Há dez anos chegou até mim, trazido por mão amiga, um álbum fotográfico elaborado por Domingos Alvão (1872-1946) com um levantamento exaustivo do Coliseu. Suponho que terá sido executado pelo fotógrafo por encomenda, o que era, e é ainda hoje, comum aquando da inauguração de um empreendimento importante. Estava lá todo o esplendor do edifício, em originais num formato próximo do 20x25 cm colados em cartolina escura, cuidadosamente separados por folhas de papel cebola. Das partes nobres aos sanitários, das caldeiras de aquecimento aos camarins, dos quadros eléctricos a uma adega regional que, suponho, terá desaparecido. Tudo fotografado com a mestria de Alvão, caracterizada pelos planos abertos, abarcando grandes espaços, pelos enquadramentos cenográficos e pela utilização da luz ambiente. Com uma interessante particularidade acrescida: todas as fotos estavam assinadas à mão pelo fotógrafo. Perante a impossibilidade da posse daquela preciosidade - não estava à venda por preço algum - apressei-me a digitalizar as imagens que hoje aqui trago.







Apesar de o Coliseu não ter sofrido grandes modificações desde a inauguração, em 1941, pelo menos no que diz respeito aos espaços públicos, e de termos consciência da sua existência física presente, as fotografias remetem o observador para um mundo inefável que sabemos não ser mais possível. Talvez seja nessa aura do tempo que resida o encanto da contemplação das imagens de Domingos Alvão.






















