19 fevereiro 2010
13 fevereiro 2010
A Casa da Meia Distância
Para passarmos uma tarde descontraídos
hoje estamos com as mulheres nos quintais.
Ao mesmo céu alvadio há outros quintais contíguos
separados por muros que são pequenos. Há outros casais
nesses jardins pouco arborizados
e os filhos de todos brincam em piscinas azuis
insufláveis.
De pálpebras descidas àquela luz de verão
há quem não encontre o caminho que leva aos quintais
de um outro tempo, há quem preferisse não escutar os
elogios
às rosas, por serem outras, tão bonitas quanto as da
infância.
De pálpebras descidas àquela luz de verão
há quem não encontre caminho nenhum.
_________________________
A Casa da Meia Distância é o último livro de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, autor de uma obra considerável que inclui poesia, romance e novela. O novo livro, depois da consagração dos dispersos na antologia Dióspiro, é um regresso, um retorno, ao poder das coisas pequenas. Quietas. Simples. Suspensas. A meia distância.
"Como se chama o lugar onde ficaram os nossos sonhos, quando nós tivemos que sair?"
Na foto estão Susana Guimarães, o autor e José Carlos Tinoco, durante a apresentação do livro no bar-café, livraria e galeria de arte Labirintho.
11 fevereiro 2010
10 fevereiro 2010
09 fevereiro 2010
07 fevereiro 2010
31 janeiro 2010
O 31 de Janeiro na Cordoaria
A celebração do 31 de Janeiro, integrada no Centenário da República, continuou hoje no Porto. A par das cerimónias de carácter político, que para aqui não interessam, houve quem se manifestasse por Outra República, talvez mais justa e mais séria do que aquela que hoje desfilou pelas passadeiras vermelhas, desta vez mandadas estender a norte.
Os festejos na rua começaram com uma escalada dos Clérigos que, à semelhança da de Raul Caldevilla - o publicitário que promoveu a primeira escalada da torre, em 1917, para anunciar os produtos da moagem Invicta -, deixou os portuenses, ali presentes, de queixo no ar.
Para além da exímia Banda das Forças Armadas, que prendeu a atenção da numerosa assistência, a tarde foi marcada por outras manifestações artísticas de cariz popular.
Do Minho vieram gigantones e cabeçudos...
... o Grupo de Bombos da Casa dos Rapazes, de Viana do Castelo, que atordoou os ares,
dois sorrisos galegos,
integrados na Banda de Gaitas de Santiago de Cardielos,
que primou tanto pela música como pelo trajar...
... e inúmeros acordeonistas que ajudaram à festa. Em simultâneo, no interior do Centro Português de Fotografia, decorria a abertura da exposição Resistência, da Alternativa Republicana à Luta contra a Ditadura (1891-1974) e a Orquestra MIMA interpretava Suite Alentejana, de Luís de Freitas Branco.
__________________
Nota 1Fev2010
Dizem-me, da Banda de Gaitas de Santiago de Cardielos, que, apesar do professor da banda e mais quatro elementos que a integram serem espanhóis, os sorrisos das meninas acima, são portugueses e não galegos. Fica aqui a correcção.
O 31 de Janeiro comemorado na Praça
A revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891 foi ontem evocada na Praça da Liberdade, abrindo as comemorações oficiais do Centenário da República com uma reconstituição histórica, organizada por Norberto Barroca, que contou com a presença de sessenta actores, alguns militares da G.N.R., a cavalo, e muitos populares que passaram, em algumas situações, de espectadores a intervenientes na encenação.
O texto abaixo, que dá sentido às fotografias, pertence à publicação Revoltas Republicanas no Porto, 31 de Janeiro de 1891 – 3 de Fevereiro de 1927, editada pela Galeria Imagolucis em 1997.
(...) «Às 6 horas da manhã, as tropas revoltosas põem-se em movimento. Juntamente com elas, populares, liderados pela banda de Infantaria 10, a tocar A Portuguesa, descem a Rua do Almada e ocupam a Praça D. Pedro.
O movimento parece estar a ter êxito.
