A caixa de comentários está aberta a quem quiser contribuir para a interpretação dos painéis decorativos, em mosaicos cromados, do pórtico do Palácio Atlântico, na Praça D. João I, da autoria de Jorge Barradas.
Obrigado, Carlos, por me conduzir o olhar e me forçar a ver o que tantas vezes me passa despercebido. Já pensou ir ao Palácio da Justiça fotografar os painéis do Camarinha?
Quando me apercebi do meu gosto pela fotografia, aprendi que temos que olhar as "coisas" em todas as direcções e de vários ângulos. Só assim teremos uma percepção completa daquilo que nos rodeia! Parabéns pelas fotografias.
cego é ter olhos sãos e não ver. tantas vezes lá passei e nunca dei por semelhante beleza. é a pressa, o stress do dia-a-dia que nos impede de ver o que foi feito para ser contemplado. obrigado por me "abrirem os olhos".
Por acaso já tentei olhar com toda a atenção, mas o pescoço não aguenta. Vendo assim as fotografias dá dó pensar no que há de belo na cidade e nos passa ao lado. A propósito, por que estragaram o revestimento da fachada original? E porque eliminaram o belíssimo lago em frente? Ainda a propósito: alguém é do tempo em que havia um restaurante no último andar, com um belíssimo terraço? E sou eu que deliro, ou já houve uma esplanada na praça, frente a tal lago?
Ora aí vai mais uns conhecidos. O meu Pai trabalhou nesse edifício. Na Gáscidla(iniciadora com outras do que é hoje a Petrogal ou melhor Galp). Porque não concorrer a património mundial?Abraços e obrigado por me recordar a minha meninice.
Praça D. João I - aí está mais um exemplo de ganho com as obras. Tornou-se numa praça muito mais aprazível.
Quanto à interpretação dos paineis, sinto-me incapaz... Fazem parte da minha memória de infância, embora, curiosamente, nunca os tenha apreciado muito...
Funes, Os painéis do Camarinha são uma boa ideia, eu é que só fotografo aos fins-de-semana. Mesmo assim é cada vez mais difícil fotografar, há proibições a torto e a direito. Umas fazem sentido, outras são absolutamente idiotas, sobretudo quando se trata de bens públicos que não envolvem questões de segurança. Faz sentido a proibição de fotografar na Casa do Infante? Ou terem-me proibido de fotografar a exposição sobre a obra de Marques da Silva, ou a de Artur de Magalhães Basto na Biblioteca Almeida Garrett? E porque é que se pode fotografar livremente em Serralves, ou no Centro Reina Sofia em Madrid? Acho que, frequentemente, os agentes do Estado se apropriam indevidamente das coisas públicas, confundindo a guarda com a posse.
Pepe, Não conheço o interior do Palácio Atlântico. A fachada era ligeiramente curva, a anunciar a curvatura acentuada que a praça faz com o quarteirão da Rua do Bonjardim. Era aí que ficava o Banco de Angola, como se lembra a Menina_marota. Se não me engano, o edifício, na origem, tinha um revestimento creme, em azulejo. Depois foi vestido de castanho escuro, com chapas metálicas. Agora está branco. A fonte que foi retirada da Praça D. João I será reconstruída brevemente na Praça Marquês de Pombal. __________ E agora um apelo, em forma de pergunta: haverá alguém que passe por aqui e que tenha bibliografia sobre os painéis do Palácio Atlântico?
Vim aqui hoje, pela primeira vez, conduzido por mão amiga. E ainda bem. Não nasci no Porto mas vivo cá há longos anos. Por isso já é a minha cidade. E as tuas imagens embora de locais familiares fazem-me redescobrir vivências. Este teu espaço vai passar a ser uma visita obrigatória.
Aos anos (!!!) que passo pela João I, por baixo dessas arcadas, e nunca me tinha apercebido desses paineis fantásticos. Obrigada CR!
