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18 abril 2009

O Porto e Gaia ...



... irmanados pela invernia que regressou à cidade em Abril, depois de um Março ameno e luminoso.

04 novembro 2008

A Afurada a dois tempos

Em maré de comparações do tempo, como se prometeu abaixo, e se há-de cumprir nas Janelas do Tempo, passemos do tempo que aí se abordará, o das existências na sua mutação, para o tempo que faz, aquele que influencia o nosso comportamento no dia-a-dia, o tempo atmosférico, observando a acolhedora povoação piscatória da Afurada, na foz do Douro, a dois tempos - separados por um dia - : um, colorido pelo sol intenso e morno, que convoca a nostalgia do Verão, e o outro, cinzento, chuvoso e frio, que anuncia o futuro imediato, o Inverno que aí vem. Saibamos o que nos espera e não nos iludamos, pois, com o tempo.







15 setembro 2008

O retiro das garças-reais...

... em Lordelo do Ouro, Porto.

Conta-me quem sabe que há vinte anos não havia garças no Porto, e que as pobres aves terão vindo parar aqui porque os lugares onde viveriam e cresceriam naturalmente, têm vindo a ser destruídos pela contínua pressão humana.

A verdade é que há uma colónia de garças-reais que faz parte da paisagem do estuário do Douro. A maioria anda pelo Cabedelo mas há um bando que pesca e descansa numa zona do rio pouco profunda, diante do jardim do Cálem, em Lordelo.





Ontem, como a manhã estava temperada e luminosa e era Domingo, a actividade humana, em terra e no rio, levou dezoito dessas garças – contadas por mim - a erguer as asas e voar... para o topo de dois respeitáveis eucaliptos que, naturalmente, as acolheram.

07 abril 2008

Vinte minutos…

... do anoitecer de 29 de Dezembro, em cinco fotogramas.

18h15

18h21

18h27

18h28

18h35

10 março 2008

O estuário do Douro...



... tingido pelo Sol, no final da tarde de ontem.

13 setembro 2007

Bruma



Neblina que, vinda do Atlântico numa tarde recente, num divertimento de tapa destapa, mostra esconde, penetrou pelo vale do Douro e se instalou nas ribas do Porto e de Gaia.

02 setembro 2006

Tranquilidade



O estuário do Douro ficará por aqui, como metáfora de espaço e liberdade, durante algum tempo, enquanto desfruto das amenidades de Setembro noutras paragens. A Cidade Surpreendente regressará no próximo dia 20.

08 março 2006

Da Urbe e do Burgo - IV

Regressamos às crónicas de Sant'Anna Dionísio respigando excertos de um conjunto de comentários da actualidade de então, publicados com o título Perspectivas do Douro. Repare-se no matiz da escrita, na visão tão particular do autor e na sua preocupação com o futuro da urbe. Futuro que, tanto para o centro histórico do Porto como para aquilo que S.D. designava como «interland rústico» da cidade, se revelou desastroso. No centro a ruína permanente, na periferia o caos urbanístico.
__________________


Perspectivas do Douro

«Rara será a cidade, seja qual for o continente em que for procurada, que possa apresentar tão impressionantes flancos, tão propícios à realização de uma grandiosa obra de urbanismo, arquitectónico e paisagístico, como esta oferecida à imaginação de qualquer bom observador, desde o promontório de Nova Sintra até às proximidades da Foz.



Logo de começo, é o formidando duplo barranco compreendido entre as duas ciclópicas pontes metálicas, lançadas com grande arrojo sobre o rio nos fins do terceiro quartel do século passado. O sítio é único no mundo. Numa extensão de mil metros, o rio corre entre duas colossais ravinas, quase perpendiculares, de trinta braças de fundo.



Do lado do sul, é o despenhadeiro da serra do Pilar - irrisória como serra, mas ciclópica como paredão de um canal carrancudo e disforme. Do lado do norte é o fraguedo, cortado quase a prumo, que vai desde a ravina dos Guindais ao barranco do antigo Seminário».


