«Daniel Conde, no Diário de Notícias (via A Baixa do Porto):
"Há algo de podre no vale do Tua, e não é o fantasma do futuro a trazer um travo a esgoto das águas eutrofizadas da albufeira do Tua.
Há algo de errado quando um Estudo de Impacto Ambiental e um Relatório de Conformidade Ambiental de Projecto de Execução (RECAPE) afirmam numa base científica que a barragem vai ser desastrosa a nível regional e insignificante a nível nacional, mas a barragem avança.
Há algo de errado quando a Linha do Tua tem vindo a ser abandonada ou mesmo mencionada no caso Face Oculta, mas a culpa da má manutenção da via e estações é atirada como que para os próprios utentes que a utilizam. Há algo de muito errado quando um consultor da UNESCO afirma deslumbrado que a Linha do Tua tem todas as condições para ser considerada Património da Humanidade, reiterando o que disse o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Ifespar) sobre o seu valor patrimonial único, mas depois os ministérios do ambiente e da cultura (e depois o próprio Igespar) concluem que nem o vale nem a Linha do Tua têm valor patrimonial ou ambiental algum, arquivando com uma celeridade desconcertante o processo de classificação desta como Património Nacional.
Algo não está bem quando os comboios da Linha do Tua ficam sobrelotados de turistas, quando o Plano Estratégico Nacional de Turismo e o Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte prevêem maravilhas turísticas para esta região, e quando um projecto de turismo ferroviário para a Linha do Tua fica em terceiro lugar num concurso nacional de empreendedorismo, e a CP e a Refer fecham as portas à sua exploração turística.
Algo de muito errado se passa quando com um projecto ferroviário de baixo custo se poria um madrileno em Bragança em duas horas, e nos debates havidos em Trás-os-Montes sobre desenvolvimento ninguém diz uma palavra sobre caminhos-de-ferro.
Muito mal vai o estado da Democracia quando a voz de 18 mil peticionantes contra a construção da barragem do Tua e a favor da reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua, defendendo inclusivamente métodos alternativos mais baratos e mais eficientes de produção e poupança de energia, não é ouvida ou não é suficiente para calar a de meia dúzia de indivíduos mal intencionados e de carácter duvidoso.
A lista de incongruências, atropelos, e laivos de actividades amplamente contempladas no Código Penal avoluma-se. Vagas de estudos científicos e pareceres de especialistas - de entre os quais UNESCO e Comissão Europeia - que apontam um severo dedo à barragem do Tua e coroam de louros o vale e a Linha do Tua, esboroam-se com um rumor de espuma do mar contra sabe-se lá que perigosos rochedos e contracorrentes.
Chegados a este ponto é lícito perguntar: em que mundos vive o Ministério Público e a PJ, ou será que o vale e a Linha do Tua é que já não pertencem a este mundo? Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto fede...»
03 dezembro 2010
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8 comentários:
Fede sim, e só não vê quem não quer: o poder político em Portugal está nas mãos de organizações partidárias (duas no mínimo) com uma longa experiência de práticas criminais. Até quando?
Razões obscuras envolvem este
assunto. E infelizmente não
há quem seja capaz de desmascarar
aqueles que estão a fazer um
crime desta natureza.
Olá. Vivo em Loourosa, concelho de Sta Mª da Feira. Por cá temos a Linha do Vouguinha que liga Espinho a Sernade. Esta linha é identica à vossa.
Muito se tem alertado para a sua rentabilização. Fazendo o Metro (de superfície) de Sto Ovídeo (Gaia) até à Feira, paralelamente à aoto-estrada, são uns 12 km.
A linha do Vouga Transformada em Metro, ligaria as cidades de Oliveira de Azeméis,S. João da
Madeira, Feira e Porto.Evitaria que milhares de carros entrassem na cidade do Porto.
Acreditamos que por ser de baixo investimento, pouco rentabilidade para derrapagens os nossos dirigentes nunca falaram disso.
O que é bom para o Povo nunca é bom para os que elegemos.
Por cá também fede!!!!!!!
Caro CARLOS ROMÃO:
O seu post vai ao encontro de um outro que eu escrevi há cerca de um mês atrás no blog onde também colaboro (A ESSÊNCIA DA PÓLVORA) e que tem o endereço:
http://aessenciadapolvora.blogspot.com/2010/11/depois-de-afundarem-o-pais.html#links
De facto, tudo isto é lamentável, para não lhe chamar outra coisa.
Abraço.
Caro Fernando Torres,
a decisão de inundar o Vale do Tua é, como tantas outras, contra o interesse da região e contra o interesse nacional. O primeiro comentário, de Passos Manuel, é certeiro: o poder poder político em Portugal está nas mãos de organizações partidárias com uma longa experiência de práticas criminais.
Um Abraço.
há algo mesmo de muito podre, como no resto do País, esta gente não para de o destruir!
2 ZEROS disse...
Nada está bem quando vemos coisas incriveis neste País que gostavamos de ver "ir para a frente e vemos andar para trás", fazendo promoção do que não é nosso, abandonando o que é nosso e belo ao esquecimento e á destruição do tempo e de vandalos que deixamos que façam tudo sem penalisação, porque os que podiam fazer alguma coisa querem somente dinheiro rápido, fácil e sem esforço, não pensando que um dia partem para o lugar para onde todos um dia vamos, deixando cá a má lembrança do seu nome e da porcaria que por cá fizeram.
Mais rápidamente promovem os paraísos estrangeiros do que o seu País, utilizando todas as desculpas, esquecendo-se que, se o povo português é pacífico... não é estúpido.
O que é nosso fica ao abandono, o que é estrageiro é que é bom.
Esquecem-se que é bom porque foi trabalhado, por vezes por portugueses, que lá trabalharam e foram excepcionais.
Este País um dia...
17.12.10
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