17 abril 2012

16 abril 2012

O Porto de Domingos Pinho

Domingos Pinho, nascido no Porto em 1937, tem uma obra extensíssima que está patente em vinte e sete vídeos disponíveis no Youtube. Deles destaco um, do período da juventude do pintor, onde se expõem óleos, guaches, desenhos e aguarelas que nos mostram a região do Porto entre 1955 e 1959.
Domingos Pinho, que foi professor da Escola Superior de Belas Artes do Porto durante 35 anos e co-fundador da Cooperativa Árvore, está representado nas colecções do Museu Nacional de Soares dos Reis, do Museu Amadeo de Souza-Cardozo, do Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian e noutros museus e colecções particulares no país e no estrangeiro.

11 abril 2012

Bairro do Livros

Comprar livros com desconto de vinte por cento, todos os segundos sábados de cada mês em livrarias da baixa, vai ser possível no Bairro dos Livros. A iniciativa, que nasceu de uma parceria entre alguns livreiros e a Culturprint, tem já onze livrarias aderentes mas tenderá a integrar as cerca de trinta livrarias que existem no espaço “geográfico e emocional”, segundo a organização, que vai da Rua da Fábrica à Praça de Carlos Alberto. A intenção é promover o livro e a leitura e dinamizar a baixa do Porto. A festa do livro, é o que se pretende que seja, à semelhança do que acontece com as galerias de arte em Miguel Bombarda, começa no próximo Sábado, no Palacete dos Viscondes de Balsemão com intervenções, entre outros, de Antero Braga, da Lello & Irmão, e Germano Silva, e uma performance de violoncelo. Durante a tarde haverá flashes poéticos nas livrarias, à noite cinema, no Cineclube do Porto, e mais poesia e música na livraria Biblioteca Musical.
Clique na imagem para aceder ao programa do Bairro dos Livros.

09 abril 2012

Loa ao Porto


Que impulso de dizer-te pátria, Porto:
O corpo amuralhado de granito,
Cabelo d'água, à névoa, ao vento, exposto,
Face esculpida em grito.

Braços de ferro, arqueados, desmedidos,
Sobre o fluir dos barcos e do barro.
E um rumor antigo
Na voz das tuas ruas e mercados.

Vestes de escuro e enfeitas-te de luzes
Antes do Sol perder seu oiro pálido.
E das torres com sinos e com cruzes
Acenas ao mar largo.

Bulícios de cafés (há mais de mil)
Entornam-te nas veias graça e fogo.
E o lírico torpor dos teus jardins
Suspiros e repouso.

Que impulso de dizer-te pátria, Porto:
Coração, não de Pedro, mas de pedra
Com sangue fértil, vinho generoso
A gerar alma e terra.

António Manuel Couto Viana

05 abril 2012

Na cidade das camélias...

... as flores que gostam do frio estão de regresso à terra para alegrarem os nossos dias no próximo Inverno.


A ler no Porto24:
«A cidade do Porto foi o primeiro sítio a ter camélias em Portugal, segundo refere Marques Loureiro, pai da horticultura portuguesa no século 19, no Jornal de Horticultura Prática, onde se pode ler que as primeiras camélias importadas viajaram para o Porto entre 1808 e 1810».
«"O perfume delas é, talvez, a cor”, escreveu o poeta Pedro Homem de Mello a propósito das camélias que existem no Porto, plantas também conhecidas por “japoneiras”, pela associação aos Descobrimentos Portugueses e ao Japão».

