Vozes do Mar é o título de um poema de Florbela Espanca, que escolhi para epígrafe de três ilustrações de poemas sobre o mar. As imagens foram colhidas na frente marítima do Porto.
Oceano Nox
Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o voo dum pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que ideia gravitais?
Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...
Antero de Quental
Poesia Completa, 1842-1891
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001
17 novembro 2005
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6 comentários:
E escolheu Bem.como sempre. ficou lindo. a união perfeita....bjs.
Diria mais... escolheste lindamente! A fotografia está sensacional e combina na perfeição com o poema. Parabéns! Este blog sobe a qualidade de post em post...
o mar chega a ser realmente impressionante em dias destes!
Que união excelente: palavras e imagem ambas de grande beleza
Excelente!
E o teu blog faz crescer em mim as saudades do Porto!... há quanto tempo?... que saudades!
Pronto, veio agora a ideia fixa instalar-se no meu espirito... voltar ao Porto e respirá-lo. Sorver-lhe os rostos de pedra, beber-lhe o coracao liquido, a alma aveludada... tenho de voltar ao Porto... e depressa!
Abracicos!
União perfeita!
Ah, o mar, o mar, sempre recomeçado!
Óptima escolha, Carlos!
Um Abrç,
Pedro Estácio
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