(...)
«Tanto ou mais do que a cidade de Lisboa, a cidade do Porto, em pleno e anárquico crescimento, está a pedir, em silêncio, há mais de meio século, uma obra de aglutinação municipal imprescindível e, no fim de contas, extremamente simples. Queremos referir-nos à necessidade de ser convertido num só município, devidamente disciplinado e controlado, que abrangeria os actuais âmbitos urbanizantes do Porto, Matosinhos, Maia, Condomar, Valongo, Gaia. Assim se poderia traçar e orientar um grande e decisivo plano de expansão, arrumação, circulação e embelezamento que não existe e cuja falta prolongada além dos limites razoáveis tem, já hoje, como consequência funesta (em muitos sectores e casos, de dificílima correcção) a estratificação de erros sobre erros, que já nos meados do século XVIII eram objecto do lucidíssimo olhar do Almada, Velho (D. João de Almada), na impressiva e discreta missiva-relatório endereçada ao Marquês de Pombal, seu parente.

Como é possível, com efeito, que o núcleo periférico de Leixões não tenha sido considerado, administrativamente, desde a criação do porto artificial do Porto, como um bairro da própria cidade que determinou a sua construção?
E como compreender que o aglomerado contíguo e fronteiro de Vila Nova de Gaia (uma vez extinta a longínqua motivação da alforria medieva) não esteja ainda hoje incluído no círculo de urbanização da Cidade de que ela, a vila, é um patente e simples bairro?
São anomalias que não se entendem».


(...)
«Francisco de Holanda, arquitecto, esteta e pintor, há já cinco séculos, a propósito das deficiências que notava na cidade de Lisboa ao chegar ao estuário do Tejo com os olhos ainda cheios do encanto da dignidade arquitectónica das cidades italianas, consagrou algumas reflexões a esse assunto, sugerindo algumas ideias e obras capazes de preencher esses vazios.

Sem querermos cair em mimetismos, sempre antipáticos e merecedores de mofa, entendemos que não será descabido tentar solicitar a atenção - como se costuma dizer: "de quem de direito" - para a urgência de se estudar a fundo alguns graves "senãos" da velha cidade do estuário do Douro no sentido de se fazer dela algo digno do que, nos dois séculos anteriores, nela se realizou no plano de autêntica urbanização e valorização panorâmica.
A cidade, tal qual está e tende a expandir-se, parece querer fugir ao rio donde nasceu e esquecer o empolgante cenário que lhe imprime o seu mais genuíno perfil.

Está bem que o casario moderno, funcional ou não funcional, se dilate na direcção do antigo interland rústico da Areosa, da Asprela, de Francos, mas que não se perca de vista o eixo fundamental da grandiosa linha de alcantis sobranceiros ao rio. Essa é e deverá ser sempre a alma da cidade e, como tal, requer que os seus mais dedicados urbanizadores lhe consagrem os preciosos momentos de imaginação criadora».
(...)
«A cidade nascida do grandioso rio tem de lhe ser fiel, modelando-lhe os flancos e tornando-os ainda mais impressivos. Pois que é "urbanizar" senão adquirir ainda mais fisionomia, sem prejuízo da fisionomia fundamental já adquirida?».

27 outubro 2005

Contra-plano



O observador do panorama de uma das fotos publicadas na entrada abaixo, estaria algures entre o arvoredo dos jardins do Palácio de Cristal, à esquerda. A imagem serve de mote para a abordagem à Ponte da Arrábida que será feita aqui amanhã, nunca antes das 19h00.

12 julho 2005

O Porto em pedra escura



...
Porto da minha infância!
A primeira impressão que me causaste
Tenho-a, cheia de espanto, na memória,
Cheia de bruma e de granito!
É uma impressão de Inverno,
Sombra cinzenta, enorme, donde irrompe
Alto cipreste empedernido
No meio de sepulcros habitados.
...
Teixeira de Pascoaes

