26 julho 2011

O elogio da mulher

O que têm em comum Guilhermina Suggia, Aurélia de Sousa, Dona Antónia Ferreira, Rosa Ramalho, Carolina Michaëlis, Joaquina da Conceição Gomes e Sophia de Mello Breyner Andresen? A condição feminina, o facto de serem notáveis e, de uma maneira ou de outra, estarem ligadas ao norte de Portugal.


Foram estes factores que levaram a uni-las num painel sem título mas que poderia chamar-se "O elogio da mulher", com 2,00m por 9,00m, exposto, como elemento decorativo, num restaurante, bar, loja e livraria, fundado por mulheres, o No feminino com , na Praça de Carlos Alberto, no Porto.

GUILHERMINA SUGGIA (1885-1950)
Distinguiu-se como violoncelista. Foi precoce. Aos sete anos fez a sua primeira apresentação pública; aos 13 era já a violoncelista principal da Orquestra da Cidade do Porto. Estudou em Leipzig, na Alemanha, viveu em Paris com Pablo Casals - de quem tinha sido aluna – e em Londres. Em 1924 regressou ao Porto. Guilhermina teve um sucesso absoluto no meio musical europeu. A sala principal da Casa da Música tem o seu nome em homenagem a esta mulher notável. E revolucionária também, no sentido em que contribuiu decisivamente para a abolição de um preconceito, o de que o instrumento que tocava era indecoroso para as mulheres.

AURÉLIA DE SOUSA (1866-1922)
A imagem que está no painel é de um auto-retrato inacabado de Aurélia de Sousa, pintado por volta de 1897. Segundo Raquel Henriques da Silva, sua biógrafa, o enorme laço de cetim preto que a pintora ostenta, contraria a discrição habitual dos seus adereços e, ao mesmo tempo, fragiliza o rosto da pintora com uma modernidade inovadora para as convenções oitocentistas da pose feminina. Aurélia, enquanto Arlequim, ter-se-á divertido, nesta cena de interior, com o espelho e o vestuário.
Filha de emigrantes - nasceu no Chile - veio para o Porto com a família aos três anos de idade. Entre 1898 e 1901 viveu em Paris. No Porto, na Quinta da China, diante do Rio Douro, realizou a maior parte das suas obras, marcadas pelo Naturalismo. Ainda segundo R.H.S., Aurélia de Sousa é uma das mais importantes personalidades artísticas dos anos de 1900. Uma boa parte da sua obra pode ser observada na Casa Museu Marta Ortigão Sampaio e no Museu Nacional de Soares dos Reis.

Dona ANTÓNIA FERREIRA (1811-1896)
Mulher, humanista e empresária, três condições difíceis de encontrar em alguém que tenha vivido no século XIX. Teve uma vida pessoal atribulada mas isso não a impediu de contribuir, de forma notável, para o desenvolvimento da região que a viu nascer, o Douro vinhateiro. Debateu-se contra a filoxera, a terrível doença da vinha que dizimou inúmeros vinhedos provocando a miséria, soube ser solidária com os trabalhadores durienses, teve a coragem de dizer não ao poder político lisboeta e, mesmo assim, aumentou a fortuna que herdou. Dona Antónia Ferreira é incontornável, ainda hoje, quando se fala do Douro.

ROSA RAMALHO (1888-1977)
Teve uma vida longa mas a actividade que a tornou notável, a de barrista, moldando, com imaginação e ingenuidade, diabos, porcos, anjos, cristos, cabras e cenas da vida rural, exerceu-a na adolescência e depois só após os 68 anos. De permeio ficaram 50 anos passados em S. Martinho de Galegos, tempo que dedicou a tratar da família. Foi António Quadros que a deu a conhecer, nos anos 50, e lhe sugeriu que assinasse as suas peças. Hoje o duplo R no figurado de Barcelos é uma assinatura de prestígio. Rosa Ramalho tem seguidores, do seu imaginário fantástico, em Júlia Ramalho, sua neta, e noutros artesãos da sua região natal.