A D.João I, que hoje em dia não atravesso com a frequência de outros tempos, ficará sempre ligada às idas à Tubitek, para vez as últimas novidades do vinil... Tantas horas passadas a ouvir música... bons tempos...
Estas tuas escolhas, não sei pq razão, últimamente têm desencantado algumas recordações bem interessantes...
Bom dia! Os paineis sao magnificos! É uma pena que estejam tao ao alto, oferecendo tanda dificuldade na sua visualizacao. Deve ser pela tematica paga... Mercurio, Neptuno e a galateia. Os meus deuses preferidos! Felizmente o teu olho de rapina sabe colher estas perolas para nos oferecer!... Bjico
Mais um serviço generoso, oferecido à comunidade virtual da net e realizado com a habitual mestria fotográfica. Preparo mail para lhe enviar, com dicas sobre o que pergunta.
O painéis são obviamente uma homenagem ao papel histórico da cidade do Porto e o comércio internacional. No primeiro caso temos a "Navegação". Depois as descobertas marítimas, com sereias e cavalos marinhos. A seguir o Comércio e o seu Deus, Mercúrio, o das asas aladas. A pesca é o seguinte e seguem-se mais temas marítimos para culminar com Neptuno e a amada Anfitrite. Tudo isto para nos dar mais dados que o Porto é a cidade que nos deu o nome de "Porto do Graal"... Algo que está esquecido, pois hoje são raros os que olham para cima...
Moro no Porto desde sempre, ou seja desde 1970, a praça D.Joao I sempre foi um sitio por onde passei com muita frequência, já calquinhei aquele passeio milhares de vezes e nunca reparei nesses paineis, mas é certo que da proxima vez que ali passar essa passagem vai ser bem mais demorada do que é habitual... Obrigado...! Já agora a fonte que existia nessa praça está agora a ser recontruida no novo Jardim do Marquês...
Belo blog e excelente registo. Conheço muito mal o Porto, mas estes paineis já os tinha descoberto, ai na zona há uma loja de fotografia, aliás há algumas, mas uma que frequento com alguma regularidade, fica numa rua perpendicular a esta... Qunato à origem/historia dos paineis, não sei, nem me atrevo a inventar. Mas mais uma vez, excelente registo. Parabens.
O Projeco do edificio é da autoria do Gabinete "ARS arquitectos", constituido pelos arquitectos Cunha Leão, Fortunato Cabral e Mário Soares, que tinha parcerias com escultores e pintores.
Na qualidade de continuador deste gabinete de arquitectura, com a mesma designação de "ARS arquitectos", é com muito gosto que vejo reproduzidos estes painéis do tecto exterior.
Vale a pena ler este artigo do PÚBLICO: https://www.publico.pt/2000/12/31/jornal/o-palacio-atlantico-153125?gs_ref=s6o3Lf1fhI-Email&utm_source=Email&utm_medium=ShareButton&utm_campaign=GetSocial
Muito obrigado, Rosário Forjaz. Vou transcrever o artigo, publicado há quase 20 anos, em duas partes, convencido de que o autor, José Manuel Lopes Cordeiro, não se incomodará.
O PALÁCIO ATLÂNTICO - Parte 1
Após uma negociação que durou quase sete anos, o Hospital do Conde de Ferreira passa amanhã para as mãos da Misericórdia do Porto. No entanto, abre-se agora um período transitório e só quando terminar esta fase, em Dezembro de 2001, é que a irmandade assumirá a responsabilidade plena pela unidade de saúde. Os 270 doentes crónicos do hospital permanecerão lá internados nos tempos mais próximos, tendo a Misericórdia já afirmado o compromisso de assegurar cuidados assistenciais àqueles (e serão a maioria) que não puderem ser transferidos para outras unidades.