30 junho 2005

A Noite do Porto



Shakespeare podia ter vivido aqui. Podia
ter dançado na noite de S. João, quando o rio
transborda para as ruas nas correntes
humanas que as inundam. Podia ter escrito
nos invernos de ausência o que a noite
ensina sobre a privação. Podia ter
ensinado, à beira do cais, que o tempo lascivo
corre como a água, levando o que não há-de
voltar e trazendo o que nunca terá nome
nem corpo. As almas, que empalidecem quando
o sol poente se reflecte nos vidros,
cantam bruscamente o verão: reflexo de um
reflexo, frutos que se deixam colher pela
memória, seres sem ser que não hão-de voltar
a nascer: Mas o que ele cantou, podia
tê-lo cantado aqui. Todos os lugares são,
afinal, lugar nenhum para quem não habita
senão a própria voz: sonho de outra margem,
cantor perdido no labirinto das pontes. Perto
da foz, sem o saber; sonhando a nascente,
como se não fosse ele próprio a única fonte.

Nuno Júdice

22 junho 2005

A não perder



Os tradicionais barcos rabelos, que durante séculos transportaram rio abaixo tudo o que o Alto Douro produzia, fruirão de um sopro de vida na regata que partirá da Afurada para a Ponte Luís I, às 13h00 do dia de S. João. Uma oportunidade única para apreciar estas elegantes embarcações, de velas soltas ao vento, a deslizar lentamente sobre as águas do Douro.



Aqui, na Cidade Surpreendente, abordarei em breve "A Arquitectura do Rabelo", título de um estudo do arquitecto Octávio Lixa Filgueiras que serviu como roteiro para um filme documentário, do qual publicarei algumas imagens e textos.

17 junho 2005

No Muro dos Bacalhoeiros





Olhando as casas de cores quentes, estreitas e altas, com janelas amplas e varandas extensas, voltadas para o rio.

01 junho 2005

A luz e a sombra

José Alexandre Ramos comentou a entrada anterior opondo-se ao lugar-comum que diz que o Porto é uma cidade escura, afirmando que a antiguidade e a condição granítica da cidade, conjugadas com o clima, resultam na característica patine portuense.

Patine que tanto pode ser interpretada como «escuridão», por um olhar apressado, como tem sido fonte de inspiração de inúmeros autores, das artes plásticas à literatura.

Outro comentário, o de Mendes Ferreira na sua escrita sentida:
«Escuro o Porto? não de todo. O Porto tem aquela terrível e indizível luz/claridade das pedras, da grandeza dos contrários, dos infinitos estendidos desde a Foz à Ribeira, desde o sol ao entardecer. A luz do Porto é um mistério que se abre depois de fecharmos o olhar sobre o mar.»

Já para José Pacheco Pereira, «as cores do Porto (...) são difíceis de ver e mostrar».

Pegando nas três referências à luz do Porto, motivadas por este blogue, decidi percorrer o sinuoso caminho de as ilustrar. Nada que não tenha já sido feito aqui, só que desta vez o que preside são as dicotomias luz e sombra, e a cor por oposição à sua quase ausência.






Como nota de rodapé, recomendo uma visita à página pessoal de António Amen que, num esforço louvável, nos presenteia com um exaustivo levantamento fotográfico do Porto.

24 maio 2005

Entre o Passeio Alegre e o Ouro

A crónica abaixo, de Luísa Dacosta, foi publicada na revista Máxima em 1992. De então para cá muita coisa mudou entre o Passeio Alegre e o Ouro. O eléctrico da linha 1, já não corre pela marginal com o sorriso Colgate estampado no rosto. Parece lento e cansado, agora que se desloca ronceiro e quase sem passageiros no trilho que partilha com os peões.
A língua de areia do Cabedelo, perdeu a magia há semanas com o início da construção dos polémicos molhes do Douro.
Também já não há dorsos curvados na apanha da bicha para o isco, nem miúdos a brincar livremente no jardim do Cálem. A Europa que trouxe a remodelação da marginal retirou-lhe o tipicismo.
Do conjunto de árvores de grande porte do Ouro, restam poucos exemplares, sobreviventes desesperados da política arboricida municipal, e até o estaleiro naval do Ouro está com um ar abandonado e decadente.
A marginal, contudo, não perdeu o encanto. Continua a valer a pena percorrê-la a pé, de bicicleta ou de eléctrico.



