10 janeiro 2009
O que fazer num Domingo à tarde?
«O que fazer num Domingo à Tarde?» é o tema do debate que decorrerá amanhã, dia 11, pelas 18h30, no Pitch Club. O debate surge integrado no programa inner city, promovido por alunos da Universidade do Porto, que prevê um ciclo de conferências, tertúlias, concertos e entrevistas onde se abordarão temas da cultura urbana. Para saber mais clique aqui.
Linha do Tua - debate em Bragança
Empenhado em demonstrar que existem alternativas ao desaparecimento de uma das linhas de caminho-de-ferro, de montanha, mais emblemáticas da Europa, o Movimento Cívico pela Linha do Tua promove um debate, no dia 17 em Bragança, subordinado aos temas «Linha e Vale do Tua - Perspectivas» e «Linha do Tua - Desenvolvimento Regional».
O debate, que decorre na altura em que o estudo de impacto ambiental do Aproveitamento Hidroeléctrico de Foz Tua se encontra em discussão pública, contará com as participações, entre outros, de Joanaz de Melo, da associação de defesa do ambiente GEOTA, José Manuel Lopes Cordeiro, Presidente da Associação Portuguesa para o Património Industrial e membro da Direcção do The Industrial Committee for the Conservation of the Industrial Heritage, e de Viviana Rodrigues, autora do esclarecedor estudo «Contribuição para a Interpretação da Paisagem a Partir da Linha do Tua».
O debate, que decorre na altura em que o estudo de impacto ambiental do Aproveitamento Hidroeléctrico de Foz Tua se encontra em discussão pública, contará com as participações, entre outros, de Joanaz de Melo, da associação de defesa do ambiente GEOTA, José Manuel Lopes Cordeiro, Presidente da Associação Portuguesa para o Património Industrial e membro da Direcção do The Industrial Committee for the Conservation of the Industrial Heritage, e de Viviana Rodrigues, autora do esclarecedor estudo «Contribuição para a Interpretação da Paisagem a Partir da Linha do Tua».
05 janeiro 2009
Janelas do Tempo - IV
Rua de Santa Catarina
A fotografia abaixo, da Casa Alvão, não prima pelo enquadramento nem pela beleza. Digamos que seria uma daquelas fotos que hoje, com a facilidade da manipulação digital, apagaríamos por não ter interesse. No entanto, apesar de não se perceber exactamente o que o fotógrafo quis retratar, porque os componentes principais da imagem – a rua de Santa Catarina e o edifício da esquina com a Praça da Batalha – nos aparecem amputados, o tempo concedeu-lhe um estatuto de interesse ao trazer até nós alguns pormenores de um mundo definitivamente desaparecido.
O volume do conjunto de edifícios que compõem o quarteirão em causa, que vai até à Rua de Passos Manuel, não foi muito alterado. A mudança estará nas lojas ao nível da rua e na maneira de vestir dos poucos transeuntes, que se apresentam enchapelados.
No local onde está hoje a Livraria Latina, aquela que ostenta no cunhal o busto de um Camões garboso - da autoria do pintor e escultor António Cruz - vemos uma casa que anuncia Ferragens e Gramofones.
Por Santa Catarina corriam, então, duas linhas de carros eléctricos, o 16 e o 17 que ligavam a Batalha, pela Boavista, a Matosinhos e à Foz.
A escadaria de acesso lateral à Igreja de Santo Ildefonso não tinha ainda sido removida, para dar lugar a duas lojas que, apesar de pequenas, impediram a Porto 2001 de repor - no âmbito da remodelação da Praça da Batalha - o conjunto de escadas, ao pedirem uma indemnização exorbitante.
O Coliseu, cuja torre aparece à direita no alto da foto acima, não tinha sido construído. Este pormenor leva-nos a concluir que a imagem da Casa Alvão é anterior a 1941, ano em que foi inaugurada aquela sala de espectáculos.
