As fotos de hoje revelam-nos o ponto de vista de um observador anónimo que assistiu, há 49 anos, à elevação da parte central da estrutura metálica, o cimbre, que permitiu a construção do arco da Ponte da Arrábida. Diz-nos O Tripeiro, a Revista Mensal de Divulgação e Cultura ao Serviço da Cidade e das suas Tradições, de Junho de 1963 - hoje publicada pela Associação Comercial do Porto - que tal cimbre pesava 2 100 toneladas e era composto por três tramos, dois laterais, servindo de consolas de apoio, e um central a fechar o arco.
15 de Julho de 1961, às 10h30
A parte que vemos içar, nas fotografias, tinha 80 metros de comprimento e 11 de largura, e pesava 465 toneladas. Esta fase dos trabalhos levou muita gente curiosa, e alguns temerosos, às margens do Douro, para acompanhar as sucessivas manobras.
"Era uma desmesurada peça que tinha de ser deslocada dos estaleiros de Gaia até debaixo do ponto exacto da elevação no rio e aí soerguida verticalmente, em arranques sucessivos, até ao nível das consolas que iria jungir", ainda segundo O Tripeiro.
15 de Julho de 1961, às 11h00
“Teoricamente, e se fosse possível efectuar uma ascensão contínua, à medida de 1 metro por minuto, o tramo subiria no escasso tempo de uma hora. Na prática, porém, tal não podia efectuar-se. A elevação havia de efectuar-se com o auxílio de poderosos macacos hidráulicos, e cada elevação exigia longos intervalos para fiscalização, correcção e mudanças na aparelhagem (...). Além de outros pormenores, estava previsto que o encaixe do tramo se verificasse com folgas de 0 a 5 cm entre a abertura das consolas, o que só poderia acontecer a uma temperatura do ar de 16 a 20 graus centígrados.”
16 de Julho de 1961, às 17h00
"A 13 de Julho de 1961 foi transportado o tramo para o local devido, assente sobre a barca Marieta, na qual se instalou uma estrutura de suporte apropriada (...). Nos dias seguintes prosseguiram os trabalhos, entrando-se então nas operações de elevação: no dia 14, elevação de 10m; no dia 15, de 20m; no dia 16, de 13m; e no dia 17, de 11m. Faltavam somente 4m para terminar o encaixe e realizar a soldadura às consolas laterias (...)" operação que aconteceu no dia 20 de Julho.
17 de Julho de 1961, às 11h00
No final da construção da primeira costela, em Março de 1962, o arco foi elevado 5 a 7cm e o cimbre desceu cerca de 30cm, após o que foi deslocado 15m na horizontal para a construção da segunda costela do arco. Esta estrutura metálica foi movida pela terceira vez, em Julho de 1962, para o centro das costelas, permitindo ligá-las por contraventamentos. A ponte foi inaugurada em 22 de Junho de 1963.
Os 69 caixões de 15m de comprimento e 5m de altura, que compunham o cimbre, foram colocados ao longo da marginal do Douro, na Avenida Gustavo Eiffel, para serem aproveitados na construção de uma nova ponte que substituiria a Ponte Maria Pia. Acabaram vencidos pela ferrugem e vendidos, muitos anos depois, como sucata.
05 maio 2010
30 abril 2010
A cidade vista das janelas do 22
II - da Batalha ao Carmo
Há dias saímos do Carmo e descemos os Clérigos até à Praça da Liberdade, no carro eléctrico da linha 22. Subimos depois a colina de 31 de Janeiro até ao planalto onde assenta a Igreja de Santo Ildefonso, na Praça da Batalha.
Hoje iremos no 22 por Santa Catarina, descendo Passos Manuel até ao vale onde está a Avenida dos Aliados; daí subiremos pela rua de Ceuta até outra elevação de terreno, onde têm lugar a igreja do Carmo, a Cordoaria e, num extremo, a igreja dos Clérigos que pede meças, do alto da sua colina, à igreja fronteira de Santo Ildefonso. Completaremos, desta forma, o percurso daquela linha, regressando ao ponto de partida por outro caminho. Boa viagem.
