obrigado.

Anónimo disse...

Eu trabalho em barcos rabelos, mas é de admirar a obra que estes srs. fizeram. A descrição e as fotos estão fantásticas.

Parabéns a todos os participantes. Já agora, o que é feito da embarcação?

Felicidades e muita saúde pra todos

Anónimo disse...

Irina Martins,
a embarcação esteve durante alguns anos, com publicidade da empresa que patrocinou a construção, acostada no cais de Gaia. Com o passar do tempo acabou por apodrecer. Tanto quanto sei, terá sido o último rabelo construído pelo método tradicional.

Anónimo disse...

Adorei, meus parabéns por este trabalho.

Anónimo disse...

Ces images sont très belles.
Le lien m'a été transmis par un ami portuguais.
Depuis une vintaine d'années, j'ai visité déjà plusieurs fois Porto et c'est une ville que j'aime beaucoup.

Anónimo disse...

Deixe que lhe enderece os meus sinceros parabéns... ainda estou de boca aberta pela agradável surpresa que foi ver este artigo e a sequência maravilhosa de uma tradição lusa. PARABÉNS e saudações Alentejanas.

nunofigueiredo disse...

eu que sou de gondomar, desconhecia completamente que na lomba assim se fazia.
fantastico!

tmc disse...

Parabéns! mto bom!

Anónimo disse...

muitas palavras para k ? tá simplesmente excelente.

Anónimo disse...

Parabéns.
Um trabalho a não perder.
Recomenda-se.

Anónimo disse...

Trabalho extraordinário e meticuloso, verdadeiramente didáctico. Serviu de apoio a um modelista françês na construção de uma maqueta do Rabelo.
Inclui no meu BLOG
http://oliveiraoctavio.blogs.pt/
um link pue permite a sua visualização.Há só um senão...porque não uma versão em inglês e outra em françês para puder ser mais divulgado?
Os meus parabens
oliveira.octavio@sapo.pt

Antonio disse...

Muitos parabéns por esta ideia e pela organização do material disponível. Ainda vi construir barcos rabelos, perto da Régua, na minha infância. E fiz uma viagem, até ao Porto, um ou dois anos antes de acabarem as viagens regulares por causa da construção das barragens. A vuagem era difícil, o rio muito perigoso. Mas nunca mais esqueci. Como recordo, quando vivia na Régua, a passagem dos rabelos, rio acima, puxados "à sirga", isto é, por homens e bois, nos dias em que não havia vento. Era um dos trabalhos mais violentos que se pode imaginar. Mais uma vez, parabéns e obrigado.
António Barreto

Movimento Orla Livre disse...

Caro Carlos Romão,

A descrição é primorosa. Pretendo adquirir o DVD.
Sou natural de Belém-Pará-Brasil, a maior cidade de colonização portuguesa nas Américas, e aqui nos arredores de nossas ilhas há uma tradição de carpintaria naval manual. Do mesmo modo esquecida. É tão antiga que não sabemos suas origens, mas provavelmente oriunda dos indígenas e portugueses que aqui colonizaram.

saudações amazônicas e bons ventos,

Luis Lacerda
www.orlalivre.org

Anónimo disse...

Já cá tinha estado antes, há meses. Por pura curiosidade.
Voltei ao seu site agora porque um amigo me pediu um comentário sobre o Barco Rabelo numa foto sua.
Mas que comentário eu podia fazer havendo toda esta belíssima e completa informação, aqui ao dispor de todos ?
Apenas uma solução. Referenciar o seu site.

Anónimo disse...

adoro este site!


Isabel

Anónimo disse...

http://www.wickedlizard.pt.vu/

isabel

Anónimo disse...

Sem dúvida, uma reportagem maravilhosa!
Aproveito para me apresentar ... chamo-me Ana Santos e sou uma estudante do 12º ano da Escola Secundária de Valbom. No ambito da disciplina de Área Projecto, estou, com mais três elementos, a desenvolver um trabalho sobre Valbom, a nossa cidade!Estamos a participar no Concurso Cidades Criativas e, como tal, criamos um blogue!
Achei este artigo muito interessante e irei com certeza aproveitá-lo para o nosso blogue.
Já agora, tem conhecimento se algum destes senhores ainda está vivo?Tenho algum interesse em entrar em contacto com eles .. =)

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Parabens!

M. Araújo disse...

Tenho esse filme em DVD. Nunca o publiquei por temer as represálias inerentes aos direitos de autor. Trata-se de um excelente trabalho,histórico e único pois já se acabaram os artíficies nas beiras do Douro.
Parabéns

Unknown disse...

Por acaso encontrei este verdadeiro documento sobre o Rabelo. Penso fazer um em modelismo e esta sequência de construção e verdadeiro conhecimento vai ajudar-me muito. Bem haja, obrigado.

Fernando Rodrigues

Jan Aten disse...

Parabens pelo post no blog. O trabalho de construção é maravilhoso e de uma lógica inteligente.
Pesquiso e admiro os métodos construtivos e tenho um blog sobre barcos e canoas brasileiras, caso queira ver. Abraços.

Unknown disse...

Parabéns pela bela reportagem; hoje em dia não encontramos algo assim tão frequentemente. Estava procurando um modelo de barco à vela para construir; certamente não será esse maravilhoso barco; faltam-me conhecimentos. Grande abraço a todos.
Murillo Marques - Maricá - Estado do Rio de Janeiro - Brasil.

Gaivota Maria disse...

Uma página para a memória do Porto, do rio Douro e destes homens.

joão marinheiro disse...

Caro Carlos, hoje tive a noticia que a APDL quer acabar definitivamente com o ultimo estaleiro de gaia que se dedica a contruir os rabelos, que também partilhei.

como considero este seu artigo de extrema importância no momento atual em que a sociedade ignora completamente o quanto importante é preservar memorias e tradições, importa-se que faça referencia ao seu blog na minha pagina pessoal no face. muito obrigado.

Carlos Romão disse...

João Marinheiro, de modo nenhum, até agradeço a divulgação.

Anónimo disse...

Fantástico