25 dezembro 2008

Um costume a abater

Celebrar o Natal com o abate de árvores é um costume que deveria ter sido erradicado dos nossos hábitos há muito tempo, por razões sobejamente conhecidas. Veja-se, em La Crónica Verde, a triste história da morte premeditada de um respeitável abeto, com 120 anos de vida e 33 metros de altura, para exibição efémera e natalícia na Praça de S. Pedro, no Vaticano.

12 comentários:

C.C. disse...

Abater, seja o que for é sempre penoso;mas as árvores metálicas com que os nossos autarcas nos «engalanam», não.
Perdoo o «crime» aos italianos, porque a Praça fica muito bonita.
BOM ANO NOVO

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Pois eu não perdoo o Vaticano. A árvore de Natal não é sequer uma tradição de origem cristã associada ao nascimento de Cristo.

As melhores árvores das florestas, anciãos com centenas de anos, devem ser poupadas e não por um qualquer imperativo moral ou ambientalista. Mas porque, entre outros motivos, encerram um património genético ao qual deve ser dada continuidade.

Nenhum nascimento, nem mesmo o de Jesus Cristo, poderá justificar o abate destes monumentos vivos. Afinal, não serão as árvores filhas de Deus?

P.S. - Se o nascimento de Jesus é sinal de alegria, não faria mais sentido celebrar o Natal plantando árvores ao invés de destruir as maiores e mais bonitas?

entreComas disse...

Pois este costume, o do abate de pinheiros, ainda está longe do fim. É só passar na Circunvalação antes do Natal e vê-los alinhadinhos para venda....
Que vergonha!!

Donagata disse...

Concordo plenamente. Para mim não me parece Natal sem árvore. Contudo é de plástico e tem aí uns dez anos....

Teófilo M. disse...

Há por vezes ideias que não devem ser seguidas, esta é apenas mais uma delas.

Mas quando o exemplo vem de cima, é obrigação de quem está em baixo de refilar.

Refilemos, pois!

McBrain disse...

Faço apenas uma pergunta muito ingénua, por desconhecimento...

Há renovação de pinheiros de ano para ano ou não? Ou seja, todo este abate leva inexoravelmente a uma diminuição da população de pinheiros ou não? Isso é que é importante saber...

Em relação ao presente na Praça de S. Pedro, é um caso à parte.. abater um abeto com 120 anos... :-S

C.C. disse...

Claro que os pinheiros se renovam; mas é claro também, que têm um crescimento lento.Na minha região, aqui no norte, fala-se em 50 anos para atingir um porte corpulento, aí uns 80cm ou 1m de diâmetro.A minha Avó, que não era nada poupada na lenha que punha nas lareiras, dizia:« oh minha filha, os pinheiros estão sempre a crescer; tanto crescem de dia como de noite».
Não apoio a destruição, mas entendo que usufruir do que a natureza nos oferece, não é pecado capital.
O abate do Natal não leva a uma diminuição dos pinheiros, porque se criam viveiros especialmente para isso.O que eu entendo ser criminoso, são os fogos do verão que destroem hectares de uma só vez em todas as idades de desenvolvimento da planta,e em sua substituição colocam eucaliptos por razões comerciais de maior rentabilidade, e as sensibilidades não ficam muito perturbadas.

Carlos Romão disse...

CC
Quanto a mim, derrubar um abeto com 120 anos para exibição durante quinze ou vinte dias numa praça, seja a do Vaticano ou outra qualquer, enquadra-se mais na atitude consumista e produtora de lixo característica da época natalícia, do que em qualquer conceito de usufruto da natureza.

C.C. disse...

Carlos Romão
Penso que consumismo é a compra desenfreada de coisas não essenciais e que é despoletada por uma publicidade gananciosa para lucros fáceis.Usufruir da natureza, não é só a comunhão directa com ela, mas sentir também os benefícios de coisas que ela desinteressadamente nos oferece.
Um abeto com 120 anos é uma árvore bela,tal como a praça que Bernini tão genialmente concebeu.É porque não é uma praça qualquer;e é uma época que a igreja, neste caso a católica, deve privilegiar.Ao embelezar ainda mais aquele espaço,está a honrar a arte, a natureza e todos nós.
Gosto bastante do seu blog.Parabéns.

Carlos Romão disse...

CC
Estamos de acordo quanto à definição de consumismo. Quanto ao derrube do abeto, partimos de pressupostos distintos.
Obrigado por visitar A Cidade Surpreendente.

Anónimo disse...

Caro C.C.:

Não concorda que "usufruir" é substancialmente diferente de "abusar"? Porque o que se fez com esse abeto foi um abuso.
Usufruir é plantar couves e fazer sopa com elas. Usufruir é cortar umas quantas árvores para construir uma casa com elas, casa essa que (em teoria) servirá para toda a vida.
Agora... para enfeitar seja o que for? Não, não posso concordar. Ainda para mais porque a dita praça jé é suficientemente bela para precisar de elementos vegetais.

Jinha disse...

Fala-se de abate de árvores na época de Natal e eu quero deixar aqui a todos que me lerem um alerta: a Brisa está a abater TODAS as árvores que ladeiam a auto-estrada. Começou em Aveiro e já chegou ao Porto, mais concretamente à Rua do Campo Alegre, junto de minha casa. Começou hoje e vai continuar amanhã com uma grua que vai instalar no terreno do prédio em que vivo. Só não conseguiu - para já - na zona do Jardim Botânico. É UM ESCÂNDALO!!!! Não há ninguém que os possa impedir de fazer essa atrocidade? Em que cidade/país vivemos?