25 novembro 2014

Álvaro Siza, Obras e Projectos - Requalificação da Avenida de Afonso Henriques

Foi em 1948 que se procedeu à demolição de uma parte importante do centro histórico do Porto para abrir uma ligação que permitisse a circulação rápida de automóveis entre a Praça de Almeida Garrett e a Ponte Luís I. Desapareceu assim o morro da Cividade e com ele os vestígios medievais do Corpo da Guarda. No seu lugar ficou, até aos nossos dias, um enorme rasgão a separar o casario da Sé das velhas casas que subsistem nas ruas do Loureiro, Chã, Cativo e na de Cimo de Vila, o caminho que conduzia a uma das portas da antiga muralha medieval. Houve dezenas de planos para suturar a ferida aberta mas, por incapacidade da cidade, nenhum foi executado. Neste filme, de 2001, Álvaro Siza Vieira apresenta o seu segundo projecto - o primeiro é de 1968 - para a Avenida de Afonso Henriques. Através dele percebemos melhor a perda patrimonial e a necessidade de recompor a morfologia daquela parte da cidade.

23 novembro 2014

O parque da Pasteleira

O que sobrou dos pinhais da Foz: sete hectares de parque.

11 novembro 2014

A estufa neogótica do Parque da Lavandeira

Num recanto do Parque da Lavandeira, em Gaia, por detrás de uma vedação está o que resta do belíssimo edifício de ferro que a gravura publicada na Revista Ocidente, em Maio de 1883, apresenta como produto da indústria portuguesa de então. Foi mandado construir pelo Conde Silva Monteiro (1822-1885) - individualidade que esteve ligada à Associação Comercial do Porto, ao arranque da construção do porto de Leixões e à construção da linha de caminho de ferro do Porto à Póvoa de Varzim - e executado pela Fundição do Ouro, de Luiz Ferreira Cruz e Irmão, no Porto.


O jornal o Comércio do Porto, em Agosto de 1883, referia que esta não era «uma edificação vulgar, uma estufa como todas as outras». E adiantava: «Recorreu-se à arte, pensou-se muito na parte ornamental, e é este o seu maior mérito. Conhecemos as principais estufas e jardins de Inverno da Europa, em geral umas construções simples, pouco ou nada arquitectónicas, e que, portanto, diferem muito desta. Aqui, o desenhador pegou no lápis e foi descrevendo traços sobre o papel, à medida que a fantasia divagava pelos domínios da arte dos séculos passados. Não se pode dizer que seguisse rigorosamente este ou aquele estilo, mas o conjunto é agradável à vista.» (…)

«Os rendilhados da cobertura são todos de ferro e de uma leveza tão extraordinária, que mais parecem recortes feitos em papel transparente. O corpo principal é sustentado por quatro arcos, nos quais se observa o mesmo estilo da parte exterior, que recorda muito o gótico. Nesta edificação é tudo harmonioso e bem proporcionado. Tem 24 metros de frente, 12 de altura no centro e 12 de fundo. Quando estiver povoada de plantas, deve produzir efeito surpreendente. Daqui se vê que esta estufa é uma das maiores que existem em Portugal e a primeira entre todas quantas possuem os amadores portugueses.»

Classificada como imóvel de interesse municipal, a estufa, que é privada, chegou aos nossos dias muito degradada o que não impediu que em 2012 Luís Filipe Menezes, em plena pré-campanha para a Câmara do Porto, tenha avançado com um projecto de reabilitação da estrutura, que pesa 38 toneladas, orçado em 250 000 euros. A este valor somavam-se 140 000 euros para recuperar o jardim romântico onde a estufa se insere, e um lago adjacente, alargando a área do parque de 14 para 16 hectares. Um belo projecto, como se vê. E muito dinheiro, sobretudo agora que as prioridades da Câmara de Gaia são de outra ordem.

05 novembro 2014

Duas pontes

A Ponte do Infante e a Ponte Luís I.
Veja mais pontes do Porto aqui.

