20 janeiro 2005

Portugal sem Rumo



Eis uma dissonância no curto percurso deste blogue, bem real e nada surpreendente.
Não está em causa o mérito ou o demérito do político que dá a cara ao cartaz, mas sim o que a imagem representa: a irresponsabilidade, o oportunismo - os cartazes por terra só se vêem das janelas circundantes - e o desleixo reinantes.
Estão ali sintetizados todos os problemas que nos assolam: o analfabetismo e a iliteracia, a falência das sucessivas reformas do ensino, os altos índices de sinistralidade rodoviária, a ostentação de braço dado com a corrupção, a inoperância da justiça, o despesismo estatal e até o défice controlado com malabarismos financeiros. Ah, está lá também a ingovernabilidade à espreita. Tudo, tudo varrido para debaixo do tapete.

10 janeiro 2005

Graciosidade Forjada



A graciosidade de um elemento decorativo em ferro forjado sobrevive, com a morte anunciada, à demolição do edifício que durante dezenas de anos alojou a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, na Boavista.
A atestar a importância que o ofício de ferreiro teve na cidade, diz-nos Magalhães Basto que aqui houve «duas ruas que se chamaram Ferrarias: a Ferraria de Baixo, (actual do Comércio do Porto) e a Ferraria de Cima (que era a continuação da do Souto e hoje se chama... dos Caldeireiros)».
Quem tiver tempo e olhar atento, poderá observar no Porto um autêntico museu vivo do ferro forjado, patente nos inúmeros trabalhos de ferreiro que vão subsistindo em grades de sacadas, peitoris, portões e varandas rendilhadas, um pouco por todo o lado.

07 janeiro 2005

Pôr de Sol na Foz



Alguém deitara milhões de laranjas ao mar
Dois petroleiros aguardavam impacientes a sua vez de entrarem no porto
Eu escutava aterrorizado o som das laranjeiras violadas em FM

Jorge de Sousa Braga

05 janeiro 2005

E La Nave Va



A igreja dos Clérigos vista de um dos janelões da torre surge como um navio visto da ponte de comando, deslocando-se lentamente, como um zepelim num sonho, sobre o casario da cidade. Ou não tivessem sido Niccolo e Federico, para além de compatriotas, sonhadores e visionários...