Bem, isto parece-me perigoso, não? Tudo bem que a Ribeira é espectacular e o calor aperta, mas miúdos a saltar de uma ponte... não sei. Não me parece bem. Mas...
A mim o que sempre me surpreendeu foi a destreza com que mergulham detrás duma moeda, a facilidade com que a encontra e o orgulho com que a exibem. Tradições da nossa terra que devem perdurar no tempo...
É errado concluir, a partir das imagens desta entrada, que há crianças que se lançam ao rio para apanhar moedas atiradas por turistas. Há uns anos havia miúdos, a nadar diante do cais da Ribeira, que apanhavam moedas atiradas ao rio por turistas. Hoje não. Os turistas mudaram e os miúdos também. Ainda bem. O que leva os miúdos – e os graúdos de 20 e tal anos – a saltar da ponte é a afoiteza, citada no comentário da Margarida, a coragem, o facto de confiarem em si e de se ultrapassarem, fórmulas em voga – o ser radical - para ter sucesso na sociedade contemporânea. O risco, para estes rapazes e raparigas, seria grande se frequentassem algumas ruas acima do cais da Ribeira, a Viela do Anjo, por exemplo, onde se trafica e consome droga à luz do dia e o cheiro a excrementos humanos é difícil de suportar. Comparado com isto, saltar da ponte é, apesar de envolver alguns riscos, um comportamento saudável.
Penso que um mal não se apaga com outro. A viela do Anjo ou outros lugares idênticos, onde por ventura estas crianças habitam, são de reprovar e evitar a todo o custo. Mas isso não pode ser desculpa para consentirmos situações de risco, só porque estas crianças não têm outras oportunidades; elas têm direito à brincadeira, mas também à segurança; e a "afoiteza" do seu carácter não será prejudicada com isso, porque este de "peculiar" só tem o de ser pobre.
Concordo com CC, sem negar o que diz Margarida. E pena que esta gente peculiar continue, como há décadas (ou séculos?) a ter apenas o rio como sonho ou fatalidade.
C.C. e Alice Rios Compreendo as preocupações manifestadas com a segurança dos rapazes e raparigas que saltam da ponte, no entanto as imagens não permitem concluir mais do que aquilo que demonstram: que há crianças na Ribeira que saltam do tabuleiro inferior da ponte Luís I. A Ribeira de hoje não é a do padre Américo. Do ponto de vista social tudo ali mudou para melhor. As crianças das fotografias, não são pobres, têm família e vão à escola. São miúdos como quaisquer outros da cidade.
Concordo com o Carlos, tambem eu em miudo me atirava , não da ponte na ribeira mas do cais na Berlenga, e só eramos 4 os miudos a viver lá todo o ano. Nesse tempo aprendiamos a ser crianças e homens com tempo, hoje o tempo quase não existe e as crianças são homens em meia duzia de anos...Agora temos a geração do shoping, das pipocas da coca-cola e outras por ai adiante... Quantos miudos destes que se atiram da ponte ao rio morreram afogados?... Abraço
15 comentários:
...também é desta afoiteza que se molda o carácter de uma gente peculiar.
Boa noite,
Este post encontra-se em destaque no Radar do SAPO, em http://www.sapo.pt
Boa continuação!
Pedro
Bem, isto parece-me perigoso, não? Tudo bem que a Ribeira é espectacular e o calor aperta, mas miúdos a saltar de uma ponte... não sei. Não me parece bem.
Mas...
Acho triste que se aprovem/apõem estas atitudes de risco.
Muitos destes miúdos são pagos por turistas para se atirarem.
A mim o que sempre me surpreendeu foi a destreza com que mergulham detrás duma moeda, a facilidade com que a encontra e o orgulho com que a exibem.
Tradições da nossa terra que devem perdurar no tempo...
Um abraço
Penso que estas fotos, belíssimas como sempre, são uma denúncia de uma prática que não deve ser estimulada
É errado concluir, a partir das imagens desta entrada, que há crianças que se lançam ao rio para apanhar moedas atiradas por turistas. Há uns anos havia miúdos, a nadar diante do cais da Ribeira, que apanhavam moedas atiradas ao rio por turistas. Hoje não. Os turistas mudaram e os miúdos também. Ainda bem.
O que leva os miúdos – e os graúdos de 20 e tal anos – a saltar da ponte é a afoiteza, citada no comentário da Margarida, a coragem, o facto de confiarem em si e de se ultrapassarem, fórmulas em voga – o ser radical - para ter sucesso na sociedade contemporânea. O risco, para estes rapazes e raparigas, seria grande se frequentassem algumas ruas acima do cais da Ribeira, a Viela do Anjo, por exemplo, onde se trafica e consome droga à luz do dia e o cheiro a excrementos humanos é difícil de suportar. Comparado com isto, saltar da ponte é, apesar de envolver alguns riscos, um comportamento saudável.
Penso que um mal não se apaga com outro. A viela do Anjo ou outros lugares idênticos, onde por ventura estas crianças habitam, são de reprovar e evitar a todo o custo. Mas isso não pode ser desculpa para consentirmos situações de risco, só porque estas crianças não têm outras oportunidades; elas têm direito à brincadeira, mas também à segurança; e a "afoiteza" do seu carácter não será prejudicada com isso, porque este de "peculiar" só tem o de ser pobre.
Concordo com CC, sem negar o que diz Margarida. E pena que esta gente peculiar continue, como há décadas (ou séculos?) a ter apenas o rio como sonho ou fatalidade.
C.C. e Alice Rios
Compreendo as preocupações manifestadas com a segurança dos rapazes e raparigas que saltam da ponte, no entanto as imagens não permitem concluir mais do que aquilo que demonstram: que há crianças na Ribeira que saltam do tabuleiro inferior da ponte Luís I.
A Ribeira de hoje não é a do padre Américo. Do ponto de vista social tudo ali mudou para melhor. As crianças das fotografias, não são pobres, têm família e vão à escola. São miúdos como quaisquer outros da cidade.
verdadeiramente optimista, Carlos Romão
Concordo com o Carlos, tambem eu em miudo me atirava , não da ponte na ribeira mas do cais na Berlenga, e só eramos 4 os miudos a viver lá todo o ano.
Nesse tempo aprendiamos a ser crianças e homens com tempo, hoje o tempo quase não existe e as crianças são homens em meia duzia de anos...Agora temos a geração do shoping, das pipocas da coca-cola e outras por ai adiante...
Quantos miudos destes que se atiram da ponte ao rio morreram afogados?...
Abraço
A proposito deviam visitar a povoação de Rabo de Peixe em São Miguel e ver o que é nadar aqueles miudos...
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