A fotografia abaixo, da Casa Alvão, não prima pelo enquadramento nem pela beleza. Digamos que seria uma daquelas fotos que hoje, com a facilidade da manipulação digital, apagaríamos por não ter interesse. No entanto, apesar de não se perceber exactamente o que o fotógrafo quis retratar, porque os componentes principais da imagem – a rua de Santa Catarina e o edifício da esquina com a Praça da Batalha – nos aparecem amputados, o tempo concedeu-lhe um estatuto de interesse ao trazer até nós alguns pormenores de um mundo definitivamente desaparecido.
O volume do conjunto de edifícios que compõem o quarteirão em causa, que vai até à Rua de Passos Manuel, não foi muito alterado. A mudança estará nas lojas ao nível da rua e na maneira de vestir dos poucos transeuntes, que se apresentam enchapelados.
No local onde está hoje a Livraria Latina, aquela que ostenta no cunhal o busto de um Camões garboso - da autoria do pintor e escultor António Cruz - vemos uma casa que anuncia Ferragens e Gramofones.
Por Santa Catarina corriam, então, duas linhas de carros eléctricos, o 16 e o 17 que ligavam a Batalha, pela Boavista, a Matosinhos e à Foz.
A escadaria de acesso lateral à Igreja de Santo Ildefonso não tinha ainda sido removida, para dar lugar a duas lojas que, apesar de pequenas, impediram a Porto 2001 de repor - no âmbito da remodelação da Praça da Batalha - o conjunto de escadas, ao pedirem uma indemnização exorbitante.
O Coliseu, cuja torre aparece à direita no alto da foto acima, não tinha sido construído. Este pormenor leva-nos a concluir que a imagem da Casa Alvão é anterior a 1941, ano em que foi inaugurada aquela sala de espectáculos.
01 janeiro 2009
28 dezembro 2008
Gilreu, o rochedo milenar...
... fustigado pelo vento gelado e pela chuva, antes de ser engolido pela escuridão da noite sob a escolta de dois navios perfilados no horizonte.
25 dezembro 2008
Um costume a abater
Celebrar o Natal com o abate de árvores é um costume que deveria ter sido erradicado dos nossos hábitos há muito tempo, por razões sobejamente conhecidas. Veja-se, em La Crónica Verde, a triste história da morte premeditada de um respeitável abeto, com 120 anos de vida e 33 metros de altura, para exibição efémera e natalícia na Praça de S. Pedro, no Vaticano.
23 dezembro 2008
08 dezembro 2008
Janelas do Tempo - III
Um instantâneo de Aurélio da Paz dos Reis em 31 de Janeiro
A figura central da fotografia abaixo - o homem inclinado, de cartola, casaca e luvas – serviu de símbolo na campanha de divulgação da exposição Manual do Cidadão Aurélio da Paz dos Reis, que esteve patente no Centro Português de Fotografia em Dezembro de 1998.
A mostra deu a conhecer ao grande público, creio que pela primeira vez, a figura ímpar desse portuense ilustre que, para além de ter sido o primeiro português a rodar a manivela de uma câmara de filmar em Portugal, foi também fotógrafo amador, revolucionário por idealismo e floricultor de profissão.
Se dos filmes que rodou poucos sobraram – foram queimados pelos filhos, que muito se devem ter divertido com a chama produzida pelos rolos de nitrato de celulose auto-inflamáveis – o seu espólio fotográfico, constituído por cerca de nove mil negativos e uns milhares de positivos, está hoje bem guardado no Centro Português de Fotografia.
Regressando à imagem, ao redor do cavalheiro da cartola com ar curioso há mais três personagens mirando a câmara fotográfica, aparelho que era uma novidade na época: um adolescente que figura com naturalidade envergando um chapéu palhinhas; um indivíduo que parece posar conscientemente para o retrato e uma figura feminina espreitando, protegida por uma sombrinha, que terá entrado no plano no último momento antes do disparo, completando o cunho instantâneo da imagem, uma das características das fotografias de Aurélio da Paz dos Reis (1862-1931), por oposição, por exemplo, aos enquadramentos cenográficos de Domingos Alvão (1872-1946).