Completam-se no próximo sábado, dia 6 de Janeiro, cinquenta anos sobre a inauguração do edifício denominado Palácio Atlântico, situado na Praça de D. João I, no Porto. Assistiram então à cerimónia um sem-número de individualidades distritais e nacionais - entre estas, três membros do Governo - tendo a mesma decorrido com enorme solenidade, constituindo deste modo um acontecimento invulgar na vida da cidade.Na alocução proferida durante a cerimónia, muito marcada por uma acentuada tonalidade política, Artur Cupertino de Miranda, presidente do conselho de administração da entidade bancária cujo edifício-sede era então inaugurado, referiu que "o Palácio Atlântico é uma obra dedicada à cidade do Porto, foi nela implantado e domina os seus horizontes, mas, tal como a própria cidade e o país inteiro, tem aquele sentido que reside e se alicerça na alma nacional - o sentido Atlântico, a alma imperial". Um testemunho dessa "alma imperial" que então se pretendia fixar para a posteridade, reside no tríptico que reveste a parede dianteira do vestíbulo do edifício, da autoria de Jorge Barradas (1895-1971), pintor e ilustrador modernista, que foi também um dos principais responsáveis pela divulgação entre nós desta linguagem artística, na cerâmica e na azulejaria. Tendo por motivo central o Atlântico, apresenta no painel lateral direito o árduo trabalho das vindimas, sublinhando, no país rural dos anos cinquenta, a fonte de riqueza que a vinha então constituía, o denominado "ouro de Portugal".
O terceiro painel - onde não deixou também de estar presente a gesta do jovem emigrante que parte à aventura em busca da fortuna, atraído pelas oportunidades que o Brasil desde há séculos proporcionava -, revela-nos a deslumbrante terra brasileira, através de uma mulher coberta de riquezas, "o bandeirante audaz com o comerciante no encalço, a enfrentarem os perigos, a vencerem as ciladas e a desvendarem os mistérios, tudo acobertado no sertão maciço e infindável", como foi então sublinhado. Era uma homenagem ao país-irmão da América do Sul, e ao mesmo tempo um dos "leitmotive" que a própria instituição assumia como seu e que deste modo pretendia eternizar.O Palácio Atlântico foi concebido pela equipa de arquitectos ARS, que foi fundada no Porto em 1930, por iniciativa de Fernando da Cunha Leão (1909-1990), Mário Cândido de Morais Soares (1908-1975) e António Fortunato Cabral (1903-1978). Esta equipa foi responsável por um numeroso e importante conjunto de obras realizadas na cidade do Porto e na Região Norte, até aos primeiros anos da década de 1950. Segundo o "Dicionário dos Arquitectos" (Afrontamento, 1994) de José Manuel Pedreirinho, "para além da metodologia do projecto em equipa, então ainda pouco divulgada, incluiu igualmente pintores e decoradores, numa prática que ultrapassava os estritos limites da Arquitectura prolongando-se pelos do 'design' gráfico e de mobiliário". Entre as suas obras mais conhecidas contam-se a Igreja de N.ª Sr.ª de Fátima (1934-36), no Porto, o Mercado Municipal de Matosinhos (1936), a Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia e o Mercado do Bom Sucesso (1949-52).Independentemente das considerações políticas - muito marcadas pela conjuntura da época - com que a inauguração do edifício foi apresentada, não há dúvida de que tanto a obra em si como a sua inserção topográfica no conjunto da Praça de D. João I são verdadeiramente notáveis. Como salienta Ana Cristina Tostões, no capítulo sobre a Arquitectura portuguesa do século XX publicado na "História da Arte Portuguesa" (Círculo de Leitores, 1995), foi "o Porto que assinalou no pós-guerra o retomar da imagem de modernidade urbana, com o projecto de um edifício de escritórios da autoria do grupo portuense ARS para a Praça de D. João I com a denominação simbólica de Palácio Atlântico (1946-1950). O edifício representa a imagem da cidade moderna e próspera: a escala imponente de dez pisos é tratada formalmente com uma secura purista, a que a galeria sob pilotis do piso térreo desenhada em duplo pé-direito e o balcão de embasamento fronteiro sob o qual se desenvolve um piso em cave, conjugado com a dimensão e a subtil articulação morfológica da Praça, cujo desnível é brilhantemente explorado, conferem um ambiente de imponente escala urbana, de carácter cosmopolita e contemporâneo, um ambiente de cidade moderna".A edificação do Palácio Atlântico influiu determinantemente na concepção da Praça de D. João I, tal como a conhecemos hoje em dia. De criação recente - não estava prevista no plano elaborado em 1916 por Barry Parker para as artérias de ligação com a Avenida dos Aliados -, a solução urbanística entretanto encontrada passou pela definição de dois níveis, que resolvessem o problema do acentuado declive que aquele terreno apresentava, implantando-se no nível inferior a praça propriamente dita, e no superior, o seu edifício principal, o agora cinquentenário Palácio Atlântico.