CAROLINA MICHAËLIS DE VASCONCELOS (1851-1925)
Nasceu em Berlim. Chegou ao Porto, em 1876, depois de ter casado com o musicólogo e historiador de arte Joaquim de Vasconcelos, que conheceu devido ao seu interesse pela cultura hispânica. Tornou-se portuguesa por devoção. É a mais célebre filóloga da nossa língua e foi a primeira mulher a leccionar numa universidade nacional, a de Coimbra, para onde se deslocava, partindo do Porto, várias vezes por semana. Escritora, crítica literária, lexicógrafa e investigadora, foi eleita para a Academia de Ciências o que provocou alguma discussão pelo facto de ser mulher. Levou 27 anos a “decifrar e copiar, com paixão e paciência” as “páginas seis vezes seculares” do Cancioneiro da Ajuda que editou em 1904. Publicou 180 títulos em prol do conhecimento da literatura portuguesa.

JOAQUINA DA CONCEIÇÃO GOMES, a São (1938)
Nasceu no dia de S. João. Trabalhou toda a vida como lavadeira. Lavava e cantava, cantava e lavava. Deixou de cantar quando a alma entristeceu e de lavar quando lhe faltaram as forças. Vive na Afurada.






SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN (1919-2004)
Nasceu no Porto mas partiu daqui muito cedo, com 10 anos de idade. É uma das figuras nacionais contemporâneas mais consensuais. Discreta e vertical, era avessa a vedetismos, Sophia deixou-nos uma obra literária no domínio da poesia, da prosa e do ensaio, marcada pela originalidade, pelas preocupações sociais e políticas e pela sua formação clássica. É considerada uma das principais personalidades literárias da segunda metade do século XX em Portugal.

08 julho 2011

Café e hotel





«Na década de 60, os cafés foram assaltados pela banca, mas não temos assistido à transformação da banca em café. O Astória é o primeiro caso de um banco passar a café.»
A observação é de Helder Pacheco comentando a reabertura do Café Astória, integrado no hotel Intercontinental Palácio das Cardosas. Café e hotel são, como já aqui dissemos, uma mais-valia para a cidade, dois elementos novos na baixa do Porto, que desejamos renovada.

30 junho 2011

Can I take a picture? - I

O Porto e a Região Norte emergiram para o turismo à revelia dos decisores que durante dezenas de anos promoveram as regiões de Lisboa, da Madeira e do Algarve como únicos destinos turísticos nacionais. Na origem deste fenómeno estão vários factores. As classificações de Património da Humanidade, atribuídas pela UNESCO ao centro histórico do Porto em 1996 e, em 2001, ao Alto Douro Vinhateiro e ao Centro Histórico de Guimarães, estarão entre os primeiros. As vitórias do Futebol Clube do Porto que levaram o nome da cidade a todo o mundo deram uma grande ajuda, tal como o novo aeroporto e o metro, mas foi uma nova filosofia de viagens aéreas, que acabou com o quase monopólio da TAP e ligou a cidade a dezenas de destinos no exterior, a preços impensáveis, que teve um contributo decisivo.



São esses turistas que aqui chegam diariamente e percorrem a cidade curiosos, de máquina fotográfica em punho, constituindo uma multidão que tem um papel importante na recuperação da baixa e está a contribuir para a mudança do perfil da cidade, tornando-a mais aberta, mais cosmopolita, que esta série de imagens procurará retratar, sob o título generalista “Can I take a picture?”.

28 junho 2011

Viagem pelo S. João no Porto

Deixemo-nos levar pela mão de Germano Silva e percorramos alguns bairros tradicionais da cidade, onde há séculos se comemora o S. João. Ouçamo-lo falar das orvalhadas entendidas como a saliva fértil dos deuses, em Cedofeita; dos três são joões que se comemoraram durante a revolução liberal, o da Lapa, que era cartista, o de Cedofeita, miguelista, e o do Bonfim, que foi republicano; do manjerico ligado aos amores, à fraternidade e à amizade, e do alho-porro como protecção contra o mau-olhado. Percorramos ainda os Caldeireiros, onde o autor se detém diante da Confraria de Nossa Senhora da Silva, prossigamos pelo Bairro Herculano até às rusgas na Alameda das Fontainhas. Ouçamos a referência feita há seiscentos anos por Fernão Lopes às festas são-joaninas portuenses e divirtamo-nos, por fim, com a Porto Lazer, a empresa municipal que este ano comemorou o 1º centenário da grande festa tripeira com, no mínimo, 500 anos de atraso.