A avaliar pelos trajes dos personagens, a fotografia deverá ter sido tirada entre o final do século XIX e os primeiros anos do século XX. Provavelmente retrata um acontecimento social que terá concentrado aquela pequena multidão no cimo da rua, que então tinha o nome de Santo António. Após o 5 de Outubro de 1910 a rua passou a chamar-se 31 de Janeiro, por ali ter ocorrido um dos episódios mais aflitivos da primeira tentativa de implantação da República, em 1891, acontecimento que teve a participação de Aurélio, o nosso fotógrafo.
A grande diferença entre as duas fotografias, separadas por cerca de cem anos, é a substituição das pessoas por veículos automóveis. De resto, o primeiro e o segundo edifício, do lado direiro das fotos, são os mesmos, assim como os do fundo, onde se mantêm uma empena vazia e uma clarabóia como pormenores assinaláveis; o terceiro edifício foi substituído por outro mais alto, construído em betão. Completando as alterações, a fachada da Igreja de Santo Ildefonso foi revestida, em 1932, por azulejos do prestigiado ceramista Jorge Colaço.
A figura central da fotografia abaixo - o homem inclinado, de cartola, casaca e luvas – serviu de símbolo na campanha de divulgação da exposição Manual do Cidadão Aurélio da Paz dos Reis, que esteve patente no Centro Português de Fotografia em Dezembro de 1998.
A mostra deu a conhecer ao grande público, creio que pela primeira vez, a figura ímpar desse portuense ilustre que, para além de ter sido o primeiro português a rodar a manivela de uma câmara de filmar em Portugal, foi também fotógrafo amador, revolucionário por idealismo e floricultor de profissão.
Se dos filmes que rodou poucos sobraram – foram queimados pelos filhos, que muito se devem ter divertido com a chama produzida pelos rolos de nitrato de celulose auto-inflamáveis – o seu espólio fotográfico, constituído por cerca de nove mil negativos e uns milhares de positivos, está hoje bem guardado no Centro Português de Fotografia.
Regressando à imagem, ao redor do cavalheiro da cartola com ar curioso há mais três personagens mirando a câmara fotográfica, aparelho que era uma novidade na época: um adolescente que figura com naturalidade envergando um chapéu palhinhas; um indivíduo que parece posar conscientemente para o retrato e uma figura feminina espreitando, protegida por uma sombrinha, que terá entrado no plano no último momento antes do disparo, completando o cunho instantâneo da imagem, uma das características das fotografias de Aurélio da Paz dos Reis (1862-1931), por oposição, por exemplo, aos enquadramentos cenográficos de Domingos Alvão (1872-1946).
A avaliar pelos trajes dos personagens, a fotografia deverá ter sido tirada entre o final do século XIX e os primeiros anos do século XX. Provavelmente retrata um acontecimento social que terá concentrado aquela pequena multidão no cimo da rua, que então tinha o nome de Santo António. Após o 5 de Outubro de 1910 a rua passou a chamar-se 31 de Janeiro, por ali ter ocorrido um dos episódios mais aflitivos da primeira tentativa de implantação da República, em 1891, acontecimento que teve a participação de Aurélio, o nosso fotógrafo.
A grande diferença entre as duas fotografias, separadas por cerca de cem anos, é a substituição das pessoas por veículos automóveis. De resto, o primeiro e o segundo edifício, do lado direiro das fotos, são os mesmos, assim como os do fundo, onde se mantêm uma empena vazia e uma clarabóia como pormenores assinaláveis; o terceiro edifício foi substituído por outro mais alto, construído em betão. Completando as alterações, a fachada da Igreja de Santo Ildefonso foi revestida, em 1932, por azulejos do prestigiado ceramista Jorge Colaço.
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