Cerca das 7 horas e ½ da manhã, os moradores da Praça de D. Pedro distribuem comidas e bebidas aos soldados, que se dirigem, seguidos por populares, para os Paços do Concelho, onde Santos Cardoso hasteia a bandeira verde e vermelha e Alves da Veiga inicia um discurso concluído pelo actor Verdial. A lista do governo provisório foi apresentada: compunham-na uma série de individualidades portuenses, entre outras, Rodrigues de Freitas, professor, 1º deputado republicano, o banqueiro Licínio Pinto Leite, e o próprio Alves da Veiga.
A República acaba de ser proclamada pelos “irmãos” da Loja Maçónica Grémio Independente, mas cada vez mais se tornava claro o vazio de objectivos e estratégias. A tropa, cerca de 600 homens, começa a estar esfomeada e impaciente. Inicia-se, sob comando dos 3 oficiais, a subida da rua de Santo António (actual 31 de Janeiro).
No adro da Igreja de Santo Ildefonso, a Guarda Municipal, com 100 praças da Guarda Fiscal, Cavalaria 6, entretanto junta aos fieis governamentais, esperava-os ao lado do Teatro de S. João. O tiroteio começa.
Debandada geral dos revoltosos. Pânico entre os civis. Para trás fica o rasto de xailes, sapatos, armas.
Acto de coragem entre outros, o do alferes Malheiro, que se manteve firme em combate com os seus homens durante ½ hora. Em ordem recuou com os seus homens até à Câmara – as tropas da situação dominam-nos pouco depois.
A artilharia, vinda da Serra do Pilar, com duas peças no Largo dos Lóios e em São Bento, faz pontaria à porta dos Paços do Concelho e acaba por derrotar os últimos combatentes.
A revolução acabou antes de ter começado; às 10h30 da manhã tinha terminado; durou 6 horas, ao longo da madrugada. Durante 3 horas, o Porto vivera sob a República.»(...)
O texto abaixo, que dá sentido às fotografias, pertence à publicação Revoltas Republicanas no Porto, 31 de Janeiro de 1891 – 3 de Fevereiro de 1927, editada pela Galeria Imagolucis em 1997.
(...) «Às 6 horas da manhã, as tropas revoltosas põem-se em movimento. Juntamente com elas, populares, liderados pela banda de Infantaria 10, a tocar A Portuguesa, descem a Rua do Almada e ocupam a Praça D. Pedro.
O movimento parece estar a ter êxito.
Cerca das 7 horas e ½ da manhã, os moradores da Praça de D. Pedro distribuem comidas e bebidas aos soldados, que se dirigem, seguidos por populares, para os Paços do Concelho, onde Santos Cardoso hasteia a bandeira verde e vermelha e Alves da Veiga inicia um discurso concluído pelo actor Verdial. A lista do governo provisório foi apresentada: compunham-na uma série de individualidades portuenses, entre outras, Rodrigues de Freitas, professor, 1º deputado republicano, o banqueiro Licínio Pinto Leite, e o próprio Alves da Veiga.
A República acaba de ser proclamada pelos “irmãos” da Loja Maçónica Grémio Independente, mas cada vez mais se tornava claro o vazio de objectivos e estratégias. A tropa, cerca de 600 homens, começa a estar esfomeada e impaciente. Inicia-se, sob comando dos 3 oficiais, a subida da rua de Santo António (actual 31 de Janeiro).
No adro da Igreja de Santo Ildefonso, a Guarda Municipal, com 100 praças da Guarda Fiscal, Cavalaria 6, entretanto junta aos fieis governamentais, esperava-os ao lado do Teatro de S. João. O tiroteio começa.
Debandada geral dos revoltosos. Pânico entre os civis. Para trás fica o rasto de xailes, sapatos, armas.
Acto de coragem entre outros, o do alferes Malheiro, que se manteve firme em combate com os seus homens durante ½ hora. Em ordem recuou com os seus homens até à Câmara – as tropas da situação dominam-nos pouco depois.
A artilharia, vinda da Serra do Pilar, com duas peças no Largo dos Lóios e em São Bento, faz pontaria à porta dos Paços do Concelho e acaba por derrotar os últimos combatentes.
A revolução acabou antes de ter começado; às 10h30 da manhã tinha terminado; durou 6 horas, ao longo da madrugada. Durante 3 horas, o Porto vivera sob a República.»(...)
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