UMA para um filminho feito por quem gosta de ver passar comboios, intitulado Somar recursos mantendo soluções.
A OUTRA, para uma visita à estação ferroviária de Barca d'Alva (ou ao que dela resta), nos confins da sempiterna e resistente (às machadadas do poder central) Linha do Douro, através do imaginário concreto de Jorge Rego, o autor dos Caminhos de Ferro Vale da Fumaça.
03 setembro 2009
02 setembro 2009
Uma ponte tributária das pontes metálicas do Porto
A escassos quilómetros do local onde o rio Douro começa a desenhar a fronteira entre Portugal e Espanha, existe uma ponte em tudo parecida com as pontes metálicas do Porto.
A Ponte de Requejo - nome do político que impulsionou a construção da estrada onde está inserida - liga as aldeias de Villadepera, em Sayago, com Pino del Oro, em Aliste, na região de Zamora. Foi projectada por José Eugenio Ribera (1864-1936), um nome grande da engenharia espanhola que viveu na juventude em Portugal, numa altura em que o caminho-de-ferro conheceu um grande desenvolvimento no norte do país.
Aqui, Ribera terá conhecido as pontes do Porto. A placa informativa junto da ponte assim o sugere, ao informar-nos que aquela obra de engenharia foi inspirada na «arquitectura de Eiffel», referindo-se, provavelmente, à Ponte Maria Pia que, como sabemos, foi projectada por Théophile Seyrig (1843-1923) e construída pela empresa que este engenheiro fundou, em 1869, com Gustave Eiffel. Seyrig, que continua a ser referido erradamente como discípulo de Eiffel, foi também o projectista da Ponte Luís I, construída pela empresa belga Société de Willebroeck.
Entre a apresentação do projecto da Ponte de Requejo, em 1897, e o início da sua construção decorreram cinco anos. Aos primeiros concursos públicos para a execução da ponte não apareceu nenhuma empresa, devido às dificuldades que o projecto apresentava. Finalmente, em 1902, a obra arrancava para estar concluída apenas em 1914, ano da sua inauguração.
Apesar de ser mais pequena do que as congéneres do Porto, a ponte é uma construção ousada, notável com os seus 120 metros de vão, 190 metros de comprimento do tabuleiro e o peso de 450 toneladas de aço. Quando foi inaugurada estava 90 metros acima do nível da água do Douro. Na época foi considerada como um marco da engenharia espanhola da construção de pontes. Hoje, devido à falta de manutenção, a sua estrutura apresenta algumas fragilidades, o que não tem impedido que continue a cumprir a sua função de facilitar a travessia do Douro na região mais pobre e deprimida de Espanha.
A Ponte de Requejo - nome do político que impulsionou a construção da estrada onde está inserida - liga as aldeias de Villadepera, em Sayago, com Pino del Oro, em Aliste, na região de Zamora. Foi projectada por José Eugenio Ribera (1864-1936), um nome grande da engenharia espanhola que viveu na juventude em Portugal, numa altura em que o caminho-de-ferro conheceu um grande desenvolvimento no norte do país.
Aqui, Ribera terá conhecido as pontes do Porto. A placa informativa junto da ponte assim o sugere, ao informar-nos que aquela obra de engenharia foi inspirada na «arquitectura de Eiffel», referindo-se, provavelmente, à Ponte Maria Pia que, como sabemos, foi projectada por Théophile Seyrig (1843-1923) e construída pela empresa que este engenheiro fundou, em 1869, com Gustave Eiffel. Seyrig, que continua a ser referido erradamente como discípulo de Eiffel, foi também o projectista da Ponte Luís I, construída pela empresa belga Société de Willebroeck.
Entre a apresentação do projecto da Ponte de Requejo, em 1897, e o início da sua construção decorreram cinco anos. Aos primeiros concursos públicos para a execução da ponte não apareceu nenhuma empresa, devido às dificuldades que o projecto apresentava. Finalmente, em 1902, a obra arrancava para estar concluída apenas em 1914, ano da sua inauguração.