28 comentários:
Não vou concorrer para a sua leitura mas muitos parabéns pelas fotografias.
JAC
Blog - "O meu Computador"
(Tecnologias de Informação e Comunicações)
http://o-meu-computador.blogspot.com/
Obrigado, Carlos, por me conduzir o olhar e me forçar a ver o que tantas vezes me passa despercebido.
Já pensou ir ao Palácio da Justiça fotografar os painéis do Camarinha?
Porque será que ninguém olha para cima?! Obrigado Carlos por nos fazeres olhar mais atentamente para a "nossa cidade"!
Quando me apercebi do meu gosto pela fotografia, aprendi que temos que olhar as "coisas" em todas as direcções e de vários ângulos. Só assim teremos uma percepção completa daquilo que nos rodeia! Parabéns pelas fotografias.
que maravilha! faço voz com todos os que agradecem a chamada de atenção. para mim é novidade porque não conhecia!
bjs.
Já passei aí tantas vezes, era pequenita e o meu Pai trabalhava no extinto Banco de Angola...
... parávamos aí a olhar os painéis e, depois seguíamos para o Garça Real (será que ainda existe?)Trouxeste-me gratas recordações...
Um abraço ,)
cego é ter olhos sãos e não ver.
tantas vezes lá passei e nunca dei por semelhante beleza. é a pressa, o stress do dia-a-dia que nos impede de ver o que foi feito para ser contemplado.
obrigado por me "abrirem os olhos".
Por acaso já tentei olhar com toda a atenção, mas o pescoço não aguenta. Vendo assim as fotografias dá dó pensar no que há de belo na cidade e nos passa ao lado.
A propósito, por que estragaram o revestimento da fachada original? E porque eliminaram o belíssimo lago em frente?
Ainda a propósito: alguém é do tempo em que havia um restaurante no último andar, com um belíssimo terraço? E sou eu que deliro, ou já houve uma esplanada na praça, frente a tal lago?
Ora aí vai mais uns conhecidos. O meu Pai trabalhou nesse edifício. Na Gáscidla(iniciadora com outras do que é hoje a Petrogal ou melhor Galp). Porque não concorrer a património mundial?Abraços e obrigado por me recordar a minha meninice.
Praça D. João I - aí está mais um exemplo de ganho com as obras. Tornou-se numa praça muito mais aprazível.
Quanto à interpretação dos paineis, sinto-me incapaz... Fazem parte da minha memória de infância, embora, curiosamente, nunca os tenha apreciado muito...
Funes,
Os painéis do Camarinha são uma boa ideia, eu é que só fotografo aos fins-de-semana. Mesmo assim é cada vez mais difícil fotografar, há proibições a torto e a direito. Umas fazem sentido, outras são absolutamente idiotas, sobretudo quando se trata de bens públicos que não envolvem questões de segurança. Faz sentido a proibição de fotografar na Casa do Infante? Ou terem-me proibido de fotografar a exposição sobre a obra de Marques da Silva, ou a de Artur de Magalhães Basto na Biblioteca Almeida Garrett? E porque é que se pode fotografar livremente em Serralves, ou no Centro Reina Sofia em Madrid? Acho que, frequentemente, os agentes do Estado se apropriam indevidamente das coisas públicas, confundindo a guarda com a posse.
