27 outubro 2005

Contra-plano



O observador do panorama de uma das fotos publicadas na entrada abaixo, estaria algures entre o arvoredo dos jardins do Palácio de Cristal, à esquerda. A imagem serve de mote para a abordagem à Ponte da Arrábida que será feita aqui amanhã, nunca antes das 19h00.

24 outubro 2005

Sol de Outono



Já estivemos aqui no Inverno passado observando a igreja da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos.



Aproveitemos agora para levantar o olhar e contemplar o Douro, a caminho da imensidão do Atlântico, e a elegante ponte que une os maciços rochosos da Arrábida e do Candal.



As imagens foram captadas hoje nos Jardins do Palácio de Cristal, enquanto a manhã decorria pachorrenta e temperada pelo sol deste início de Outono.

14 outubro 2005

A ponte e a praça





A ponte e a Praça da Ribeira, revisitada, já com a marca do Outono. Lá no alto, uma afirmação de poder perdido no tempo: o imponente Palácio Episcopal.

13 outubro 2005

O espectro da ponte



Esta fotografia não terá o valor estético de outras imagens aqui publicadas. A sua importância é documental. Retrata um momento irrepetível, já que a fotografia nunca ultrapassa o acontecimento a que se refere. Cristaliza-o, aprisiona-o e repete-o mecanicamente, aqui em pontos de luz a cada clic de entrada na Cidade Surpreendente. Foi a esta possibilidade de regresso do passado até nós, através de uma imagem fotográfica, que Roland Barthes chamou spectrum.
Este espectro da ponte Luís I, faz sentir como ela estava no dia 1 de Setembro de 2003 às 11h56, encerrada à circulação motorizada, antes do início das obras para passagem do metro.

07 outubro 2005

A ponte a pé



Quem não conhece o Porto que se desengane. Esta não é a ponte abordada na entrada anterior, é a outra, a segunda ponte projectada por Théophile Seyrig na cidade.



A Ponte Luís I, que deu passagem a carros de bois, a carros eléctricos e mais tarde ao trânsito exclusivamente automóvel, tem agora o tabuleiro superior dedicado à passagem do metro. Com o reforço e a reabilitação da estrutura metálica a ponte parece nova, apesar dos seus vetustos 119 anos de idade. Esqueçam o ruído e a poluição, ela está silenciosa, limpa e segura para a travessia pedonal e constitui, agora mais do que nunca, um excelente miradouro sobre o rio e a cidade.

04 outubro 2005

A ponte que Eiffel construiu



O mito que atribui a autoria do projecto da Ponte Maria Pia a Gustave Eiffel, sofreu recentemente um novo revés. Desta vez foi uma voz autorizada a repor verdade, o historiador Lopes Cordeiro que, por ocasião do lançamento do livro «Ponte Maria Pia - a obra-prima de Seyrig», de que é co-autor, afirmou, segundo o Jornal de Notícias:

«O arco da ponte é que foi revolucionário e ele deve-se aos cálculos de Seyrig. Todo o resto da Maria Pia foi construído em série e aplicado noutras pontes metálicas. Por isso a ponte é de Théophile Seyrig».

Esta declaração levou-me a procurar uma revista antiga de trinta anos, adquirida a um alfarrabista de Córdoba, onde Mercedes López García, professora de Estética da Engenharia, aborda a obra e a personalidade do autor da famosa torre de Paris, num artigo intitulado «Eiffel, Mito y Realidad».

O texto não pretende desqualificar Eiffel, mas sim colocá-lo no lugar que lhe pertence: o de um excelente construtor e empresário, no sentido mais moderno da palavra. Eiffel sabia cercar-se de brilhantes engenheiros que mantinha na sombra por razões promocionais da empresa que tinha o seu nome. O seu mérito não residia na criação, mas sim na gestão que imprimia às construções e na precisão da execução, graças à técnica de pré-fabricação em estaleiro, tão avançada para a época.



Em 1868, Eiffel conhece Théophile Seyrig, um brilhante engenheiro, com quem constitui uma sociedade em condições altamente favoráveis para si. Quando Seyrig se apercebe das condições desvantajosas em que trabalhava propõe alterar o contrato. Eiffel recusa e rescinde o acordo nove anos antes do fim do prazo contratual. Entretanto Seyrig havia projectado a Ponte Maria Pia, que a empresa Eiffel construiu num curto prazo de tempo. Seyrig vai então trabalhar para a empresa Willebroeck que, com um projecto seu, ganha a Eiffel o concurso internacional para a construção da Ponte Luís I, também no Porto.

O grande êxito de Eiffel, aquele que o tornou popular a nível internacional, foi a torre que tem o seu em Paris. A ideia da torre, contudo, foi de dois dos seus colaboradores: Maurice Koechlin e Emile Nouguier. Eiffel regista a patente em nome dos três e passado algum tempo apressa-se a comprá-la aos seus colaboradores, ficando como único proprietário. Mais tarde assinará o acordo para construção da torre, não no nome da empresa, mas em seu nome pessoal. Construirá a gigantesca estrutura no prazo de 26 meses, sem acidentes mortais. Um verdadeiro sucesso.

No currículo da casa Eiffel constam inúmeras obras numa grande dispersão geográfica. Só na Ásia montou quatro mil pontes pré-fabricadas. A estrutura da Estátua da Liberdade também foi por si construída.

O hábito de assinar apenas contratos que lhe fossem extremamente vantajosos, deixará uma mancha no seu orgulho. O acordo para construção de comportas no canal do Panamá, foi redigido em tais termos que Eiffel acaba em tribunal no ano de 1892, acusado de fraude, de que foi absolvido.

Alguns meses depois retira-se, dedicando-se durante 28 anos à investigação científica.