06 março 2012
O Porto visto do alto - I
O Porto não é uma cidade onde abundem os edifícios altos. Há até por cá quem tenha um preconceito contra essas construções que modelam, e bem, tantas cidades de grande e média dimensão.
Entre o Bessa e o Foco
Até ao início da segunda metade do século XX, a cidade, vista de Gaia, manteve o perfil que foi sendo construído nos séculos anteriores. Do casario de altura média emergiam, como pontos mais altos, as torres das igrejas dos Clérigos, do Bonfim e da Lapa. Só no fim dos anos 40 do século XX despontou uma nova torre, a da Igreja da Senhora da Conceição, fazendo companhia às demais.
Nos anos 60 surgiram outras torres no centro da cidade, que alteraram o perfil do Porto, estas já não de carácter religioso, mas profano: a da cooperativa O Lar Familiar, em Gonçalo Cristóvão, a do Hotel D. Henrique, a do Jornal de Notícias e a da Cooperativa dos Pedreiros, na rua de D. João IV. A ocidente, já fora do centro, construíram-se na mesma época as torres da Varanda da Barra e, mais tarde, as da Pasteleira. O perfil do Porto mantem-se de então para cá com poucas alterações, porque as construções altas que foram aparecendo nos últimos 30 anos, vêem-se mal ou não são mesmo visíveis, quando observamos a cidade da margem sul do Douro. Do cimo dessas torres obtemos, no entanto, uma percepção da urbe diferente daquela a que estamos habituados no dia-a-dia, quando circulamos pelas ruas “presos ao chão”.
É esse panorama, pouco comum, que irá sendo mostrado aqui, conforme forem sendo vencidas as dificuldades de acesso a alguns dos edifícios altos do Porto.
A Avenida do Bessa e a Escola Fontes Pereira de Melo
24 fevereiro 2012
A Igreja do Marquês
Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782) foi, talvez, o maior tirano da história de Portugal. Camilo Castelo Branco que bosquejou os crimes do ministro de D. José I e os expõe no seu Perfil do Marquês de Pombal, publicado em 1882, não o poupa, afirmando que o regime pombalino assentou em perseguições, ameaças, patíbulos, forcas, incêndios, prisões, corrupção, roubos e degredos. Como a história é feita pelos poderosos, Sebastião José acabou reabilitado com a criação fabulosa do mito Marquês de Pombal, e homenageado com o maior monumento a um só homem existente em Lisboa.
No Porto, cidade onde a crueldade do dito se abateu com dezenas de enforcamentos públicos, após o motim dos taberneiros, premiaram-lhe a façanha dando o seu nome ao antigo Largo da Aguardente. Vá lá perceber-se porquê.
O templo que é conhecido popularmente como Igreja do Marquês, por se situar na Praça do Marquês de Pombal, tem outra denominação, mais adequada, a de Igreja da Senhora da Conceição. Segundo um folheto lá disponível, reconhecem-se várias influências arquitectónicas no projecto original do monge beneditino Paul Bellot, alterado pelo arquitecto Rogério de Azevedo. A das basílicas romanas, na planta; do românico e do gótico na estrutura dos arcos; da arte moçárabe nas colunas e rendilhados interiores. Passo a citar: «Na decoração interior o autor do projecto ter-se-ia inspirado na arte bizantina e árabe, pretendendo utilizar o tijolo (hoje substituído por mármore) e o mosaico policromado. Razões quer económicas, quer da Câmara Municipal do Porto, com os seus vários pareceres negativos, terão obrigado a abandonar esse tipo de decoração».
A igreja, com a sua esbelta torre a lembrar os templos góticos, foi construída entre 1938 e 1947.
17 fevereiro 2012
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09 fevereiro 2012
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