29 outubro 2014

Um navio no cais da Ribeira

O navio Douro como fio condutor para uma incursão em pinturas de Eduardo Viana, Joaquim Lopes, Domingos Alvarez, Dordio Gomes e António Cruz, artistas que se inspiraram na actividade fluvial do porto do Douro e do Cais da Ribeira, nos anos 20 e 30 do século passado. A ler em do Porto e não só...

28 outubro 2014

Álvaro Siza, Obras e Projectos - Matosinhos

Os primeiros projectos de Álvaro Siza, executados em Matosinhos nos anos 50, foram mal recebidos pela opinião pública. Quatro habitações, que então desenhou, foram classificadas como «a vergonha da terra» e outra foi apelidada como «a vacaria». Neste pequeno filme, de Luís Ferreira Alves e Vítor Bilhete, realizado em 2001, Siza desfia estas memórias e as de outros projectos já com notável reconhecimento público: a Casa de Chá da Boa Nova, a Piscina das Marés e a Revisão do Plano de Matosinhos Sul. A ver aqui.

17 outubro 2014

A Menina Nua

A necessidade de qualificar o espaço aberto pela então Avenida das Nações Aliadas, levou a Câmara do Porto a abrir concurso, em 1929, para aquisição de um motivo decorativo a colocar naquela artéria. Das três obras a concurso emergiu a de Henrique Moreira, de cujas mãos saiu a bela figura feminina.

O autor baptizou-a como A Juventude, mas a cidade, que depressa a adoptou, mudou-lhe o nome para Menina Nua.

Sentada numa fonte prismática, decorada com quatro carrancas, a mulher sorridente e quase infantil, com a cabeça reclinada, é o retrato de uma jovem que também serviu de modelo a Dordio Gomes, Sousa Caldas, Teixeira Lopes, Camarinha e outros.

Aurélia Magalhães Monteiro, a Lela, viria a falecer no Porto, com direito a notícia na imprensa, em 1992, imortalizada no monumento art-déco que passados 85 anos continua a alegrar os nossos dias na parte central da Avenida dos Aliados.


30 setembro 2014

Casa-Museu Abel Salazar mostra obras do homem da ciência e das artes

Alterações introduzidas na página do Porto24, o único jornal na rede dedicado exclusivamente à região do Porto, deixaram indisponíveis as fotografias que ilustravam uma reportagem feita na Casa-Museu Abel Salazar. É natural que assim tenha acontecido; recuperar na totalidade milhares de artigos publicados ao longo de anos, constituiria uma tarefa de grande fôlego. Para colmatar essa lacuna faz-se renascer aqui a reportagem produzida em Julho de 2013. O texto é de Ana Isabel Pereira.

O museu da Universidade do Porto, em S. Mamede de Infesta, tem quase 40 anos e «esconde» desenhos, pinturas, textos, cobres martelados, gravuras e caricaturas de Abel Salazar.

Fica em S. Mamede de Infesta e recebe cerca de três mil visitantes por ano. Nasceu pouco depois do 25 de Abril de 1974, mas muito pouca gente sabe o que é, onde fica ou o que faz.
Situada em Matosinhos, a Casa-Museu Abel Salazar é gerida pela Universidade do Porto e 60% dos seus visitantes são público escolar. As escolas já chegaram a representar 80%, mas a crise também atingiu os estabelecimentos de ensino e a falta de transportes para a zona, onde o cientista e artista plástico português viveu cerca de trinta anos, são quase inexistentes.

«Há pouquíssimos transportes para aqui. Há um autocarro que vem do centro do Porto e outro do aeroporto. Os professores ou arranjam camionetas para trazer as escolas ou é muito difícil cá chegar», explicou ao P24 Luísa Garcia Fernandes, a directora do museu criado pela Fundação Calouste Gulbenkian e inaugurado em 1975.

Abel Salazar (1889-1946) «foi cientista, escritor – escreveu na imprensa toda da época, regional e nacional - e artista plástico. Na arte, também foi um experimentalista. Pintou, fez cobres martelados, gravura e caricatura», começa por explicar Luísa, que está na casa-museu desde o início dos anos 90.