Rua de Augusto Rosa
Rua de Alexandre Herculano
Praça da Batalha
Praça da Batalha
Rua de Ranta Catarina
Ruas de Santa Catarina e de Passos Manuel
Rua de Passos Manuel
Rua de Sá da Bandeira
Praça de D. João I
Rua do Dr. Magalhães Lemos
Avenida dos Aliados
Rua de Elísio de Melo
Praça Filipa de Lencastre
Rua da Picaria
Rua de Ceuta
Rua de José Falcão
Praça de Guilherme Gomes Fernandes
Praça de Guilherme Gomes Fernandes
Carmo
Carmo
Carmo
Carmo
Há dias saímos do Carmo e descemos os Clérigos até à Praça da Liberdade, no carro eléctrico da linha 22. Subimos depois a colina de 31 de Janeiro até ao planalto onde assenta a Igreja de Santo Ildefonso, na Praça da Batalha.
Hoje iremos no 22 por Santa Catarina, descendo Passos Manuel até ao vale onde está a Avenida dos Aliados; daí subiremos pela rua de Ceuta até outra elevação de terreno, onde têm lugar a igreja do Carmo, a Cordoaria e, num extremo, a igreja dos Clérigos que pede meças, do alto da sua colina, à igreja fronteira de Santo Ildefonso. Completaremos, desta forma, o percurso daquela linha, regressando ao ponto de partida por outro caminho. Boa viagem.
Rua de Augusto Rosa
Rua de Alexandre Herculano
Praça da Batalha
Praça da Batalha
Rua de Ranta Catarina
Ruas de Santa Catarina e de Passos Manuel
Rua de Passos Manuel
Rua de Sá da Bandeira
Praça de D. João I
Rua do Dr. Magalhães Lemos
Avenida dos Aliados
Rua de Elísio de Melo
Praça Filipa de Lencastre
Rua da Picaria
Rua de Ceuta
Rua de José Falcão
Praça de Guilherme Gomes Fernandes
Praça de Guilherme Gomes Fernandes
Carmo
Carmo
Carmo
Carmo
27 abril 2010
A cidade vista das janelas do 22
I - Do Carmo à Batalha
Carmo
Cordoaria
Cordoaria
Cordoaria
Rua da Assunção
Rua de Nicolau Nasoni
Rua dos Clérigos
Rua dos Clérigos
Largo dos Lóios
Passeio das Cardosas
Praça de Almeida Garrett
Rua 31 de Janeiro
Rua 31 de Janeiro
Rua 31 de Janeiro
Praça da Batalha
Praça da Batalha
Praça da Batalha
Rua de Augusto Rosa
Rua do Cativo
Rua de Augusto Rosa
Carmo
Cordoaria
Cordoaria
Cordoaria
Rua da Assunção
Rua de Nicolau Nasoni
Rua dos Clérigos
Rua dos Clérigos
Largo dos Lóios
Passeio das Cardosas
Praça de Almeida Garrett
Rua 31 de Janeiro
Rua 31 de Janeiro
Rua 31 de Janeiro
Praça da Batalha
Praça da Batalha
Praça da Batalha
Rua de Augusto Rosa
Rua do Cativo
Rua de Augusto Rosa
23 abril 2010
A fisionomia de Nicolau Nasoni
Há um retrato a óleo na entrada da torre dos Clérigos que nos é apresentado como sendo de Nicolau Nasoni, o arquitecto toscano que veio de Malta para o Porto em 1725, com o encargo de pintar o interior da Sé do Porto e por cá ficou, marcando de forma singular, com a sua arte, a fisionomia da cidade.
Sabe-se muito sobre ele, com quem casou, quantos filhos teve, onde viveu e trabalhou. Também se sabe que não se fez cobrar pelo projecto da igreja e da torre prodigiosa, e que acompanhou a sua construção, dedicadamente, ao longo de décadas, tendo como contrapartida, apenas, a entrada para a Irmandade dos Clérigos Pobres.
Morreu sem haveres no ano de 1773. Sabe-se também que, a seu pedido, está sepultado na igreja dos Clérigos, mas é corrente não saber-se onde, apesar de um autor afirmar estar o túmulo de Nasoni na pequena cripta da igreja, junto de outro onde repousa um cardeal.