27 junho 2011

As ruas presas às rodas

António Rebordão Navarro


«Estou sozinho na praça ao fim da Avenida Marechal Gomes da Costa, soterrado sobre as movediças areias de um tempo que passou, se é que passa e não constitui uma mera ilusão, como proclamariam alguns pensadores da Idade Média, quando uma voz emitida pelo rádio da central me manda seguir a toda a pressa para a Praça Gonçalves Zarco, onde ocorre qualquer anormalidade com outro taxi.
Acelero pela Avenida da Boavista abaixo, entre velhos solares abandonados que vão perdendo nas degradadas imagens o respeito por si próprios, jardins que se tornaram vastas matas tapando as moradias, prédios novos, de linhas rectilíneas, árvores fugindo à velocidade. Surge a sombra da estátua equestre no meio da rotunda e, ao fundo, soterrado, após as obras da capital da cultura, revolvendo, transformando a cidade, o Castelo do Queijo, forte costeiro cuja origem do nome sempre me escapou, do qual despontam submersos na bruma os torreões.



Sobre o espaço onde se erguera o Colégio Luso-Francês cujo prédio fora por muitos anos afecto à Companhia Carris e ultimamente demolido para, como constava, se edificar um dancing, o que não chegou a acontecer, ali permanecendo só uma ruína, na nova via ligando o Castelo do Queijo à estrada da Circunvalação e à horrenda fronteira sul de Matosinhos; defronte ao edifício transparente, construção de vidros e de poucas paredes, entre a praia e o termo do parque da cidade, mastodonte imponente e de elevados custos, projectado para zona de lazer, um elefante branco que ninguém ousava explorar, era só ocupado pelos ventos, o pó, as areias e a chuva, está um velho taxi parado de capot aberto fumegando. Inclinado sobre ele, como cana de pesca vergada pelo peixe, com os bigodes brancos e pendentes, as mãos esguias, trémulas, negras de óleo, a eterna bata sempre usada em serviço, cinzenta como o céu que nos cobria, o Jeremias Paredes, que na verdade se chamava Carneiro, mas por ser natural de Paredes de Coura, povoação que, saudoso, evocava, estava sempre a superlativar, considerava incomparável, por Paredes seria conhecido e tratado. Era dos mais idosos, talvez o mais antigo motorista de praça da cidade e, a seu lado, nervoso, com uma bela malinha de fino couro na mão direita, a gabardina branca, tão bem dobrada e rígida que parecia sólida, que parecia alva, uniforme mancha pintada numa tela, pendendo do antebraço esquerdo, cheviote de trespasse, gravata regimental, camisa clara, um sujeito estrangeiro invectivava-o, queixando-se do atraso, mirando e remirando o relógio de pulso, declarando num português mascavado, muitas vezes incompreensível, que não podia perder o avião, que fazia, que acontecia. Não lhe liguei ponta de corno. Perguntei ao Jeremias o que se passava. Desanimado, ele contou que fora ao hotel buscar o americano para o conduzir ao aeroporto, o carro começara a deitar fumo, a resfolgar, queimara-se a colaça, recorrera à central para mandarem um colega, enquanto o cliente não cessava de protestar. Das janelas de autocarros quase vazios, alguns viajantes observavam a cena de relance. Dois operários de bicicleta abrandariam um pouco ao passarem ali. Uns catraios ranhosos, hirsutos, friorentos, talvez vindos da praia, rodearam o estrangeiro, pedindo-lhe esmola, de mãos estendidas e sujas. Foram corridos com um berro do Paredes. Tens de mudar de carro, disse-lhe eu. Este já deu o que tinha a dar, e prestei-me a conduzir o irado cliente. O meu colega fechou com estrépito o capot, resmungou, vencido: «É muito tarde. Este morre comigo ou eu com ele. Vou voltar para a terra». O americano nunca mais se calava. Que isto era um país muito atrasado, que não podia perder o avião, que se queixaria ao consulado, ao Governo Civil, à embaixada, ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, que pediria responsabilidades, exigiria indemnizações, desculpas, o diabo. Aturei-o quase metade do caminho e perdi, de repente, a paciência. Vibrei uma bruta palmada no volante que me fez doer toda a mão e gritei-lhe, furioso: «Shut-up!», que eram as únicas palavras em inglês, por certo aprendidas nos filmes de cowboys ainda não denominados western, que eu sabia. O cavalheiro nunca mais abriu bico e até, honra lhe seja feita, me premiou com choruda gorjeta.
Nunca mais soube do Jeremias Paredes. Talvez o carro fosse para a sucata e ele regressasse à sua terra.»

