20 julho 2006

Rostos com nome

Uma das razões porque tem havido poucas fotografias de rostos n'A Cidade Surpreendente, deve-se a um conjunto de incertezas pessoais, que vão do pudor ao sentimento de intrusão, na altura de fotografar, e daqui, à legitimidade da exibição pública das imagens.



A solução, encontrada recentemente, tem sido a abordagem directa: um pedido de autorização para fotografar e, na sequência, expor o resultado. Perde-se, por vezes, a espontaneidade do fotografado mas ganha-se a legitimidade, o que não é má troca. Quanto às reacções, têm variado da concordância imediata, a mais comum, à indiferença e ao não rotundo, a resposta menos ouvida.



O meu obrigado ao Rui, um insólito homem-estátua em Santa Catarina, e ao Sr. Jaime, pedinte naquela rua, por me terem deixado fazer algo de que gosto, fotografar pessoas.

12 julho 2006

Uma imagem para uma nota do quotidiano portuense



Sábado, 11 horas da manhã.
Sento-me na esplanada da Sá Reis, na Praça da Liberdade. Aguardo dez minutos, sem ser atendido.
Um indivíduo de meia-idade com uma farta bigodaça grisalha, ar carrancudo, meio desgrenhado, vestido com uma camisola verde e vermelha, que lhe chega até meio das pernas, com as insígnias nacionais estampadas, aparece junto de mim e olha-me sem dizer nada. No primeiro instante pareceu-me um pedinte mas logo percebi, pela interrogação entretanto posta no olhar, que era o empregado.
Peço um pingo descafeinado que não demora e vem acompanhado de um porta guardanapos de papel, atirado para cima da mesa. O ruído provocado pelo choque do objecto no tampo metálico foi tal, que o tipo deve ter-se visto na obrigação de pedir desculpa.
Tomo o pingo e distraio-me a observar o vaivém das gentes naquela manhã de sol coado por uma ligeira neblina.
Decido retirar-me. Aguardo longos minutos que o empregado apareça. Com toda a paciência do mundo resolvo procurá-lo no interior do estabelecimento. Encontro-o ao fundo, a folhear um qualquer jornal. Estendo-lhe dez euros para pagar noventa e cinco cêntimos. Pergunta-me se não tenho trocado. Respondo-lhe que não, que não tenho moedas. O homem sai para trocar a nota na Ateneia, a confeitaria ao lado, e volta com um ar incomodado. Dá-me o troco. Abro a mão e verifico que faltam cinco cêntimos. Exijo-lhos. Agastado, atira-me com a pequena moeda para a mão.
Desapareço na manhã ensolarada com uma certeza, a de que a reabilitação urbana da baixa terá que ser acompanhada da reconversão deste modelo de serviços.

10 julho 2006

A Arquitectura do Rabelo no cinema

Integrado no ciclo Cinema à Moda do Porto, o documentário Arquitectura do Rabelo passará, em versão video, no próximo sábado dia 15, no Batalha Bebé.
Este documento etnográfico único, que despertou o interesse de alguns museus de marinha do norte da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá, relata-nos, com algum pormenor, a construção de um barco rabelo no último areio do Douro segundo o método tradicional, por uma equipa dirigida por um dos últimos calafates do rio, o Mestre Arnaldo Pereira.
O guião é da autoria de Octávio Lixa Filgueiras, o mentor, durante trinta anos, da arqueologia subaquática em Portugal. As filmagens decorreram, ao ritmo da construção do barco, durante todo o mês de Junho de 1991. A produção é de José Monteiro e a realização de Vítor Bilhete.

05 julho 2006

De volta ao Batalha

Sei que não é com atitudes voluntaristas que voltaremos a ver a baixa do Porto com a vida que teve num passado não muito distante. Nem com um pequeno passo, como é o da reabertura do Batalha. É antes com alguns grandes passos, de quem tem o poder de decidir e de legislar, e com muitos, mas muitos pequenos passos como este. Daí o meu entusiasmo com o sopro de vida que surgiu naquele espaço. E daí, também, a decisão de lá voltar.



Na abordagem que aqui fiz em Março passado, a par de uma resenha histórica, vimos apenas o Disco Volante, o bar instalado nos pisos de entrada do antigo cinema. Mas há mais.