Apesar de ser mais pequena do que as congéneres do Porto, a ponte é uma construção ousada, notável com os seus 120 metros de vão, 190 metros de comprimento do tabuleiro e o peso de 450 toneladas de aço. Quando foi inaugurada estava 90 metros acima do nível da água do Douro. Na época foi considerada como um marco da engenharia espanhola da construção de pontes. Hoje, devido à falta de manutenção, a sua estrutura apresenta algumas fragilidades, o que não tem impedido que continue a cumprir a sua função de facilitar a travessia do Douro na região mais pobre e deprimida de Espanha.
22 agosto 2009
Janelas do Tempo - VIII
Uma vista do Douro a partir dos Jardins do Palácio de Cristal
A primeira observação que me ocorre, ao olhar esta imagem, é que a debandada da população do Porto para os concelhos limítrofes ainda não tinha começado quando a fotografia foi tirada no final dos anos quarenta por Fernando Tavares Romão, meu pai, que foi, na juventude, um excelente fotógrafo amador.
Gaia, que hoje alberga mais gente do que o Porto, aparece então menos povoada à beira-rio e na parte alta, na Avenida da República, que daqui se adivinha ladeada por moradias. Os muros, em granito, de contenção do morro onde assenta o Mosteiro da Serra do Pilar não tinham ainda sido construídos.
O conjunto de barcaças negras paradas junto do edifício da Alfândega constitui um testemunho da actividade que o porto do Douro então tinha, actividade que, com o tempo, foi transferida para Leixões. O movimento fluvial de hoje aparece ilustrado, na foto de baixo, por uma imitação motorizada de um rabelo que transporta turistas, embarcação a que Arnaldo Vieira, arrais de rabões, barqueiro, pescador do rio e um dos protagonistas da Arquitectura do Rabelo, reduzia, com humor, à condição de «saboneteira».
De resto as imagens, que não nos revelam grandes diferenças na margem direita, permitem-nos, no entanto, observar que os plátanos do muro das Virtudes eram pequenos e promissores, como se pode verificar nas belíssimas copas que hoje são uma das preciosidades daquele local, enquanto que aqueles que estão diante da Alfândega seriam já adultos quando a fotografia foi tirada há sessenta e tal anos.
A primeira observação que me ocorre, ao olhar esta imagem, é que a debandada da população do Porto para os concelhos limítrofes ainda não tinha começado quando a fotografia foi tirada no final dos anos quarenta por Fernando Tavares Romão, meu pai, que foi, na juventude, um excelente fotógrafo amador.
Gaia, que hoje alberga mais gente do que o Porto, aparece então menos povoada à beira-rio e na parte alta, na Avenida da República, que daqui se adivinha ladeada por moradias. Os muros, em granito, de contenção do morro onde assenta o Mosteiro da Serra do Pilar não tinham ainda sido construídos.
O conjunto de barcaças negras paradas junto do edifício da Alfândega constitui um testemunho da actividade que o porto do Douro então tinha, actividade que, com o tempo, foi transferida para Leixões. O movimento fluvial de hoje aparece ilustrado, na foto de baixo, por uma imitação motorizada de um rabelo que transporta turistas, embarcação a que Arnaldo Vieira, arrais de rabões, barqueiro, pescador do rio e um dos protagonistas da Arquitectura do Rabelo, reduzia, com humor, à condição de «saboneteira».
De resto as imagens, que não nos revelam grandes diferenças na margem direita, permitem-nos, no entanto, observar que os plátanos do muro das Virtudes eram pequenos e promissores, como se pode verificar nas belíssimas copas que hoje são uma das preciosidades daquele local, enquanto que aqueles que estão diante da Alfândega seriam já adultos quando a fotografia foi tirada há sessenta e tal anos.
