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21 dezembro 2005
É Natal na Cidade Surpreendente
...e este blogue... vai de férias até à alvorada de um novo ano, a 4 de Janeiro.
Boas Festas a todos.
Labels:
Natal,
Rua de 31 de Janeiro,
Torre dos Clérigos
09 setembro 2005
08 setembro 2005
07 setembro 2005
Nos próximos dias andaremos por aqui, a espreitar esta obra de um visionário italiano que há 280 anos adoptou o Porto como cidade para viver e trabalhar.
Para saber mais sobre este paradigma da audácia barroca, como alguém já designou a Torre dos Clérigos, aconselho a consulta da página pessoal de António Amen, que contém cerca de seis dezenas de fotografias e um texto bastante completo, ou o sítio Porto XXI.
01 junho 2005
A luz e a sombra
José Alexandre Ramos comentou a entrada anterior opondo-se ao lugar-comum que diz que o Porto é uma cidade escura, afirmando que a antiguidade e a condição granítica da cidade, conjugadas com o clima, resultam na característica patine portuense.
Patine que tanto pode ser interpretada como «escuridão», por um olhar apressado, como tem sido fonte de inspiração de inúmeros autores, das artes plásticas à literatura.
Outro comentário, o de Mendes Ferreira na sua escrita sentida:
«Escuro o Porto? não de todo. O Porto tem aquela terrível e indizível luz/claridade das pedras, da grandeza dos contrários, dos infinitos estendidos desde a Foz à Ribeira, desde o sol ao entardecer. A luz do Porto é um mistério que se abre depois de fecharmos o olhar sobre o mar.»
Já para José Pacheco Pereira, «as cores do Porto (...) são difíceis de ver e mostrar».
Pegando nas três referências à luz do Porto, motivadas por este blogue, decidi percorrer o sinuoso caminho de as ilustrar. Nada que não tenha já sido feito aqui, só que desta vez o que preside são as dicotomias luz e sombra, e a cor por oposição à sua quase ausência.
Como nota de rodapé, recomendo uma visita à página pessoal de António Amen que, num esforço louvável, nos presenteia com um exaustivo levantamento fotográfico do Porto.
Patine que tanto pode ser interpretada como «escuridão», por um olhar apressado, como tem sido fonte de inspiração de inúmeros autores, das artes plásticas à literatura.
Outro comentário, o de Mendes Ferreira na sua escrita sentida:
«Escuro o Porto? não de todo. O Porto tem aquela terrível e indizível luz/claridade das pedras, da grandeza dos contrários, dos infinitos estendidos desde a Foz à Ribeira, desde o sol ao entardecer. A luz do Porto é um mistério que se abre depois de fecharmos o olhar sobre o mar.»
Já para José Pacheco Pereira, «as cores do Porto (...) são difíceis de ver e mostrar».
Pegando nas três referências à luz do Porto, motivadas por este blogue, decidi percorrer o sinuoso caminho de as ilustrar. Nada que não tenha já sido feito aqui, só que desta vez o que preside são as dicotomias luz e sombra, e a cor por oposição à sua quase ausência.
Como nota de rodapé, recomendo uma visita à página pessoal de António Amen que, num esforço louvável, nos presenteia com um exaustivo levantamento fotográfico do Porto.
12 abril 2005
Desafogo
A estátua de D. António Ferreira Gomes, apelidada de «Batman» pelos residentes mais jovens da freguesia da Vitória, devido à capa esvoaçante que enverga, foi mudada para um local mais visível, na Praça de Lisboa.
O antigo Bispo do Porto bem merece que lhe honrem a memória num local desafogado.
« (...) D. António Ferreira Gomes foi um defensor determinado e consistente de um modelo de relações baseado na separação entre Igreja e Estado. Uma separação assente na delimitação das esferas de competências e no respeito mútuo, sem prejuízo dos ideais que a Igreja Católica entenda dever manifestar e dar público testemunho.
Não era fácil - e não foi fácil - a um homem da Igreja defender essa linha de independência entre a Igreja e o Estado, sobretudo num tempo em que a tendência para a instrumentalização recíproca era muito forte.
A coragem com que se bateu pelas suas convicções valeu-lhe, como se sabe, o afastamento compulsivo da sua diocese em 1959 e uma longa permanência no estrangeiro.