Edições Afrontamento, Março 2011

23 junho 2011

18 junho 2011

13 abril 2011

Procuram-se ideias para a Praça de Lisboa

O colectivo Esta é a minha cidade? está organizar, com o apoio da revista punkto e da aefaup, um concurso de ideias para a Praça de Lisboa, sob o nome: NO RULES, GREAT SPOT! PROCURAM-SE IDEIAS PARA A PRAÇA DE LISBOA | PORTO.
O concurso que terá como juris Pedro Bandeira (Arquitecto), João Fernandes (Director Museu de Serralves), Nuno Grande (Arquitecto) e Catarina Portas (Loja Vida Portuguesa), pretende relançar o debate urgente sobre a reabilitação urbana e sobre o uso dos espaços públicos da cidade do Porto.

Partindo do caso paradigmático da Praça de Lisboa, que foi objecto de um outro concurso altamente exclusivo e complexo da CMP e da SRU-Porto Vivo, tendo deixado de fora tanto arquitectos como cidadãos, o NO RULES, GREAT SPOT! pretende, por um lado, afirmar a importância dos concursos de arquitectura como modo de participação da sociedade e dos arquitectos nas decisões políticas e nos destinos do projecto colectivo que é a cidade. Por outro lado, quer também fazer da reabilitação urbana um projecto mais partilhado e informado, mais participado e discutido. Mais que eleger este ou aquele projecto, esta ou aquela imagem, este concurso quer, acima de tudo, convocar todos, cidadãos e arquitectos, a discutirem o futuro da sua cidade e a reclamarem esse direito fundamental: o direito à cidade, o direito a participar na cidade!

Agradecemos a vossa ajuda na divulgação deste concurso, que não é apenas mais um concurso de ideias, mas a forma de afirmarmos, enquanto cidadãos e/ou arquitectos, que também podemos ter algo a dizer sobre a cidade e sobre este processo de reabilitação urbana, que tem seguido silenciosamente mas cujas marcas e consequências poderão ser não mais que irreversíveis.
Conto também com as vossas propostas e ideias até 31 de Maio. O formato da entrega é digital e deverá ser enviado por mail - toda a informação em www.norulesgreatspot.com!

+ informações sobre o No Rules, Great Spot!
+ informações sobre a Praça de Lisboa
+ imagens

Bernardo Amaral / Esta é a minha cidade?

30 março 2011

Uma mais-valia para a cidade

Foi no espaço onde existiu o Café Astória, que Pilar Monzon, a afável directora geral do InterContinental Porto Palácio das Cardosas, recebeu um grupo de bloggers para um pequeno-almoço e uma visita guiada àquilo que será o futuro hotel de luxo da Praça da Liberdade.


O novo Café Astória

Do antigo Palácio das Cardosas, como é sabido, só restava a fachada; o interior, que datava do início do século XIX, tinha sido demolido para aí instalar um banco, nos anos 60 do século passado. Apesar disso, uma das opções dos novos ocupantes daquele espaço foi construir o hotel tendo presente a arquitectura neoclássica da frontaria, o que é notório nos pés-direitos dos quartos e também nas “pedras, nos estuques, nas madeiras e nos azulejos”, obras, assinala Pilar, de artesãos da região do Porto. “Queremos que os portuenses frequentem o hotel”, para isso “tê-lo-emos de portas abertas” para a cidade, com o Café Astória, um restaurante e um bar. O hotel deverá abrir antes da noite de S. João.

