27 novembro 2009
O Vista Douro
Parece um rebocador mas não é. É o Vista Douro, um dos barcos que transportam turistas rio acima entre o Porto e a Régua. Com 24 metros de comprimento tem capacidade para 120 pessoas. Ei-lo cruzando a Ponte Luís I a caminho do cais de Gaia.
18 novembro 2009
Janelas do Tempo - IX
Duas pontes históricas do Porto
A imagem abaixo tem a particularidade de nos mostrar a Ponte Pênsil a par da Ponte Luís I o que deverá fazer dela uma raridade fotográfica dado que as duas pontes coexistiram durante um curto período de tempo, entre 1886 e 1887. Foi tirada por George Tait, a partir do local onde é hoje o Jardim do Morro - tal como a fotografia contemporânea que pretende mostrar o mesmo sítio nos dias de hoje.
Sobre a Ponte Pênsil, baptizada com o nome de D. Maria II, que caiu no olvido, diz-nos o Diário Ilustrado em 1843, ano da abertura da ponte:
«A ponte é de bela construção e elegante perspectiva. Eleva-se 10 metros sobre o rio, tem de comprimento 170,14m e de largura 6m (…) e descansa sobre quatro obeliscos de pedra de 18m de altura, dois de cada lado. (…) O pavimento da ponte está suspenso de oito amarras, quatro por banda, feitas com duzentos e vinte fios de ferro cada uma. (…) Essas amarras, passando por cima dos obeliscos, vão entrar em poços abertos verticalmente na rocha viva, com a profundidade de 8m do lado da cidade e de 14m do lado da vila. Cada amarra pesa 6 mil quilogramas.
As guardas dos lados são feitas em troncos quadrados de carvalho, de 1,50m de comprimento, dispostas em cruz e solidamente pegadas no solho da ponte.
O panorama que se goza do meio da ponte, quer se olhe para o nascente, quer para o poente, é magnífico.»
Apesar do entusiasmo que perpassa pela pena do redactor do Diário Ilustrado, e da Ponte Pênsil representar uma franca melhoria na travessia do Douro, ao substituir a flutuante Ponte das Barcas, a população da cidade e o poder político olharam-na de soslaio. Achavam-na insegura por «tremer como varas verdes», segundo uns, e por estar «muito próxima da água», segundo outros. A espera por outra ponte durou, no entanto, quarenta anos, e esta surgiu, talvez, mais por força da fervilhante actividade comercial e industrial que o Porto do final do século XIX vivia, do que pelos medos populares.
Em 1880 é dado o primeiro passo para acabar com o delirium tremens da travessia. Nesse ano, segundo O Tripeiro, foi aberto o concurso para a construção de «uma ponte de dois tabuleiros, servindo o inferior a parte ribeirinha da cidade e de Vila Nova de Gaia, e o superior, estendendo-se entre as proximidades da rua Chã e Santo António do Penedo na margem direita, até à parte inferior da fortaleza da Serra do Pilar».
A inauguração do tabuleiro superior da ponte Luís I aconteceu em 31 de Outubro de 1886. Um ano depois, em Outubro de 1887, após a abertura de uma passagem provisória no tabuleiro inferior da nova ponte, deu-se o fim do curto reinado de 43 anos da Ponte Pênsil com o início da sua demolição.
A imagem abaixo tem a particularidade de nos mostrar a Ponte Pênsil a par da Ponte Luís I o que deverá fazer dela uma raridade fotográfica dado que as duas pontes coexistiram durante um curto período de tempo, entre 1886 e 1887. Foi tirada por George Tait, a partir do local onde é hoje o Jardim do Morro - tal como a fotografia contemporânea que pretende mostrar o mesmo sítio nos dias de hoje.
Sobre a Ponte Pênsil, baptizada com o nome de D. Maria II, que caiu no olvido, diz-nos o Diário Ilustrado em 1843, ano da abertura da ponte:
«A ponte é de bela construção e elegante perspectiva. Eleva-se 10 metros sobre o rio, tem de comprimento 170,14m e de largura 6m (…) e descansa sobre quatro obeliscos de pedra de 18m de altura, dois de cada lado. (…) O pavimento da ponte está suspenso de oito amarras, quatro por banda, feitas com duzentos e vinte fios de ferro cada uma. (…) Essas amarras, passando por cima dos obeliscos, vão entrar em poços abertos verticalmente na rocha viva, com a profundidade de 8m do lado da cidade e de 14m do lado da vila. Cada amarra pesa 6 mil quilogramas.
