15 outubro 2010
Paisagens do Douro - S. Salvador do Mundo
Não fora a vegetação, na base da imagem, e, do alto deste miradouro ver-se-ia, como outrora, a 500 metros de profundidade, o local do célebre Cachão da Valeira, um desnível pedregoso que impediu a navegação do Douro para montante até 1792, ano em que foi concluído o seu desmantelamento. A demolição deste obstáculo, que é hoje considerada a primeira grande obra hidráulica no rio Douro, permitiu que o plantio de vinhedos se estendesse até à fronteira espanhola. Antes, o cultivo da vinha era, ali, impraticável pela dificuldade do transporte. O vinho para ser exportado teria de ser levado, em carros de bois, até às alturas da Pesqueira, e daí descer ao Pinhão para embarcar, em rabelos, para Gaia.
Depois da curva da cachoeira, que hoje, após a construção da barragem da Valeira, em 1976, estaria submersa, o Douro corre para ocidente com as margens menos apertadas, como veremos amanhã do alto de outro miradouro, tal como este, situado no concelho de S. João da Pesqueira.
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3 comentários:
Imagens que definem uma região rica em matizes...
Excelentes fotografias.
Adorei
Abraços
Foi no cachão da Valeira que morreu afogado o barão de Forrester, que foi um dos mais importantes dinamizadores da produção vinícola de qualidade no Alto Douro e da exportação do chamado vinho do Porto. Lê-se, nomeadamente, na Wikipedia:
«Em 1861, o barco de Forrester virou-se no Cachão da Valeira, sendo arrastado para o fundo por causa do cinto com dinheiro que levava consigo, nunca tendo sido encontrado o seu corpo. Nessa derradeira viagem, fez-se acompanhar por D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida como "Ferreirinha", que segundo reza a história, não se afogou porque as saias de balão que então vestia, a fizeram flutuar até à margem do Rio Douro.»
(in http://pt.wikipedia.org/wiki/Barão_de_forrester)
Vêem-se, no local onde esta foto foi tomada, muitas giestas com nós.
É o cumprimento de uma velha tradição que mandava que as raparigas casadoiras desejosas de encontrar rapidamente marido deveriam fazer, de costas, um nó numa das muitas giestas que povoam S.Salvador do Mundo, assim chamado, por os homens dos barcos rabelos, encomendarem aí as suas almas antes de passarem o Cachão da Valeira. Hoje já lá não há cachão que as obras efectuadas no século XIX e a construção da barragem no século XX acabaram definitivamente com os riscos da passagem no local. Ainda assim, hoje, quando por lá se passa nos barcos que sobem até Barca d'Alva podemos facilmente imaginar o mêdo que aquele local impunha dada a estreiteza do rio, apesar de os barcos hoje passarem cerca de 3o metros acima do nivel a que o rio corria antes da construção da barragem.
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