24 fevereiro 2012

A Igreja do Marquês

Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782) foi, talvez, o maior tirano da história de Portugal. Camilo Castelo Branco que bosquejou os crimes do ministro de D. José I e os expõe no seu Perfil do Marquês de Pombal, publicado em 1882, não o poupa, afirmando que o regime pombalino assentou em perseguições, ameaças, patíbulos, forcas, incêndios, prisões, corrupção, roubos e degredos. Como a história é feita pelos poderosos, Sebastião José acabou reabilitado com a criação fabulosa do mito Marquês de Pombal, e homenageado com o maior monumento a um só homem existente em Lisboa.
No Porto, cidade onde a crueldade do dito se abateu com dezenas de enforcamentos públicos, após o motim dos taberneiros, premiaram-lhe a façanha dando o seu nome ao antigo Largo da Aguardente. Vá lá perceber-se porquê.

O templo que é conhecido popularmente como Igreja do Marquês, por se situar na Praça do Marquês de Pombal, tem outra denominação, mais adequada, a de Igreja da Senhora da Conceição. Segundo um folheto lá disponível, reconhecem-se várias influências arquitectónicas no projecto original do monge beneditino Paul Bellot, alterado pelo arquitecto Rogério de Azevedo. A das basílicas romanas, na planta; do românico e do gótico na estrutura dos arcos; da arte moçárabe nas colunas e rendilhados interiores. Passo a citar: «Na decoração interior o autor do projecto ter-se-ia inspirado na arte bizantina e árabe, pretendendo utilizar o tijolo (hoje substituído por mármore) e o mosaico policromado. Razões quer económicas, quer da Câmara Municipal do Porto, com os seus vários pareceres negativos, terão obrigado a abandonar esse tipo de decoração».
A igreja, com a sua esbelta torre a lembrar os templos góticos, foi construída entre 1938 e 1947.

4 comentários:

Duarte disse...

Sempre gostei deste estilo arquitectónico e, particularmente, desta igreja, concede-lhe uma esbeltez distinguida.
Uma boa fotografia entre tanto arvoredo.
Parabéns.
Abraços de amizade

C.C. disse...

A fotografia é linda, mas eu não gosto da igreja. Mas o que eu supunha, é que ela tinha sido financiada pelo Ferreira de Riba d'Ave e que por isso não teria constrangimentos de verbas.

mfc disse...

O arvoredo da praça, de qualquer praça, atrai-me e fascina-me.
Por uma questão de verdade digo que não aprecio este estilo arquitectónico.

Fernando Ribeiro disse...

Eu não acho que a igreja, por si só, seja feia. O resultado da mistura de estilos é mesmo muito interessante. O que me desagrada nesta igreja é a desproporção da sua grande torre, que esmaga o resto do templo. Tal como está, esta igreja, que é dedicada a Nossa Senhora da Conceição, acabou por ficar extremamente desequilibrada.

Quanto ao Sebastião José, também me parece que em Lisboa exageram no seu endeusamento, mas a verdade é que eles têm razão para isso, por causa do terramoto de 1755.

Em relação ao Porto, o homem foi execrável, pelo menos até ao momento em que nomeou João de Almada e Melo para esta nossa cidade. Há quem diga que o fez para acalmar o sentimento de revolta existente, em consequência da selvática repressão dos taberneiros. A verdade é que, depois do Almada, o Porto nunca mais foi o mesmo, para o bem e para o mal. Indireta e involuntariamente, portanto, o marquês de Pombal também acabou por alterar profundamente o Porto.