Pepe,
Não conheço o interior do Palácio Atlântico. A fachada era ligeiramente curva, a anunciar a curvatura acentuada que a praça faz com o quarteirão da Rua do Bonjardim. Era aí que ficava o Banco de Angola, como se lembra a Menina_marota. Se não me engano, o edifício, na origem, tinha um revestimento creme, em azulejo. Depois foi vestido de castanho escuro, com chapas metálicas. Agora está branco.
A fonte que foi retirada da Praça D. João I será reconstruída brevemente na Praça Marquês de Pombal.
__________
E agora um apelo, em forma de pergunta: haverá alguém que passe por aqui e que tenha bibliografia sobre os painéis do Palácio Atlântico?
Vim aqui hoje, pela primeira vez, conduzido por mão amiga.
E ainda bem.
Não nasci no Porto mas vivo cá há longos anos. Por isso já é a minha cidade.
E as tuas imagens embora de locais familiares fazem-me redescobrir vivências.
Este teu espaço vai passar a ser uma visita obrigatória.
Carlos,
Aos anos (!!!) que passo pela João I, por baixo dessas arcadas, e nunca me tinha apercebido desses paineis fantásticos. Obrigada CR!
A D.João I, que hoje em dia não atravesso com a frequência de outros tempos, ficará sempre ligada às idas à Tubitek, para vez as últimas novidades do vinil... Tantas horas passadas a ouvir música... bons tempos...
Estas tuas escolhas, não sei pq razão, últimamente têm desencantado algumas recordações bem interessantes...
Grd Abrç para ti,
Pedro Estácio
Eterna
Do lado de lá do rio
Olho o Porto, de tal jeito
Que me faço o desafio
De lhe achar algum defeito.
Do lado de lá do rio
Canto a vida que palpita
Faça calor, faça frio
Nesta cidade bonita...
Passa um rabelo no rio
E a cidade, langorosa
É bela fêmea no cio
Exuberante e vaidosa.
E vêm 'stações, passam anos
Passa a infância, a mocidade
Os amores e os desenganos
Tudo passa na cidade;
E aos passantes da rua
À gente de toda a idade
Chega a morte; álgida, crua
Mas é eterna a cidade!...
Maria Mamede
P.S - A texto não é meu. Apanhei-o na blogosfera e atrevi-me a deixá-lo num pedaço de Porto muito bonito
Muito interessante o seu trabalho de divulgação do Porto. As suas imagens e palavras são obrigatórias para mim...
ET
Espantosamente bonitos, mas também tão espantosamente ocultados!
Vivi aí tantos anos e não consegui ver nada disto!
Obrigada.
Incrível, as vezes que eu já aí entrei sem nunca dar conta!!!!!!
Lindíssimos, de facto.
Bom dia!
Os paineis sao magnificos! É uma pena que estejam tao ao alto, oferecendo tanda dificuldade na sua visualizacao. Deve ser pela tematica paga... Mercurio, Neptuno e a galateia. Os meus deuses preferidos!
Felizmente o teu olho de rapina sabe colher estas perolas para nos oferecer!...
Bjico
tudo impecavel mas para quÊ a publicidade! pop ups...pesadelo!
Mais um serviço generoso, oferecido à comunidade virtual da net e realizado com a habitual mestria fotográfica. Preparo mail para lhe enviar, com dicas sobre o que pergunta.
O painéis são obviamente uma homenagem ao papel histórico da cidade do Porto e o comércio internacional. No primeiro caso temos a "Navegação". Depois as descobertas marítimas, com sereias e cavalos marinhos. A seguir o Comércio e o seu Deus, Mercúrio, o das asas aladas. A pesca é o seguinte e seguem-se mais temas marítimos para culminar com Neptuno e a amada Anfitrite. Tudo isto para nos dar mais dados que o Porto é a cidade que nos deu o nome de "Porto do Graal"... Algo que está esquecido, pois hoje são raros os que olham para cima...