As guardas dos lados são feitas em troncos quadrados de carvalho, de 1,50m de comprimento, dispostas em cruz e solidamente pegadas no solho da ponte.
O panorama que se goza do meio da ponte, quer se olhe para o nascente, quer para o poente, é magnífico.»
Apesar do entusiasmo que perpassa pela pena do redactor do Diário Ilustrado, e da Ponte Pênsil representar uma franca melhoria na travessia do Douro, ao substituir a flutuante Ponte das Barcas, a população da cidade e o poder político olharam-na de soslaio. Achavam-na insegura por «tremer como varas verdes», segundo uns, e por estar «muito próxima da água», segundo outros. A espera por outra ponte durou, no entanto, quarenta anos, e esta surgiu, talvez, mais por força da fervilhante actividade comercial e industrial que o Porto do final do século XIX vivia, do que pelos medos populares.
Em 1880 é dado o primeiro passo para acabar com o delirium tremens da travessia. Nesse ano, segundo O Tripeiro, foi aberto o concurso para a construção de «uma ponte de dois tabuleiros, servindo o inferior a parte ribeirinha da cidade e de Vila Nova de Gaia, e o superior, estendendo-se entre as proximidades da rua Chã e Santo António do Penedo na margem direita, até à parte inferior da fortaleza da Serra do Pilar».
A inauguração do tabuleiro superior da ponte Luís I aconteceu em 31 de Outubro de 1886. Um ano depois, em Outubro de 1887, após a abertura de uma passagem provisória no tabuleiro inferior da nova ponte, deu-se o fim do curto reinado de 43 anos da Ponte Pênsil com o início da sua demolição.
13 novembro 2009
09 novembro 2009
05 novembro 2009
Um poema de Minês Castanheira ...
... dito ontem por José Carlos Tinoco, acompanhado pelo improviso, ao piano, de Marco Figueiredo, no Labirintho.
Tenho uma cidade inteira
no livro de bolso.
Uma esquina de segredos que eram a meias
e se escaparam num rasgão,
naquele desencontro ou noutro. Tenho
uma cidade inteira no bolso e levo escondidas
no casaco noites como aquela - em que à conta de
atravessarmos as árvores e arrancarmos raízes,
trocámos os cheiros da terra por histórias
que não precisam de chão. Passámos a ter janelas
para dentro
no lugar dos botões.
Tenho uma cidade de costuras
pouco urbanas,
de buracos remendados com má caligrafia. Tenho
vírgulas gastas, travessões que ninguém quer
a pontuar os encontros nas ruas, quando
destas ruas ainda se faziam margens
para nos esperarmos uns aos outros.
Tenho uma aldeia que se ergue à altura dos olhos
e contorna rotundas com alfinetes de betão.
Tenho uma cidade no bolso.
De contrabando.
Para saber mais sobre a autora consulte o Blogue Literário do Porto
Tenho uma cidade inteira
no livro de bolso.
Uma esquina de segredos que eram a meias
e se escaparam num rasgão,
naquele desencontro ou noutro. Tenho
uma cidade inteira no bolso e levo escondidas
no casaco noites como aquela - em que à conta de
atravessarmos as árvores e arrancarmos raízes,
trocámos os cheiros da terra por histórias
que não precisam de chão. Passámos a ter janelas
para dentro
no lugar dos botões.
Tenho uma cidade de costuras
pouco urbanas,
de buracos remendados com má caligrafia. Tenho
vírgulas gastas, travessões que ninguém quer
a pontuar os encontros nas ruas, quando
destas ruas ainda se faziam margens
para nos esperarmos uns aos outros.
Tenho uma aldeia que se ergue à altura dos olhos
e contorna rotundas com alfinetes de betão.
Tenho uma cidade no bolso.
De contrabando.
Para saber mais sobre a autora consulte o Blogue Literário do Porto
26 outubro 2009
25 outubro 2009
24 outubro 2009
Porto
Porto
Portu
gal de cinza e pedra, crista
de rio e mar. Canto (de pe
dra, ainda) escuro (escura).
garra de
semânticas asas. Porto
e navio de âncoras
erguidas,
soterradas.
Porto 2
Coração que do rio
o sangue e a música retira.
gaivota de pedra,
navio
e lira.
Albano Martins
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