Durante 10 anos o regresso a Portugal foi-lhe negado, de forma arbitrária e injusta.»
31 março 2005
Impressões de literatas, viandantes e memorialistas # 4
«Verdadeira república urbana, como as suas congéneres da Flandres e da Itália, o Porto medievo distinguia-se destas pelo profundo sentimento de comunhão com que partilhava as aspirações e os riscos da pátria maior.»
Jaime Cortesão
17 março 2005
Eu queria uma torre como esta
Metamorfose
Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.
Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.
E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter...
uma luz desce o rio
gente passa e não sabe
que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem
as nuvens não passem
tão alta tão alta
que a solidão possa tornar-se humana.
Jorge de Sena
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Frente Fluvial,
Poesia I,
Torre dos Clérigos
05 janeiro 2005
E La Nave Va
04 janeiro 2005
Um Chá nas Nuvens
Ainda no Guia de Portugal (1), o autor relata-nos um curioso episódio, uma acção de «propaganda comercial» da fábrica de moagens Invicta, ocorrido em 1917, o escalamento da Torre dos Clérigos.
«O barroquismo da torre é tal que o seu acesso, pelo exterior, embora constitua um prodígio de temeridade, se tornou um facto em 28 de Out. de 1917. Foi a proeza de dois escaladores e acrobatas, os espanhóis Puertullanos, pai e filho, trazidos ao Porto nessa data pelo técnico de propaganda comercial, Raul Caldevilla, para criar o renome de alguns produtos da fábrica de moagem Invicta. Com excepção de um lanço de oito ou dez metros, entre o 2º e o 3º piso, onde o acrobata correu risco tão iminente que a multidão estremeceu (lanço liso e que não oferece possibilidade de escalamento sem cordada) o ginasta (o filho) diante de uma enorme multidão angustiada que se apinhava no largo fronteiro e no jardim da Cordoaria, venceu a sós e a pulso as sucessivas pilastras, cornijas e volutas, atingindo no fim de meia hora a esfera. A partir do último campanário, a escalada foi feita por ambos. Alcançado o cruzeiro de ferro, os dois equilibristas, cada um no seu braço, instalaram nele uma pequena mesa sobre a qual tomaram chá com bolachas e espalharam revoadas de prospectos sobre a cidade. A descida, feita de novo pelo exterior da torre, constituiu talvez proeza ainda mais arriscada e difícil do que a ascensão. Se Nasoni tivesse assistido, julgar-se-ia ludíbrio de um sonho.
Dessa escalada se fez um dos primeiros filmes portugueses, intitulado Um Chá nas Nuvens, iniciativa do mesmo Caldevilla.»
(1) Dionísio, Santana /Guia de Portugal, Entre Douro e Minho - I. Douro Litoral / 3ª ed./ 4º vol./ Fundação Calouste Gulbenkian / sd
03 janeiro 2005
O Porto Espremido para Cima
Santana Dionísio, no Guia de Portugal (1), após uma pormenorizada descrição da Igreja dos Clérigos, remata assim: «Mas o extraordinário mérito do templo (e do arquitecto que o concebeu) está na prodigiosa Torre que se ergue no topo ocidental do seu corpo. É, ao mesmo tempo, o inconfundível obelisco e sinete da cidade. Razão tinha o poeta Teixeira de Pascoais ao dizer, com o seu exorbitado humorismo, sempre tão rico de sentido hiperbólico e visão exacta, que "a Torre dos Clérigos é o Porto espremido para cima".
É uma torre única no mundo. Sua arrojada altura, sua esbelteza e segurança, com os alicerces assentes em rocha viva (sic) e o cocuruto a roçar as nuvens, sua rítmica arquitectura tão ajustadamente marcada nos sucessivos lanços, a graça dos seus pináculos e coruchéus - querendo oferecer a perfeita ilusão da imponderabilidade do granito - fazem desta torre um paradigma de audácia barroca. Repare-se sobretudo no coroamento, desde a balaustrada do relógio à esfera terminal - e admire-se o virtuosismo de tanta delicadeza e audácia.»
(1) Guia de Portugal, Entre Douro e Minho - I. Douro Litoral / 3ª ed./ 4º vol./ Fundação Calouste Gulbenkian / sd
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