Moro no Porto desde sempre, ou seja desde 1970, a praça D.Joao I sempre foi um sitio por onde passei com muita frequência, já calquinhei aquele passeio milhares de vezes e nunca reparei nesses paineis, mas é certo que da proxima vez que ali passar essa passagem vai ser bem mais demorada do que é habitual... Obrigado...!
Já agora a fonte que existia nessa praça está agora a ser recontruida no novo Jardim do Marquês...
Belo blog e excelente registo. Conheço muito mal o Porto, mas estes paineis já os tinha descoberto, ai na zona há uma loja de fotografia, aliás há algumas, mas uma que frequento com alguma regularidade, fica numa rua perpendicular a esta...
Qunato à origem/historia dos paineis, não sei, nem me atrevo a inventar.
Mas mais uma vez, excelente registo. Parabens.
Palácio do Atlântico, uma obra do modernismo português dos ARS arquitectos. Era bom saber se são contemporâneos ao edifício...
O Projeco do edificio é da autoria do Gabinete "ARS arquitectos", constituido pelos arquitectos Cunha Leão, Fortunato Cabral e Mário Soares, que tinha parcerias com escultores e pintores.
Na qualidade de continuador deste gabinete de arquitectura, com a mesma designação de "ARS arquitectos", é com muito gosto que vejo reproduzidos estes painéis do tecto exterior.
Francisco da Cunha Leão
arquitecto
Vale a pena ler este artigo do PÚBLICO: https://www.publico.pt/2000/12/31/jornal/o-palacio-atlantico-153125?gs_ref=s6o3Lf1fhI-Email&utm_source=Email&utm_medium=ShareButton&utm_campaign=GetSocial
Muito obrigado, Rosário Forjaz. Vou transcrever o artigo, publicado há quase 20 anos, em duas partes, convencido de que o autor, José Manuel Lopes Cordeiro, não se incomodará.
O PALÁCIO ATLÂNTICO - Parte 1
Após uma negociação que durou quase sete anos, o Hospital do Conde de Ferreira passa amanhã para as mãos da Misericórdia do Porto. No entanto, abre-se agora um período transitório e só quando terminar esta fase, em Dezembro de 2001, é que a irmandade assumirá a responsabilidade plena pela unidade de saúde. Os 270 doentes crónicos do hospital permanecerão lá internados nos tempos mais próximos, tendo a Misericórdia já afirmado o compromisso de assegurar cuidados assistenciais àqueles (e serão a maioria) que não puderem ser transferidos para outras unidades.
Completam-se no próximo sábado, dia 6 de Janeiro, cinquenta anos sobre a inauguração do edifício denominado Palácio Atlântico, situado na Praça de D. João I, no Porto. Assistiram então à cerimónia um sem-número de individualidades distritais e nacionais - entre estas, três membros do Governo - tendo a mesma decorrido com enorme solenidade, constituindo deste modo um acontecimento invulgar na vida da cidade.Na alocução proferida durante a cerimónia, muito marcada por uma acentuada tonalidade política, Artur Cupertino de Miranda, presidente do conselho de administração da entidade bancária cujo edifício-sede era então inaugurado, referiu que "o Palácio Atlântico é uma obra dedicada à cidade do Porto, foi nela implantado e domina os seus horizontes, mas, tal como a própria cidade e o país inteiro, tem aquele sentido que reside e se alicerça na alma nacional - o sentido Atlântico, a alma imperial".
