08 março 2005

Não nasci por acaso nestas pedras...



Poema

(O Eugénio de Andrade espera-me num Café. Atravesso as ruas do Porto - a cidade onde nasci - com os punhos cerrados de dor.)


Não nasci por acaso nestas pedras
mas para aprender dureza,
lume excedido,
coragem de mãos lúcidas.

Aqui no avesso da construção dos tempos
a palavra liberdade
é menos secreta.

Anda nos olhos da rua,
pega lanças aos gestos,
tira punhais das lágrimas,
conclui as manhãs.

E principalmente
não cheira a museu azedo
ou musgo embalado
pela chuva da boca dos mortos.

Começa nos cabelos das crianças
para me sentir mais nascido nestas pedras.

Porto
- cidade de luz de granito.

Tristeza de luz viril
com punhos de grito.

José Gomes Ferreira

2 comentários:

Dinada disse...

A fotografia perfeita para um texto sublime.

Adorei.

sombra_arredia disse...

bela demais esta foto
belo demais este blog
;)

http://soppro.blogspot.com