Há um restaurante, nos andares superiores, e uma esplanada no terraço donde se usufrui de um magnífico, e inédito até agora, panorama sobre a irregular, mas nem por isso menos interessante, Praça da Batalha.





E há ainda a harmoniosa sala de cinema, agora denominada grande auditório - dedicado a espectáculos musicais - por contraponto à sala pequena, o Batalha Bebé, de que não tenho imagens, que reencontrou a vocação inicial nas sessões promovidas pelo Cineclube do Porto.

28 junho 2006

No Mercado do Bom Sucesso

Não foi seguramente por ser «um esquipático alpendre, recurvo e abafado», como o classificou alguém já nosso conhecido, detentor de uma linguagem muito própria, que, há uns anos, a Câmara do Porto avançou com a hipótese de demolição do Mercado do Bom Sucesso.





O motivo seria outro, mas as razões apresentadas foram as de que o edifício, com a mudança dos hábitos de compra da população, se teria transformado num mercado grossista, tendo deixado a sua função inicial de servir os residentes para ser útil aos comerciantes da indústria de restauração da Boavista. Sendo verdade, não foi razão suficiente para que a derriba avançasse.





O mercado foi projectado em 1949 pelos mesmos autores da Igreja das Antas, Fortunato Leal, Cunha Leão e Morais Soares reunidos na empresa ARS, um grupo composto por arquitectos, pintores e escultores, que deixaria inúmeras obras interessantes à cidade. Viria a ser inaugurado em 1952.



Tem como características marcantes a forma hiperbólica e a intensa iluminação natural, proveniente dos lanternins de vidro que fecham a concha que o cobre. Como se pode observar é um importante exemplar de arquitectura modernista, que faz parte do património da cidade.

23 junho 2006

De velas ao vento



Amanhã, quando a cidade acordar após a festa da grande noite tripeira, os rabelos ancorados no cais de Gaia içarão as velas para percorrer o Douro entre o Cabedelo e a Ponte Luís I, na amável regata organizada pela Confraria do Vinho do Porto. Não percam. É às 13h00.

21 junho 2006

Aliados - a memória presente

Na entrada aqui publicada em Maio de 2005, intitulada Aliados - a memória futura, prometi regressar à avenida depois de concluídas as obras em curso naquele espaço público. É esse percurso do olhar que se faz agora, com o futuro, então anunciado, já presente. As imagens não retratam a totalidade da intervenção. Por opção apenas fotografei os mesmos locais de há um ano, para observar a diferença, apesar de gostar do espaço que os peões ganharam, mais abaixo,na praça. Lá voltaremos.




Na avenida o resultado está à vista.




A luz reflectida pelo anterior pavimento de calcário e basalto, decorado com desenhos que aludiam à actividade comercial do Porto, passou a ser absorvida pelos tristes paralelos de granito que cobrem tudo, passeios, faixas de rodagem e a placa central.




O verde da relva desapareceu...




... juntamente com os tradicionais bancos vermelhos e as pessoas, por não terem onde se sentar.




Às flores foi um ai que lhes deu, e até os pombos se refugiaram a sul - sabe-se lá porquê - na Praça da Liberdade.




Se houvesse um som para definir este espaço seria o de um silvo contínuo.
A Avenida dos Aliados está agora cinzenta, monótona, sem ritmo, homogénea, definitivamente (?) petrificada.

31 maio 2006

Intervalo



A Cidade Surpreendente vai atravessar um novo período de pousio. Não fotografo há algum tempo, as imagens estão a rarear e o blogue tem-se ressentido disso. Como o Pedro comentou, uma vez, os blogues «devem ser irregulares, porque são pessoais, ou seja, irregulares somos nós todos». A regularidade, isto é, a actualização semanal às quartas-feiras, regressará no próximo dia 21 de Junho.
Até lá, fica aqui outra imagem - mais uma dirão - de um local que não me canso de contemplar: o mar, desta vez em segundo plano, diante do Jardim de Montevideu.