Tarde de Verão

«Apesar da massa das árvores, do jacto empoado de luz do repuxo, o calor pesa e amodorra o jardim. Espero o eléctrico e olho a linha do casario a alterar-se. Por isso o meu olhar se prende preferencialmente a duas casas: a que se segue à Rua das Laranjeiras com o seu rosa bolo-de-aniversário, bordado pelo branco das varandas e beiral, chovido em recorte como franja de chalinho que aconchegasse os telhados de duas águas e aquela outra de majestade antiga, vedada por altos portões de ferro, com seu jardim de palmeiras, suas varandas-terraços de deck de navio, seus mirantes, seus telhados, preciosos, como caixas nepalesas.





O calor continua e o que nos refresca é a lembrança do que não se vê: a língua de areia do Cabedelo, os barquinhos na faina, o Brasil, pequenino e breve, da avenida das palmeiras, a quietude das canas de pesca, à espera que o peixe morda, o musguento das pedras descobertas pela maré vaza.



Felizmente aparece, festivo, o eléctrico: amarelo e rosa com aquele estampado largo e achatado sorriso Colgate, para toda a vida. Toca a entrar! Deixada para trás a casa mais íntima e maneirinha do Passeio Alegre: a do poeta Rebordão Navarro, como que ajoelhada para melhor beber o encontro do rio e do mar, paramos na Cantareira, os barquinhos, presos ao paredão por longas cordas, como gadinho que não se quer extraviado. Que nome lindo e cantante! Cantareira, porquê? Porque as casas se dispõem amorosamente como os caquinhos nas cantareirinhas de brincar? Assim o dá a entender Raul Brandão: "As casas, limpas como o convés do navio, espreitavam para o mar, umas por cima das outras".





Vamos ao rés do rio. Do lado da terra casinhas baixas de porta e janela, a vida sobrante das roupas que não cabem de portas adentro em frente a acenar a deuses à outra margem, ainda a retalhos, mítica e frondosa de verdes espessos. Nas margens lodosas, floridas de asas brancas, há dorsos curvados na apanha da bicha para o isco. E começa o jardim do Cálem, com os antigos canhões de ferro, poleiro e regalo de pombas, gaivotas e meninos.



Na paragem, que dá acesso à Pasteleira, a capela de Santa Catarina espreita lá de cima do seu mirante, ainda aldeão. Continuamos na intimidade do rio, sob a massa pujante de tílias e plátanos: é o estaleiro do Ouro, onde o "Mar Pacífico" renova o cavername e o "Leixões" aguarda pintura. E, súbito, à esquerda: escadinhas, chafariz e mictório. Paragem do Ouro. Há freguesia para atravessar para a Afurada, que desce em presépio até às águas como se se preparasse para embarcar no rebanho de traineiras, que não se fez à faina. A "Flor do Gaz" já vem a meio da corrente de reflexos quebrados pela ondulação. Não tardará a atracar.»

Luísa Dacosta

29 abril 2005

A cidade do deserto



Como instalar um cenário de ficção no Cabedelo

1 - Peça um céu carregado de nuvens.
2 - Monte um estradão coberto de pó e areia.
3 - Invoque uma leve brisa de vento oeste (para animar o pó).
4 - Aguarde que o Sol se decida a espreitar.

Como fundo musical, trauteie o refrão de «O Porto aqui tão perto», de Sérgio Godinho:

Ai eu estive quase morto
no deserto
e o Porto
aqui tão perto
...

Impressões de literatas, viandantes e memorialistas # 5



«O Porto tem uma tonalidade sua e um "clima" próprio, uma "patine" que não é meridional. A cor amortecida, tamizada de alguns dos seus bairros, a sua luz muitas vezes velada pelo nevoeiro, o seu ambiente evocativo, dão-lhe expressão nostálgica de cidade nórdica, como Bruges e Amesterdão. Isso dá-lhe uma alma e uma expressão singular»

Roberto Nobre

05 abril 2005

Na Afurada





Uma pequena comunidade piscatória, do outro lado da cidade que o rio não separa.