A casa, que «até aos anos sessenta foi mantida pelos amigos» de Abel Salazar e onde «a mulher ainda viveu vinte anos», «esconde» essas obras. «Temos um espólio muito grande, mais ou menos um terço do espólio que está espalhado pelo país», sublinha Luísa Fernandes.
«A parte de cima da casa estava reabilitada e os amigos abriam-na ao domingo. A certa altura, propuseram à Gulbenkian comprar esta casa e a Gulbenkian comprou. Todo o percurso museológico que vêem aqui é da responsabilidade da Gulbenkian», contou ao P24 Luísa Fernandes, acrescentando que, «depois do 25 de Abril», a fundação «ofereceu património» e doou a casa-museu de Abel Salazar à UP. «Na altura, o director da casa-museu era o reitor da UP, Ruy Luís Gomes», recorda a responsável.

Do desenho à escultura

No rés-do-chão da casa, onde noutros tempos funcionaram a cozinha e a sala e havia uma capela, estão expostos vários desenhos de «um desenhador compulsivo» – «Temos muitas obras de reserva. Temos mil e tal desenhos e só temos estes expostos», confidencia ao P24 Luísa Fernandes – e esculturas e é possível ver os cobres que o homem da Ciência e das Artes trabalhava à mão.

«Isto é lindíssimo e também há muitas peças no património privado, que ele vendia muito». Pela casa estão espalhados cinzeiros – Abel Salazar, que morreu em Lisboa, vítima de cancro do pulmão, «era um fumador compulsivo» –, jarras e tampos de mesas de apoios feitos segundo esta técnica.

«A escultura feminina é de pequenas dimensões e muito elegante», observa Luísa Fernandes, mas entre os bustos que Abel Salazar esculpiu, há dois de mulheres: «a irmã e a sobrinha da sua assistente Adelaide Estrada, a quem Abel Salazar deu explicações e escrevia cartas pictográficas onde descrevia os fins-de-semana com os amigos quando ia para fora».

A jovem com quem Abel Salazar então se correspondia ainda é viva e tem na sua posse dezenas de «cartas charadas». «Ela deixou-nos fotografar algumas, há uns anos, e até fizemos um filme com essas imagens que ainda está em VHS».
No segundo andar da casa-museu, é um possível ver uma dessas cartas, juntamente com algumas caricaturas, «de professores e colegas» de Abel Salazar à época, gravuras e as prensas do artista e o espólio científico. É também nesta zona da casa que fica o quarto de dormir Abel Salazar – a mobília, aqui como nas restantes divisões da casa, é a original.

A mulher trabalhadora e a burguesa

O primeiro piso é dedicado à pintura. Há obras que mostram o Minho – Abel Salazar «era de Guimarães a família tinha uma quinta em Baltar», explica a directora da casa-museu – e uma série de pinturas sobre «a mulher trabalhadora». «Era um tema importante na pintura dele. Ele representava sobretudo mulheres. Quando pintou homens eram pessoas que ele admirava».

São cenas do desaparecido Mercado Anjo, no Porto, as leiteiras, «as carrejonas que andavam com a lenha», as tanoeiras. «Era diferente da pintura naturalista da época», sublinha a estudiosa da obra e do homem.
«Diziam que ele foi percursor do neo-realismo por causa destes trabalhos, mas ele é anterior. E aqui também vemos uma mulher com corpo generoso, não se vê aqui sofrimento».

O desenho das carvoeiras é o estudo que Abel Salazar fez para o mural do antigo café Rialto, hoje sucursal do Millenium BCP, na Praça D. João I. No Porto, há outra instituição que preserva um mural do pintor: na Casa de Saúde da Boavista há «um painel de sete por cinco metros, que parece um desenho japonês» e que foi feito «a pedido de um colega médico».
Na sala de estar, é possível ver retratos do avô de Artur Santos Silva, de Henrique Pousão e António Luís Gomes, pai do antigo reitor da UP, Ruy Luís Gomes, e «a mulher burguesa, a portuguesa, a francesa e a alemã».
«A francesa é a que vai ver mais, era a mais coquete e extravagante a vestir”, diz Luísa, apontando para o retrato de uma caixeira das Galerias Lafayette. Abel Salazar retratava figuras como esta nas suas viagens em prol da Ciência. «Falava correctamente francês, a linguagem científica da época, e por essa razão acabava por representar muitas vezes os colegas nos congressos internacionais», explica a directora da casa-museu.