03 abril 2012

Jorge Ricardo Pinto

Conheci Jorge Ricardo Pinto como animador de um dos primeiros blogues que tiveram o Porto como tema, o excelente Avenida dos Aliados, cuja ligação mantenho aqui ao lado, por melancolia, desde o início d'A Cidade Surpreendente. Apesar do Avenida ter durado pouco, um curto período entre 2004 e 2005, a devoção do Jorge pelos temas portuenses manifestou-se de novo publicamente, passados quatro anos, com a publicação da sua tese de mestrado O Porto Oriental no Final do Século XIX , pela Afrontamento. Agora, chega-me a notícia duma exposição organizada pelo Jorge Ricardo Pinto no local onde é professor, o Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo, sobre a história de um edifício notável, onde funciona aquela instituição, no 285 da Rua de Cedofeita, aquele onde esteve o Salão Silva Porto, local dedicado às artes plásticas no Porto dos anos 30, e onde, muitos se lembrarão, existiu uma secção do então liceu das meninas de bata azul, o Carolina Michaëlis. A ler no Porto 24.

02 abril 2012

A Rua da Assunção...

... vista da Torre dos Clérigos.


29 março 2012

Um percurso com entrevista

Acedendo a um simpático convite, percorri o Bairro da Sé com Júlia Rocha, jornalista do Jornalismo Porto Net, o jornal digital do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. O resultado, uma fotogaleria, com imagens captadas pela jornalista, e a conversa que tivemos, está aqui e aqui.

28 março 2012

Valeu a pena


A notícia é de ontem, mas a eleição do Porto como Melhor Destino Europeu de 2012, pela European Consumers Choice, a organização não lucrativa de consumidores com sede em Bruxelas, perdurará durante um ano e trará, seguramente, mais-valias para a cidade e para esta região marcada por um rio fabuloso, que muitas outras cidades europeias não desdenhariam, uma costa atlântica notável e pelas montanhas do interior aqui tão perto. O Porto, mas também Gaia, Matosinhos, a Maia e Gondomar estão de parabéns. Os apelos que correram pela rede para votar nesta eleição, em que estiveram dez cidades europeias, surtiram efeito. Valeu a pena!

16 março 2012

O Porto visto do alto - III

Vista do cimo das torres da Igreja da Lapa a cidade revela-se diferente das imagens anteriores. Aparte o quartel, que já foi general, aqui não há lugar para grandes construções, para os grandes blocos residenciais, mas sim para pequenos edifícios de grandes empenas cegas, com alguns metros de frente e fundos extensos – que outrora foram quintais e jardins - nascidos das matrizes oitocentistas, de que persistem alguns exemplares, decadentes, com belas fachadas em que predominam o granito e o ferro forjado. O cemitério, enquanto cidade dos mortos, obedece à mesma regra de aproveitamento do espaço dos vivos. Construído em socalcos no monte da Lapa, num sobe e desce de patamares, aparece embutido no casario. No horizonte, para sul, perfila-se a outra parte da mesma mancha urbana, Gaia. Para sudoeste observamos a Boavista e o Cabedelo; a norte o Marquês e os condomínios de Damião de Góis.
Clique nas imagens para as ver maiores

12 março 2012

O Porto visto do alto - II

A Rua Prof. Mota Pinto.



























A Via de Cintura Interna entre o viaduto das Andresas e a Prelada.


O casario do Pinheiro Manso, a zona do Aviz - ao centro - e, ao fundo à direita, o arvoredo do Parque Desportivo do Inatel.

09 março 2012

O melhor destino Europeu de 2012

O rigor das votações feitas pela internet é, na maioria das vezes, nulo, como o da escolha do melhor destino europeu de 2012. Aqui há, no entanto, um factor importante para quem vive e sente a região do Porto: a cidade aparece incluída numa lista restrita de outras vinte cidades europeias. Perdida a influência política e financeira que teve outrora (a económica, de certo modo, mantém-se), poderemos votar no European Best Destination 2012 para reforçar a visibilidade que o Porto adquiriu nos últimos anos como destino turístico.

06 março 2012

O Porto visto do alto - I

O Porto não é uma cidade onde abundem os edifícios altos. Há até por cá quem tenha um preconceito contra essas construções que modelam, e bem, tantas cidades de grande e média dimensão.