O Hotel InterContinental representa, na depauperada baixa do Porto, um investimento de 30 milhões de euros, e criará 75 postos de trabalho. Terá 105 quartos e 16 suites. Se tivermos em conta que o grupo a que pertence possui 4 500 hotéis em todo o mundo – dos quais 170 são da InterContinental – e a capacidade de mobilização desta cadeia para o nascente turismo portuense, concluiremos que se trata de uma importante mais-valia para a cidade.

12 março 2011

Um País à Rasca

Pacífica e até festiva, foi como decorreu a manifestação apartidária da Geração à Rasca, convocada para hoje na Praça da Batalha, no Porto, e em mais 10 cidades do país. A praça acabaria por se revelar pequena para conter a multidão que ali afluiu. Os manifestantes desfilaram então pelas ruas de Santa Catarina, Fernandes Tomás e Sá da Bandeira, em direcção à Avenida dos Aliados. Aqui a multidão tinha aumentado, falando-se em 80 mil pessoas presentes.



A participação de tanta gente, de todas as gerações, numa tão grande manifestação, indicia algo que vai muito para além da reclamação de trabalho e de um salário digno – que o Estado não pode nem deve, jamais, garantir. O que está latente é a mudança de regime político, porque este, ao encher o ventre à tripa-forra, há muito que se corrompeu e faliu nas suas obrigações primárias de garantia de funcionamento das instituições nacionais. Venham outros actores, venha OUTRA REPÚBLICA!












11 fevereiro 2011

Melhores dias para o Mercado do Bom Sucesso?

Clique na fotografia e observe, num formato maior, este exemplar único da arquitectura moderna portuguesa. Como é possível pensar em construir, ali dentro, um hotel, escritórios e um centro comercial, destruindo este espaço magnífico? Não existem, no Bom Sucesso, três grandes centros comerciais sem clientes, inúmeros espaços de escritórios para arrendar e três hotéis? O que tem a cidade a ganhar com isto? E o que tem perdido com a agonia lenta do mercado, promovida pacientemente, ao longo de anos, pela Câmara Municipal do Porto? Quanto ganhariam os portuenses se tivessem ali um mercado de frescos vivo e alternativo - como o de Matosinhos - aos grandes circuitos comerciais de distribuição? A densidade populacional da Boavista não o sustentaria? Ou é inferior à de Matosinhos? As respostas a estas perguntas são fáceis, de tão óbvias.


Felizmente, as crises, apesar dos inconvenientes, são depuradoras. Consta que o projecto de construção no interior do mercado deixou de interessar ao promotor. Espera-se que este rumor, aliado à classificação recente do edifício como monumento de interesse público, dissipe a ameaça de destruição deste espaço notável.

No blogue Mercado do Bom Sucesso Vivo, onde está a decorrer uma exposição virtual de fotografias que tem o mercado como tema, poderá ver mais três fotos panorâmicas idênticas à de cima, e outras de Inês d’Orey e de Olívia Silva.

09 fevereiro 2011

A invasão das magnólias



Um pouco por todo o lado, em Fevereiro, no Porto.

08 fevereiro 2011

O Porto em 3D

São três rapazes, que se propuseram modelar edifícios do Porto em três dimensões. Têm 17 anos e frequentam o 12º ano de Artes Visuais. Bruno Quelhas e Miguel Evangelho querem seguir arquitectura enquanto o José Eça de Queiroz irá para desenho industrial.
A ideia inicial foi modelar a baixa do Porto ao longo de um ano. Surgiu na Área de Projecto, mas entretanto houve um contratempo, o tema teria que se adequar ao tema escolhido para todas as turmas: meio ambiente. «Com isso a nossa ideia caiu por terra», diz o Bruno, acrescentando «mais tarde, voltei a insistir com o José para que realizássemos este projecto, com o pequeno incentivo de que qualquer tipo de trabalho, que se realizasse relacionado com a área a que te estarias a aplicar, seria incluído no CV. Aí começámos a fazer a Sé do Porto.»