25 maio 2006

Agenda

Há Festa na Baixa

Com iniciativas tão diversas como o abc do Caruncho, na Antiqualha, o Quarteto de Saxofones do Porto, na Praça da Batalha, ou uma exposição fotográfica de Guedes de Oliveira, um fotógrafo do Porto, na Casa do Infante, começou ontem e decorrerá até ao próximo Sábado a Festa na Baixa.
A Festa na Baixa é um ciclo de animações culturais, resultado de uma parceria do Centro Nacional de Cultura com um vasto conjunto de entidades ligadas às Artes e Cultura, sedeadas na zona histórica do Porto, que visa a dinamização e a animação patrimonial da Baixa do Porto.
Haverá ainda vários happy hours nos bares, cafés e restaurantes para animar a Festa. A não perder.


Apelo de valter hugo mãe




valter hugo mãe pede-nos que não o deixemos sozinho na apresentação do seu livro o remorso de baltazar serapião, a acontecer no Sábado dia 3 de Junho, às 15h00, no Pequeno Auditório da Feira do Livro de Lisboa, e no Café Literário da Feira do Livro do Porto, no dia 10 de Junho, às 16h30.
Por via das dúvidas, o valter tem o amparo da QuidNovi e estará acompanhado por Pedro Sena-Lino, em Lisboa, e por Jorge Pinho, no Porto.



Curas Milagrosas

De si afirma que nenhum Curso de Magia lhe chega aos pés, que há uma taróloga de Arganil que lhe deve a vida e até que faz bem à próstata, aos rins e à urticária.

Outros dela dizem que é uma espécie de dr. Sousa Martins misturado com Aloé Vera e que quando esfregada no corpo alivia as empinges e que o Albertino Saloio não toma uma decisão sem a consultar três vezes.

Ela... é a revista águasfurtadas, editada pelo Núcleo de Jornalismo Académico do Porto e que, existindo para o desconcerto dos nossos dias, pode ser encomendada através do serviço em linha da Livraria Leitura, ou adquirida no pavilhão das edições Quasi, nas Feiras do Livro do Porto e de Lisboa.

No Café Aviz












17 maio 2006

Liberdade



O céu é o da frente marítima do Porto sobre o Farol de Felgueiras, num fim de tarde de Novembro, com a Lua a aparecer em quarto crescente antes do cair da noite. Tinha acabado de colocar o satélite natural na linha divisória vertical de um dos terços do visor da câmara fotográfica, quando a gaivota entrou no plano completando um instantâneo feliz, fruto do puro acaso, que me dá a sensação de liberdade.

08 maio 2006

Da Urbe e do Burgo - V

Quando comecei a abordagem do livro de crónicas de Sant'Anna Dionísio, que intitula esta rubrica, foi minha intenção conseguir autorização para fotografar o Desterrado, no Museu de Soares dos Reis. Tal intento sairia gorado porque o Instituto Português de Museus, através da sua Divisão de Documentação Fotográfica «é o único responsável pelo registo fotográfico das obras à guarda dos museus do IPM».

A excelente fotografia aqui publicada foi adquirida num alfarrabista e é proveniente do espólio de uma empresa gráfica falida. Trata-se de um original impresso em papel de emulsão fotográfica, com 12x17 cm, realizado por um profissional, que se encontra em muito bom estado de conservação. Um verdadeiro achado que, para além da satisfação pessoal da posse, permite a ilustração da crónica que aqui hoje se reproduz.
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A Originalidade do Desterrado

Como se sabe, Soares dos Reis viveu em Roma, como pensionista, horas verdadeiramente atrozes, no momento preciso em que trabalhava na fase mais delicada da modelação da sua obra-prima, o Desterrado.



Por determinação do Governo, em Lisboa, a sua bolsa de estudos havia sido suspensa e por intermédio do ministro português em Roma, conde de Tomar, o artista recebera ordem de regressar.

As chamadas entidades oficiais partiam do princípio de que o tempo que havia sido concedido ao pensionista para realizar a sua académia já bastara. Na realidade, o trabalho do moço escultor encontrava-se apenas na fase preliminar da transposição do gesso para o mármore, pouco antes adquirido.

A situação angustiosa do Escultor avalia-se pela carta, cheia de amarga dignidade, que dirigiu, em começos de Novembro de 1871, à Academia Portuense de Belas-Artes. Tendo a bolsa já suspensa e a braços com um compromisso legal relativo ao desbaste do mármore, confiado a um artífice, o artista trabalha com desespero. Compreenderão, «lá em baixo», a seriedade da sua obra? a sua necessidade de tempo?