Um testemunho dessa "alma imperial" que então se pretendia fixar para a posteridade, reside no tríptico que reveste a parede dianteira do vestíbulo do edifício, da autoria de Jorge Barradas (1895-1971), pintor e ilustrador modernista, que foi também um dos principais responsáveis pela divulgação entre nós desta linguagem artística, na cerâmica e na azulejaria. Tendo por motivo central o Atlântico, apresenta no painel lateral direito o árduo trabalho das vindimas, sublinhando, no país rural dos anos cinquenta, a fonte de riqueza que a vinha então constituía, o denominado "ouro de Portugal".
O PALÁCIO ATLÂNTICO - Parte 2
O terceiro painel - onde não deixou também de estar presente a gesta do jovem emigrante que parte à aventura em busca da fortuna, atraído pelas oportunidades que o Brasil desde há séculos proporcionava -, revela-nos a deslumbrante terra brasileira, através de uma mulher coberta de riquezas, "o bandeirante audaz com o comerciante no encalço, a enfrentarem os perigos, a vencerem as ciladas e a desvendarem os mistérios, tudo acobertado no sertão maciço e infindável", como foi então sublinhado. Era uma homenagem ao país-irmão da América do Sul, e ao mesmo tempo um dos "leitmotive" que a própria instituição assumia como seu e que deste modo pretendia eternizar.O Palácio Atlântico foi concebido pela equipa de arquitectos ARS, que foi fundada no Porto em 1930, por iniciativa de Fernando da Cunha Leão (1909-1990), Mário Cândido de Morais Soares (1908-1975) e António Fortunato Cabral (1903-1978). Esta equipa foi responsável por um numeroso e importante conjunto de obras realizadas na cidade do Porto e na Região Norte, até aos primeiros anos da década de 1950. Segundo o "Dicionário dos Arquitectos" (Afrontamento, 1994) de José Manuel Pedreirinho, "para além da metodologia do projecto em equipa, então ainda pouco divulgada, incluiu igualmente pintores e decoradores, numa prática que ultrapassava os estritos limites da Arquitectura prolongando-se pelos do 'design' gráfico e de mobiliário". Entre as suas obras mais conhecidas contam-se a Igreja de N.ª Sr.ª de Fátima (1934-36), no Porto, o Mercado Municipal de Matosinhos (1936), a Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia e o Mercado do Bom Sucesso (1949-52).Independentemente das considerações políticas - muito marcadas pela conjuntura da época - com que a inauguração do edifício foi apresentada, não há dúvida de que tanto a obra em si como a sua inserção topográfica no conjunto da Praça de D. João I são verdadeiramente notáveis. Como salienta Ana Cristina Tostões, no capítulo sobre a Arquitectura portuguesa do século XX publicado na "História da Arte Portuguesa" (Círculo de Leitores, 1995), foi "o Porto que assinalou no pós-guerra o retomar da imagem de modernidade urbana, com o projecto de um edifício de escritórios da autoria do grupo portuense ARS para a Praça de D. João I com a denominação simbólica de Palácio Atlântico (1946-1950). O edifício representa a imagem da cidade moderna e próspera: a escala imponente de dez pisos é tratada formalmente com uma secura purista, a que a galeria sob pilotis do piso térreo desenhada em duplo pé-direito e o balcão de embasamento fronteiro sob o qual se desenvolve um piso em cave, conjugado com a dimensão e a subtil articulação morfológica da Praça, cujo desnível é brilhantemente explorado, conferem um ambiente de imponente escala urbana, de carácter cosmopolita e contemporâneo, um ambiente de cidade moderna".A edificação do Palácio Atlântico influiu determinantemente na concepção da Praça de D. João I, tal como a conhecemos hoje em dia. De criação recente - não estava prevista no plano elaborado em 1916 por Barry Parker para as artérias de ligação com a Avenida dos Aliados -, a solução urbanística entretanto encontrada passou pela definição de dois níveis, que resolvessem o problema do acentuado declive que aquele terreno apresentava, implantando-se no nível inferior a praça propriamente dita, e no superior, o seu edifício principal, o agora cinquentenário Palácio Atlântico.
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