Reformado compulsivamente

Para além de mostrar a arte e a ciência – a obra científica de Abel Salazar está pouco explorada, confessa Luísa Fernandes –, a casa-museu, que tem apenas três funcionários e um guarda, testemunha o processo de afastamento compulsivo do professor da UP.

Abel Salazar, que «era de uma família com brasão, mas não ligava nada a isso», foi reformado compulsivamente, em 1935, porque tinha um método de ensino muito avançado para a época. Ele já abria as salas até mais tarde, por exemplo. E, na altura, o ensino era um ensino de sebenta», explica a directora do museu, ressalvando que o cientista «não era muito envolvido em política partidária». «Nunca foi».
Enquanto esteve afastado, Abel Salazar «não teve autorização para sair do país ou frequentar a biblioteca da UP». Em 1941, o fundador do Instituto de Histologia e Embriologia, que deixara a Faculdade de Medicina, voltou à UP, mas ao curso de Farmácia.
A casa-museu tem ainda um pavilhão no exterior que recebe lançamentos de livros, exposições temporárias – até 30 de Agosto, está patente neste espaço uma mostra de fotografia de Maurício Penha que assinala o centenário do seu nascimento –, workshops para os mais novos – até ao final de Julho, por exemplo, recebe o programa Universidade Júnior – e actividades promovidas pelos sócios.

Morte chocou a cidade

Na capela da casa, é possível ver em tamanho grande uma imagem do funeral de Abel Salazar, um acontecimento «muito chocante na cidade do Porto». O cientista «sabia que estava doente e foi morrer a casa da irmã», em Lisboa.

Quando sucumbiu ao cancro, «os amigos decidiram que o corpo viria para a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, mas a PIDE pegou no corpo e levou-o para o Prado do Repouso». Sem o corpo do amigo, o grupo manteve o funeral na associação, tendo seguido depois até ao Prado do Repouso. Pelo caminho, «havia populares que se iam juntando ao cortejo fúnebre. Quando chegaram ao cemitério, era um mar de gente. E a irmã pôde pôr os amigos a fazer o elogio fúnebre», recorda Luísa Garcia Fernandes.

26 setembro 2014

Ponte de S. João

Um comboio urbano, que faz ligações do Porto até Aveiro, e o Alfa, que liga Braga a Lisboa, atravessam a ponte na direcção sul.

22 setembro 2014

16 setembro 2014

Uma manhã no museu de Serralves

O museu, obras da colecção Serralves e retratos do pintor sírio Mohamed Marouan Kassab-Bachi (1934), conhecido por Marwan.

Óleo sobre tela, de Paula Rego. Colecção Serralves.

O poeta iraquiano Badr Shakir al-Sayyab (1926–1964), retratado por Marwan (pormenor).

Retratos, 1962-1972. Marwan.

Albuquerque Mendes, acrílico e colagem sobre tela, 1998. Colecção Serralves.

O Pássaro Azul, de Paulina Olowska (1976), guache sobre tela de grandes dimensões, 2013. Baseado na encenação da peça de teatro homónima. Coleccção Serralves.

12 setembro 2014

Olhar o nascente...

... e o poente, nos jardins do Palácio de Cristal. (prima para ver maior)

07 setembro 2014

O Douro dos rabelos que acabou há meio século

«Na sua era de glória, nos séculos XVIII e XIX, chegou a haver 2500 rabelos a cruzar o Douro. Em 1941 ainda estavam registadas 231 embarcações. Entre as diferentes eras da vida prática destes barcos alimentou-se e transmitiu-se um saber sobre os humores do rio que jamais descurou o perigo do naufrágio e da morte. Não há registo detalhado do número de vítimas desta epopeia que exigia uma viagem de três dias para descer o rio e, no mínimo, uma semana para vencer um desnível de 40 metros até Barqueiros (125 entre a foz e Barca de Alva) no regresso ao Alto Douro.»

A ler aqui.

02 setembro 2014