Ao fim de não se sabe que incertezas e privações, a moratória foi finalmente concedida, mas com um rigoroso e farisaico prazo.

Em breves meses, Soares dos Reis cinzelou e trabalhou, arrancando do bloco de mármore a maravilhosa figura de nostalgia transcendente que concebera. O prazo, porém, era inexorável e o Desterrado seria remetido, em meados do Verão de 1872, para Portugal, não ainda inteiramente concluído, tal era a pressão das «entidades oficiais».

Por isso, o Escultor se viu na necessidade de mandar tirar o molde de alguns pormenores anatómicos do adolescente que lhe servia de modelo, a fim de poder dar, mais tarde, os últimos retoques que a figura ainda requeria.
Longe estava o artista de prever a provação que lhe estaria ainda reservada.



Mal chegado à Pátria, acompanhado da sua maravilhosa obra, viu cair sobre ela a espantosa suspeita de que era «uma falcatrua». Exactamente, como daí a pouco tempo (em 1877), sucederia a Rodin, ao expor a sua Idade de Bronze, tida como obra de fraude, Soares dos Reis é acusado, à sorrelfa, de haver feito o Desterrado por meio de sucessivos moldes.

É claro que nem todos participavam dessa atitude de desconfiança e maldade. Perante a beleza da escultura, tão rica de simbolismo, muitos rendiam ao artista a devida gratidão. Simplesmente, os bons sentimentos são em regra indolentes e silenciosos, enquanto que os malignos são verminosos e activos. Por isso, em regra, o artista criador da obra de mérito tem a sensação frequente do zumbido e raríssimas vezes a do ar alciónico da verdadeira compreensão.

Em volta do artista, a malícia insinuava-se e circulava. Alguns iam ao ponto de afirmar que a escultura trazida de Itália era, essencialmente, uma obra do mestre italiano Monteverde ( cujo «atelier» Soares dos Reis frequentara algum tempo, em Roma), e não uma obra sua.

A maligna suspeita partia de um pintor que em tempos havia sido amigo e protector do Escultor, ainda adolescente! Outros, ainda, garantiam misteriosamente que a figura do Desterrado era mera «adaptação» de uma escultura clássica existente num Museu de Roma.

À distância de oitenta anos, é lícito perguntar: - Como foi possível levantar e pôr a correr essa monstruosa suspeita? Quem a terá suscitado e alimentado? Que consequências morais terá tido tal insídia na alma hipersensível do Escultor?

Soares dos Reis não era um homem de letras. Não era, como Rodin, um espírito também capaz de usar do sarcasmo, defensivo e catártico. O que sofria, guardava e recozia. Perante a mediocridade ressentida, isolava-se.
Cheio de amargor, chorava para dentro. Daí a seriedade profunda do velho precoce, do macambúzio barbudo, do «neurasténico».

Com precisão, será hoje muito difícil esclarecer o que se passou. O que se sabe, por vagas tradições orais, é que a injúria recaiu em cheio sobre o genial estatuário e que ainda dez anos após a sua chegada de Roma a tradição maldosa do «plagiato» ou da «fraude» circulava em certos mentideros do Porto e de Lisboa, a tal ponto que o antigo ministro de Portugal em Roma, marquês de Tomar, se vira na necessidade moral de dirigir uma carta (em fins de 1881) ao conde de Samodães, director da Academia Portuense de Belas-Artes, a garantir a autenticidade da obra que ele vira, dia a dia, modelar em gesso e plasmar no mármore pelo antigo pensionista, que ele acolhera e profundamente admirava.



O que o Artista terá sofrido em silêncio nessa atmosfera de maldade só o poderão ter pressentido as paredes frias do seu pobre «atelier», onde trabalhava de sol a sol, como vulgar santeiro, a realizar mesquinhas encomendas.

Imagine-se, principalmente, conhecida a sua hombridade, o que o terá trespassado quando descobriu (se descobriu) que um dos malsinantes que com maior sanha espalhavam a insídia de que o Desterrado era uma obra falsificada, fora, alguns anos antes, quem o trouxera para aquela Escola do Porto, onde plenamente se revelaria o seu fatum!