19 agosto 2009
Eixo do barroco
Anteontem descemos 31 de Janeiro deixando para trás a silhueta feminina que se cruzou connosco apressadamente. Estamos agora perante o imponente conjunto da Igreja e da Torre dos Clérigos, recortado no céu pelo sol oblíquo das cinco horas da tarde deste dia de Agosto. Aqui, o edifício oitocentista da Praça da Liberdade, com o vaso ornamental de granito equilibrado no topo, parece querer competir em altura com a torre da qual Jorge de Sena escreveu um dia querer uma, «como esta, assim alta», para a sua própria alma. Os Clérigos, no entanto, olham por cima da Praça competindo, isso sim, com outra igreja altaneira, a de Santo Ildefonso, que completa este admirável eixo do barroco portuense do lado oposto, no cimo de 31 de Janeiro.
17 agosto 2009
12 agosto 2009
11 agosto 2009
06 agosto 2009
Janelas do Tempo - VII
Duas locomotivas e duas estações da antiga linha dos Caminhos de Ferro do Porto à Póvoa de Varzim
O tempo que separa as duas imagens abaixo, do mesmo local na Avenida da França, é de 41 anos.
No final dos anos 70 ainda existia ali uma antiga passagem de nível com guarda, composta por duas cancelas compridas que rodavam, chiando, sobre carris para dar passagem aos automóveis. A avenida era então pacata e silenciosa. E mal iluminada durante a noite, também. O sossego era devido aos automobilistas não gostarem de passar por lá para não correrem o risco de encontrar a passagem de nível fechada, o que, à mistura com a vegetação que se desprendia dos jardins das casas, a tornava num local muito agradável para percorrer a pé.
A construção, no início dos anos 80, de uma passagem rodoviária inferior à linha do comboio veio alterar o cenário anterior. O piso de paralelepípedos irregulares foi substituído por asfalto, a iluminação alterada, os passeios mudados, acabando a rua integrada no bulício da Boavista.
A fase actual, da fotografia, corresponde às alterações que resultaram da integração da linha ferroviária na rede do Metro do Porto em 2002. A rodovia subiu para o nível da rua e o metro desceu, passando a circular numa vala de acesso à estação, que também mudou a denominação de Avenida da França para Casa da Música.
Voltando atrás, ao tempo da passagem de nível. Se tivermos presente que a primeira locomotiva foi criada no Reino Unido em 1804, que a primeira viagem ferroviária em Portugal ocorreu em 1856 - entre Lisboa e o Carregado - e que em 1968 ainda circulavam regularmente composições a vapor no Porto, veremos como foi longo, de mais de um século, o reinado destas máquinas fantásticas de transporte ferroviário.
Na imagem de Brian Stephenson, o excelente fotógrafo que expõe em RailPictures.Net, observamos a locomotiva E141, proveniente da Póvoa de Varzim, partindo, às 13h15 de 26 de Maio de 1968, da Estação da Avenida da França em direcção à Trindade em pleno centro do Porto. Em sentido contrário, representando outra época da locomoção, vê-se uma automotora Allen. Estas são indicações do autor da imagem. Infelizmente, o RailPictures.Net não permite hiperligações directas para as obras dos fotógrafos.
A E141 fez parte de um lote de quatro locomotivas a vapor compradas em 1931 pela Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal ao construtor Henschel & Sohn. Foram as últimas máquinas adquiridas pela companhia e as últimas em Portugal compradas para a via estreita. Circulou nas linhas do Porto à Póvoa de Varzim e Guimarães, tornando o serviço prestado mais confortável, mais rápido e regular. Existe um exemplar deste conjunto, a E144, conservado no Espaço Museológico de Lousado.
No mesmo dia luminoso de Maio de há 41 anos, Brian Stephenson esteve também na Estação da Trindade registando, para nosso usufruto, o abastecimento de água da locomotiva E84, construída em 1886, que tinha acabado de chegar da Senhora da Hora. Por baixo daquele local passa hoje o túnel do metro que liga a Trindade à estação do Bolhão.
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