Santana Dionísio, no Guia de Portugal (1), após uma pormenorizada descrição da Igreja dos Clérigos, remata assim: «Mas o extraordinário mérito do templo (e do arquitecto que o concebeu) está na prodigiosa Torre que se ergue no topo ocidental do seu corpo. É, ao mesmo tempo, o inconfundível obelisco e sinete da cidade. Razão tinha o poeta Teixeira de Pascoais ao dizer, com o seu exorbitado humorismo, sempre tão rico de sentido hiperbólico e visão exacta, que "a Torre dos Clérigos é o Porto espremido para cima".
É uma torre única no mundo. Sua arrojada altura, sua esbelteza e segurança, com os alicerces assentes em rocha viva (sic) e o cocuruto a roçar as nuvens, sua rítmica arquitectura tão ajustadamente marcada nos sucessivos lanços, a graça dos seus pináculos e coruchéus - querendo oferecer a perfeita ilusão da imponderabilidade do granito - fazem desta torre um paradigma de audácia barroca. Repare-se sobretudo no coroamento, desde a balaustrada do relógio à esfera terminal - e admire-se o virtuosismo de tanta delicadeza e audácia.»
(1) Guia de Portugal, Entre Douro e Minho - I. Douro Litoral / 3ª ed./ 4º vol./ Fundação Calouste Gulbenkian / sd
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