Quanto à fisionomia do arquitecto também persiste a incógnita. Se, para alguns autores, o quadro que revelaria Nasoni terá desaparecido, para outros a figura ali representada não é a dele por exibir anacronismos no vestuário. Para outros ainda, trata-se sim de Nicolau Nasoni, mas num retrato póstumo.
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ADENDA 23Março2018
Sobre o quadro acima, o historiador Francisco Queiroz publicou no Facebook o seguinte texto:
O falso Nasoni
A Internet tem destas coisas: facilita a pesquisa histórica, colocando ao dispor de todos cada vez mais fontes e bibliografia, mas também induz o facilitismo e dissemina de modo descontrolado os resultados desse mesmo facilitismo, eternizando erros. Vem isto a propósito do retrato a óleo que alguém um dia viu no edifício da Irmandade dos Clérigos e, sem qualquer fundamento e sem ter sequer em consideração que representa claramente um burguês do segundo quartel de Oitocentos, supôs que representasse a efígie do célebre arquitecto setecentista Nicolau Nasoni. Ao longo dos últimos anos, tenho vindo a corrigir e a chamar a atenção para publicações que incluem o dito retrato como representando Nasoni. Contudo, o erro disseminou-se e sedimentou-se de tal modo que o suposto retrato deste arquitecto do período barroco está já fixado no próprio espaço público, mais concretamente num mural que representa grandes figuras ligadas ao Porto, situado na esquina da Rua do Bonjardim com a Rua Gonçalo Cristóvão. António da Cunha Barbosa - o verdadeiro retratado - viu-se assim inusitadamente guindado à categoria de um dos mais ilustres portuenses, apenas porque, como era muito dado a pertencer a irmandades e a exercer nelas a virtude da Caridade, mereceu que se lhe pintasse o retrato, retrato esse que alguém, na sua ignorância, achou que poderia representar Nasoni. É possível que o erro já não seja corrigível e passemos a ter em breve ainda mais publicações que mostrem esta faceta mistificada de um Nicolau Nasoni vanguardista, vestindo roupa que, na sua época, ninguém sequer ainda usava. Mas também pode ser que algum "grafiter" apreciador da verdade histórica queira caridosamente fazer justiça ao caritativo António da Cunha Barbosa e, no referido mural, coloque o nome correcto do retratado.
20 abril 2010
A cidade vista da torre dos Clérigos - V
A sombra da torre esconde parte do pavimento da estreita e íngreme Rua da Assunção, enquanto o sol da tarde ilumina as fachadas verticais do casario.
Este correr de casas acompanha o traçado da muralha fernandina de que existem vestígios na última casa do lado poente, na Cordoaria, onde está instalado um pequeno café. A construção da igreja e da prodigiosa torre, fora da muralha, começada em 1732, é um indício de que a cerca medieval se tinha tornado pequena para conter o desenvolvimento da cidade de então.
14 abril 2010
A cidade vista da torre dos Clérigos - IV
Olhando agora para sul observamos a Sé, multissecular e dominante, e o Paço Episcopal, majestoso e equilibrado. A meio da encosta granítica que sustém a catedral e a sede do bispado do Porto, à direita, está a Igreja do Colégio da Companhia de Jesus, ou de S. Lourenço, ou dos Grilos, nome que lhe calhou após a expulsão dos jesuítas pelo injusto e cruel Marquês de Pombal, governante que deixou no Porto uma marca de morte, de dor e de sangue.
Do outro lado do rio, no alto da escarpa fronteira, vemos o Mosteiro da Serra do Pilar com a característica igreja de planta circular. Ao fundo os edifícios que cresceram apressadamente à volta do eixo da Avenida da República, em Gaia.
Regressando à margem direita, olhemos o casario ao redor da Sé cujo traçado, contido outrora pela cerca primitiva, constitui o núcleo mais antigo do Porto. Naquele labirinto de ruelas, escadas, becos e pátios estão topónimos carregados de história, como Escura, Bainharia, São Sebastião, Pena Ventosa, Aldas, Pelames, Souto e Santana. O correr de fachadas em baixo pertence à Rua de Mouzinho da Silveira.
Como última observação, é notável a integração, neste conjunto, da belíssima torre da Casa da Câmara, reconstruída em 1995 junto à Sé, fruto da mestria do arquitecto Fernando Távora.
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