15 dezembro 2009

Praça dos Leões



Das bocas dos leões pode jorrar a água,
das suas pestanas pode tombar o rímel,
dos seus dedos anéis sobre os cinzeiros,
da minha boca a língua
a comer-lhe o baton,
dos meus braços as mãos, circunscrevendo-a.

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Estamos encerrados numa praça
cercada de armazéns, igrejas, austeros edifícios,
comércios de remotíssimos parentes
de trigo enchendo os navios para Cuba,
arruinando-se.

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Sucede isto no Porto,
uma cidade onde os destinos pesam muito
e as quimeras de bronze só mitigam
a sede secular de eternas pombas.

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Nunca, nesse lugar, as bocas se encontraram.

António Rebordão Navarro

11 dezembro 2009

O 22







Sobre a história dos eléctricos do Porto consulte a interessante e completa página de Ernst Kers, Os Eléctricos do Porto, e também a do Museu do Carro Eléctrico.

27 novembro 2009

O Vista Douro



Parece um rebocador mas não é. É o Vista Douro, um dos barcos que transportam turistas rio acima entre o Porto e a Régua. Com 24 metros de comprimento tem capacidade para 120 pessoas. Ei-lo cruzando a Ponte Luís I a caminho do cais de Gaia.

18 novembro 2009

Janelas do Tempo - IX

Duas pontes históricas do Porto

A imagem abaixo tem a particularidade de nos mostrar a Ponte Pênsil a par da Ponte Luís I o que deverá fazer dela uma raridade fotográfica dado que as duas pontes coexistiram durante um curto período de tempo, entre 1886 e 1887. Foi tirada por George Tait, a partir do local onde é hoje o Jardim do Morro - tal como a fotografia contemporânea que pretende mostrar o mesmo sítio nos dias de hoje.

Fotografia de George Tait - séc. XIX



Sobre a Ponte Pênsil, baptizada com o nome de D. Maria II, que caiu no olvido, diz-nos o Diário Ilustrado em 1843, ano da abertura da ponte:

«A ponte é de bela construção e elegante perspectiva. Eleva-se 10 metros sobre o rio, tem de comprimento 170,14m e de largura 6m (…) e descansa sobre quatro obeliscos de pedra de 18m de altura, dois de cada lado. (…) O pavimento da ponte está suspenso de oito amarras, quatro por banda, feitas com duzentos e vinte fios de ferro cada uma. (…) Essas amarras, passando por cima dos obeliscos, vão entrar em poços abertos verticalmente na rocha viva, com a profundidade de 8m do lado da cidade e de 14m do lado da vila. Cada amarra pesa 6 mil quilogramas.
As guardas dos lados são feitas em troncos quadrados de carvalho, de 1,50m de comprimento, dispostas em cruz e solidamente pegadas no solho da ponte.
O panorama que se goza do meio da ponte, quer se olhe para o nascente, quer para o poente, é magnífico.»

Apesar do entusiasmo que perpassa pela pena do redactor do Diário Ilustrado, e da Ponte Pênsil representar uma franca melhoria na travessia do Douro, ao substituir a flutuante Ponte das Barcas, a população da cidade e o poder político olharam-na de soslaio. Achavam-na insegura por «tremer como varas verdes», segundo uns, e por estar «muito próxima da água», segundo outros. A espera por outra ponte durou, no entanto, quarenta anos, e esta surgiu, talvez, mais por força da fervilhante actividade comercial e industrial que o Porto do final do século XIX vivia, do que pelos medos populares.

Em 1880 é dado o primeiro passo para acabar com o delirium tremens da travessia. Nesse ano, segundo O Tripeiro, foi aberto o concurso para a construção de «uma ponte de dois tabuleiros, servindo o inferior a parte ribeirinha da cidade e de Vila Nova de Gaia, e o superior, estendendo-se entre as proximidades da rua Chã e Santo António do Penedo na margem direita, até à parte inferior da fortaleza da Serra do Pilar».

A inauguração do tabuleiro superior da ponte Luís I aconteceu em 31 de Outubro de 1886. Um ano depois, em Outubro de 1887, após a abertura de uma passagem provisória no tabuleiro inferior da nova ponte, deu-se o fim do curto reinado de 43 anos da Ponte Pênsil com o início da sua demolição.