Entre o Bessa e o Foco

Até ao início da segunda metade do século XX, a cidade, vista de Gaia, manteve o perfil que foi sendo construído nos séculos anteriores. Do casario de altura média emergiam, como pontos mais altos, as torres das igrejas dos Clérigos, do Bonfim e da Lapa. Só no fim dos anos 40 do século XX despontou uma nova torre, a da Igreja da Senhora da Conceição, fazendo companhia às demais.

Nos anos 60 surgiram outras torres no centro da cidade, que alteraram o perfil do Porto, estas já não de carácter religioso, mas profano: a da cooperativa O Lar Familiar, em Gonçalo Cristóvão, a do Hotel D. Henrique, a do Jornal de Notícias e a da Cooperativa dos Pedreiros, na rua de D. João IV. A ocidente, já fora do centro, construíram-se na mesma época as torres da Varanda da Barra e, mais tarde, as da Pasteleira. O perfil do Porto mantem-se de então para cá com poucas alterações, porque as construções altas que foram aparecendo nos últimos 30 anos, vêem-se mal ou não são mesmo visíveis, quando observamos a cidade da margem sul do Douro. Do cimo dessas torres obtemos, no entanto, uma percepção da urbe diferente daquela a que estamos habituados no dia-a-dia, quando circulamos pelas ruas “presos ao chão”.

É esse panorama, pouco comum, que irá sendo mostrado aqui, conforme forem sendo vencidas as dificuldades de acesso a alguns dos edifícios altos do Porto.

A Avenida do Bessa e a Escola Fontes Pereira de Melo

24 fevereiro 2012

A Igreja do Marquês

Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782) foi, talvez, o maior tirano da história de Portugal. Camilo Castelo Branco que bosquejou os crimes do ministro de D. José I e os expõe no seu Perfil do Marquês de Pombal, publicado em 1882, não o poupa, afirmando que o regime pombalino assentou em perseguições, ameaças, patíbulos, forcas, incêndios, prisões, corrupção, roubos e degredos. Como a história é feita pelos poderosos, Sebastião José acabou reabilitado com a criação fabulosa do mito Marquês de Pombal, e homenageado com o maior monumento a um só homem existente em Lisboa.
No Porto, cidade onde a crueldade do dito se abateu com dezenas de enforcamentos públicos, após o motim dos taberneiros, premiaram-lhe a façanha dando o seu nome ao antigo Largo da Aguardente. Vá lá perceber-se porquê.

O templo que é conhecido popularmente como Igreja do Marquês, por se situar na Praça do Marquês de Pombal, tem outra denominação, mais adequada, a de Igreja da Senhora da Conceição. Segundo um folheto lá disponível, reconhecem-se várias influências arquitectónicas no projecto original do monge beneditino Paul Bellot, alterado pelo arquitecto Rogério de Azevedo. A das basílicas romanas, na planta; do românico e do gótico na estrutura dos arcos; da arte moçárabe nas colunas e rendilhados interiores. Passo a citar: «Na decoração interior o autor do projecto ter-se-ia inspirado na arte bizantina e árabe, pretendendo utilizar o tijolo (hoje substituído por mármore) e o mosaico policromado. Razões quer económicas, quer da Câmara Municipal do Porto, com os seus vários pareceres negativos, terão obrigado a abandonar esse tipo de decoração».
A igreja, com a sua esbelta torre a lembrar os templos góticos, foi construída entre 1938 e 1947.

15 fevereiro 2012

14 fevereiro 2012

13 fevereiro 2012

10 fevereiro 2012

09 fevereiro 2012

01 fevereiro 2012

Luz e Sombra na Paisagem Urbana - III

Rua das Carmelitas,
o Palácio do Conde de Vizela, projecto de 1908 alterado por Marques da Silva quando assumiu a direcção de obras entre 1920 e 1923.