De então para cá modelaram o Terreiro da Sé, a Ponte Luís I, o Palácio da Bolsa, a Igreja de S. Francisco, a Estação de S. Bento, a Estação Casa da Música, entre outros.
Como ferramenta utilizam o Google Sketchup. «Estou a ponderar criar um tutorial para que quem queira fazer edifícios no Porto, ou qualquer cidade, esteja à vontade» continua o Bruno. «Em Lisboa a tarefa está facilitada» porque têm o Building Maker, ferramenta que a Google disponibilizou para a área daquela cidade.
A modelação é feita com base em fotografias. Sobre as dificuldades acrescenta: «Há edifícios em que o trabalho é directo sem qualquer problema a não ser arranjar as texturas (fotografias). Outros, a maior parte, têm algumas complicações como o limite do tamanho do ficheiro; temos que ter a certeza de que as imagens não são de alta-resolução, que o modelo não tem muitos polígonos (faces). Para alguns modelos, como a Sé do Porto, foi difícil arranjar alturas e plantas (que nem sempre são precisas). A maior parte das vezes é "a olho"».

O trabalho destes voluntários da modelação pode ser visto no blogue O Porto em 3D.

01 fevereiro 2011

Movimento Cidades pela Retoma

Ainda à boleia do Cidades pela Retoma, estivemos, o José Carlos Mota, dinamizador do movimento, o Miguel Barbot (da Associação de Cidadãos do Porto e do Um Pé no Porto e Outro no Pedal) e eu, nos estúdios da TSF. O resultado da conversa, com o jornalista Ricardo Duarte, poderá ser escutado no próximo Sábado, dia 5, entre as onze horas e o meio-dia, no programa “A Semana Passada”, de Fernando Alves, ou depois, aqui na rede.

28 janeiro 2011

27 janeiro 2011

As ruas das caves, em Vila Nova - VI

A rua do Dr. António Granjo




A Cidade Surpreendente na TSF

Foi pela mão do movimento Cidades pela Retoma, dinamizado por José Carlos Mota, que Fernando Alves, no Sinais, o acutilante e poético apontamento matinal da TSF, aludiu ao blogue que há seis anos dedico ao Porto, referindo-o, antes de abordar a série dedicada às ruas das caves, em Gaia, como o mais belo dos blogues sobre cidades. Vinda de quem vem, esta referência é duplamente gratificante e constitui um estímulo para continuar. O meu obrigado ao autor e à TSF.

24 janeiro 2011

21 janeiro 2011

As ruas das caves, em Vila Nova - IV

A travessa do Barão de Forrester







20 janeiro 2011

19 janeiro 2011

As ruas das caves, em Vila Nova - II

A Calçada das Freiras,
actual Rua de Serpa Pinto que, longa, estreita e íngreme, liga a beira-rio às Devesas.







As ruas das caves, em Vila Nova - I

O topónimo Vila Nova de Gaia tem origem em duas povoações, uma, Gaia, situada na colina do Castelo, no Candal, num espaço que corresponde aproximadamente àquele que é circundado pelas ruas de S. Lourenço e de S. Marcos; a outra, menos antiga, era Vila Nova, um aglomerado urbano ribeirinho que pertenceu ao Porto entre 1385 e 1834, localizado onde hoje estão as avenidas de Diogo Leite e Ramos Pinto. Foi nos terrenos inclinados em forma de concha, por detrás deste povoado, que a partir de 1756, quando Vila Nova foi declarada depósito geral dos vinhos do Douro, começaram a ser construídos, em socalcos, os grandes armazéns de vinho do Porto, que ocupam hoje 430 000m2. É pelas ruas moldadas por essas construções, marcadas pelo granito e pelo odor a vinho que se desprende do interior dos armazéns, que andaremos nos próximos dias.