Deixemos, porém, esses abismos ou furnas onde qualquer aprendiz de psicanálise poderia exercitar a sua curiosidade de metamorfoses e disformidades de sentimentos e ressentimentos, e vejamos, apenas, para terminar, onde teria sido chocada a suspeita maligna de que o Desterrado era uma simples obra de moulage ou uma contrafacção de uma obra de museu.

A primeira suspeita deve-se, seguramente, ao facto de Soares dos Reis, compelido (como atrás dissemos) pela necessidade de abandonar Roma antes de poder dar os últimos retoques no mármore, haver remetido para o Porto, juntamente com a estátua, alguns moldes de pormenores anatómicos do adolescente que lhe servira de modelo vivo e sobre esses elementos de estudo haver dado, já em Portugal, a última demão na sua obra antes de fazer a sua entrega à Escola de Belas-Artes.

Daí decerto o rumor, crasso, de que a obra era uma «habilidade de oficina», exactamente como em Paris diriam os mestres oficiais do estilo pompier acerca da primeira obra reveladora da audácia de Rodin. Como se uma verdadeira obra de escultor pudesse ser algum dia fruto de um trabalho desse género.

A segunda suspeita - a de que o Desterrado seria uma contrafacção - , fundava-se (segundo supomos) na existência, no Museu das Termas, em Roma, de uma estátua, Marte em Repouso, na qual talvez se possa notar (pelo que depreendemos de uma fotografia) uma certa analogia de atitude com a obra do estatuário português: o deus é representado como um jovem de formas elegantes mas plenas, na posição de meio repouso, torso um quase nada inclinado, rosto aberto, emoldurado numa cabeleira farta, as mãos cruzadas sobre o joelho da perna esquerda soerguida.

No primeiro relance - segundo nos confessou ainda recentemente Jaime Cortesão, que de surpresa a descobriu um dia e com demora a contemplou - , dir-se-ia que a obra de Soares dos Reis é uma réplica dessa escultura clássica, tida como cópia de uma desaparecida obra de Scopas.

Na realidade, as duas obras são inconfundíveis. A expressão fisionómica, a inclinação do tronco, a posição das mãos, e, acima de tudo, o pathos que envolve a escultura do estatuário português não dão margem a que se admita a brutal insinuação que tão profundamente feriu o grande artista e que certamente não deixou de estar presente na sua alma na hora da tácita revisão dos prós e dos contras das amarguras e humilhações que determinaram o seu desesperado fim.

Sant'Anna Dionísio

03 maio 2006

Silhuetas







... de Metrosideros desenhadas ao anoitecer no céu da Avenida de Montevideu.

26 abril 2006

A Festa das Artes

Aos sábados, sete vezes por ano, acontece a festa das artes na rua de Miguel Bombarda. Vinte galerias inauguram mostras simultâneas de pintura, de desenho, de escultura, de fotografia ou de cerâmica, criando um momento de grande animação naquela rua.





Na origem da festa está um movimento que começou por ser espontâneo e mais tarde veio a ser concertado. Este movimento trouxe a maioria das galerias de arte do Porto para a Miguel Bombarda, permitindo-lhes usufruir do mesmo público e dos mesmos clientes, apesar de cada galeria ter a sua temática e os seus artistas. O público e a cidade também saem a ganhar com esta concentração de exposições.


Yes I am no I'm not, de Isabel Carvalho, na Galeria Quadrado Azul


Problemas de Escala, de Miguel Palma, na Galeria Graça Brandão


Meu Corpo Terra de Alberto Carneiro na Galeria Fernando Santos

Atrás das galerias, vieram outros espaços culturais e, entretanto, surgiram novas iniciativas. O Círculo Cultural Miguel Bombarda (CCMB), entidade que congrega os galeristas, ofereceu à Câmara Municipal do Porto, um projecto de reabilitação da parte poente da rua, da autoria do arquitecto Filipe Oliveira Dias e do artista plástico Ângelo de Sousa. O projecto intervém em duas ruas contíguas, as de Miguel Bombarda e da Boa Nova, dinamizando-as de formas distintas.


Projecto Casulo II, esculturas de João Pedro Rodrigues na Galeria Símbolo.

Enquanto aguarda pacientemente, há oito anos, pela boa vontade do município para execução da obra, o CCMB continua activo, como demonstra a animada abertura de vinte e sete exposições que decorreu no Sábado passado. A próxima festa das artes é já no mês de Maio.