30 janeiro 2012

Luz e Sombra na Paisagem Urbana - I

A Praça do Infante


Luz e Sombra na Paisagem Urbana é o título de um conjunto de fotografias analógicas tiradas em Janeiro de 2002, de que publicarei aqui alguns exemplares. O objectivo de então foi captar a luz da cidade em dias límpidos, contrariando o mito que diz ser o Porto uma cidade escura, imersa em nevoeiro. Nada a provar, apenas um exercício. As neblinas portuenses, vindas do Atlântico, são uma realidade celebrada na literatura, na pintura e na música, que dá lugar a dias de sol, como os que têm decorrido agora, passados 10 anos, em Janeiro de 2012.
Na imagem de hoje está a Praça do Infante, com o monumento da autoria de Tomás Costa, inaugurado em 1900, ”vítima” de uma intervenção artística da Porto 2001 que, no final daquele ano, vestiu onze estátuas da cidade.

23 janeiro 2012

A Cerca Nova

Cerca Nova é a designação da muralha defensiva do Porto construída durante o século XIV, conhecida também por Fernandina. Nova por oposição à muralha primitiva que ao cercar apenas o morro da Sé, se tornou insuficiente para proteger a cidade que tinha crescido para além dos seus muros. A Cerca Nova, foi abordada pelo padre Agostinho Rebelo da Costa na sua Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto, editada nesta cidade em 1789, que está disponível no Google Books, (e na Biblioteca Nacional Digital) a partir da qual foi feita a transcrição livre abaixo publicada.


«Em 41 graus e 10 minutos de latitude, 9 e 58 minutos de longitude próxima à foz do Rio Douro, que desagua naquela parte do oceano a que os antigos chamaram Atlântico Ocidental, está situada esta famosa cidade, segunda na grandeza, e na opulência entre todas as do reino. A sua figura contemplada dentro dos muros, imita um quadrilátero irregular de dois mil e seiscentos pés de comprido, e de mil oitocentos de largo. Firma-se sobre dois grandes, e dilatados montes, que são o da Sé e o da Vitória, ambos imediatos ao Rio Douro. Entre estes dois montes, medeia uma dilatada planície, que se divide em três vales sobranceiros uns aos outros: o primeiro, dilata-se desde o Convento de S. Bento das Freiras até S. Domingos; o segundo continua por toda a Rua Nova de S. Nicolau; o terceiro abrange a Ribeira, Fonte Taurina, e toda a Reboleira, até à Porta Nova. Pouca, ou nenhuma terra se verá em esta dilatada extensão, que não esteja povoada, e coberta de edifícios. O prospecto da cidade observado da parte meridional do Rio Douro, é bem semelhante a um anfiteatro.


Um elevado muro de quase três mil palmos de circunferência, e trinta pés de altura, abrange o seu interior. Todo ele é fortificado com parapeitos, ameias, e multiplicadas torres quadradas, que o excedem na altura de onze pés. O seu âmbito, é rasgado por muitas portas grandes, e levadas, que dão entrada, e saída ao povo, carros, seges, e tudo quanto é necessário para o serviço público. As maiores portas, e as de maior concurso, são a Porta Nova, a dos Banhos, Lingueta, Peixe, Ribeira, que faceiam com o rio; e para a parte da terra, a do Sol, Cima de Vila, Carros, Santo Elói, Olival, Virtudes. As três portas de Cima de Vila e do Olival, estão guarnecidas de quadradas torres, que se elevam trinta pés acima dos muros. Quási todas as portas, são igualmente guarnecidas com parapeitos, que lhes servem hoje de composição, e ornato. Em muitas delas residem continuamente diversos Corpos de Guarda Militar. Principia este dilatado muro no sítio chamado Porta Nova aonde faz um ângulo em modo de plataforma, que olha para o poente, e no qual está sempre um presídio de soldados: daqui discorre ao meio dia, quási em linha recta pela margem do Rio douro; e depois de formar uma varanda espaçosa de dois mil pés de comprimento, faceada de belíssimos edifícios, e disposta em forma, que serve de agradável passeio ao público, chega aos Guindais, e subindo pela parte do nascente até à graciosa Porta do Sol, vai terminar-se nas portas de Cima de Vila, que ficam, uma ao nascente, outra ao poente, outra ao sul. (*) Logo principia a descer pela íngreme calçada a que chamam da Teresa até à Porta de Carros. Esta porta, que é a mais frequentada de todas da cidade, foi aberta no ano de 1521, como consta da seguinte inscrição gravada em uma grande pedra, que está no alto do seu arco:

REGNANTE DIVO EMMANUELE,
QUI PRIMUS PORTUGALIAE REGUM
AD MARE USQUE INDICUM, ET
SCYTICUM LUSITANIAE IMPERIUM
PROPAGAVIT, APERTA FUIC HAEC
PORTA SIMULC VIA, QUAE HINC
IN SANCTI DOMINI TEMPLUM
DUCIT, INDUSTRIA ANTONII
CORREA HUJUS PROVINCIAE CORRECTORIS.
1521

Desde esta porta, continua o muro sucessivamente até à de Santo Elói, e daí começa outra vez a subir; e em chegando à grande Porta do Olival faceia com o largo da Cordoaria, desde a Porta das Virtudes, à da Esperança, e finaliza no Forte da Porta Nova em que teve princípio. Não devem estes muros a sua fundação, como alguns dizem, ao Arcebispo de Braga D. Gonçalo pereira; mas a D. Afonso IV, D Pedro I, e D. Fernando, reis de Portugal. A sua fábrica durou quarenta anos, e por esta causa ocupou as vidas daqueles três monarcas.

(*)Chamam-se também as Portas da Batalha, e como tais as descrevo no capítulo anterior.»

12 janeiro 2012

Janelas do tempo - XII

Três mulheres constituem as figuras centrais desta imagem atribuída, como a anterior, a Marques Abreu, que deverá datar do início do século XX. Uma delas leva na mão um peixe, parco alimento que parece embrulhado num papel, provavelmente de jornal, enquanto outra olha curiosa para trás. Era um trabalho duro, o das mulheres que labutavam no Cais da Ribeira onde, pela via fluvial, chegavam muitos dos víveres e outras mercadorias de que a cidade necessitava. À direita, imobilizado com um calço, vê-se um carro de bois carregado de sacos que poderiam conter carvão. O toldo, à esquerda, deixa adivinhar a actividade comercial que ali havia e se manteve até há alguns anos, antes de ter sido substituída por bares, restaurantes e lojas de venda de produtos destinados ao turismo de massas.


Ao fundo está a estrutura esbelta e imutável da Ponte Luís I, reflectindo o sol da tarde, e um edifício que foi demolido há decénios, deixando aquele espaço mais desafogado, como pode observar-se na fotografia de baixo.

09 janeiro 2012

Janelas do tempo - XI

No final da tarde, quando o fotógrafo disparou o obturador da máquina fotográfica e registou o instantâneo que hoje aqui trago, o bulício que caracterizava o Cais da Ribeira no início do século XX, tinha acalmado. Duas mulheres caminham a passos largos, enquanto outra entra inopinadamente no plano da imagem.


Nas arcadas do muro da Ribeira distinguem-se inscrições (se clicar na imagem vê-la-á maior) de uma mercearia e de uma loja de vinhos e tabacos. Um carro de bois cruza-se com um homem que transporta uma vasilha de lata à cabeça. Há algumas crianças na imagem, mas o grupo preponderante é composto por mulheres que se apresentam maioritariamente descalças. Uma varina, de costas, com a canastra entre as mãos, deixa ver a rodilha na cabeça. Ao fundo, o maciço rochoso do Codeçal cai abrupto diante da Ponte Luís I, quase ocultando a passagem do cais para aquela travessia para Gaia. Esta massa granítica viria a ser desmontada aquando da abertura do túnel da Ribeira, nos anos 40-50 do século passado.

A fotografia, digitalizada a partir de um negativo de vidro no formato 9x12 cm, foi adquirida numa banca de rua a alguém que a atribuiu a José Antunes Marques Abreu, o artista gráfico que, nascido em 1879 no concelho de Tábua, chegou ao Porto em 1893 e aqui faleceu em 1958, após um percurso profissional notável na área das artes gráficas.