13 abril 2005

Na Casa da Música



«Não estamos interessados em fazer um edifício público, mas em fazer um edifício para o público. De uma forma subtil, de dia o edifício absorve a cidade e a partir do entardecer projecta o seu interior para a cidade. Há sempre uma fórmula conceptual nas palavras que espoleta o edifício.

Acho que criamos as condições ideais para isso. A embaixada holandesa em Berlim, o centro estudantil IIT, em Chicago, a Biblioteca Pública de Seattle, que foram terminados no último ano. Foi muito importante para mim perceber que cada um dos edifícios começou a ser usado pelas pessoas de uma forma muito natural, sem que fosse preciso explicações da minha parte. Apesar de serem, em termos arquitectónicos, muito ambiciosos, o público não se inibiu de se apropriar deles.»

Rem Koolhaas, em entrevista ao Jornal de Notícias



Quem é Rem Koolhaas?

O Office for Metropolitan Architecture



«Isto é fantástico, parece uma catedral»

Anthony Whitworth-Jones, Director Artístico da Casa da Música



«Uma arquitectura desumanizada, indiferente à escala humana.»

Agostinho Ricca, Arq.



«Ontem, mais de meia centena de responsáveis dos media estrangeiros, guiados pelo cérebro do OMA-Office for Metropolitan Architecture, não disfarçavam a impressão: o olhar dos inquietos a tentar ganhar todos os lados, as mãos de máquinas fotográficas a absorver ângulos, muitos perdidos, muitos holandeses, espanhóis, japoneses, alemães, uma diversidade de línguas e sotaques, italiano, português, dinamarquês, todos a seguir Koolhaas no caminho.»

José Miguel Gaspar, no Jornal de Notícias



«Para os cépticos, a frase que um dia Alexandre O'Neill criou para a Coca-Cola, bem podia ser aplicada à Casa da Música. "Primeiro estranha-se, depois entranha-se."»

Mário Laginha, músico, na revista Arquitectura e Vida


«A Casa da Música não tem que pender para tabus. É uma peça de arquitectura notável, que não tem de estar irritada pela envolvente. Tem a envolvente que quer. A cidade não tem que privilegiar sítios para senhores A, B ou C»

Troufa Real, arquitecto, na revista Arquitectura e Vida



«Custa-me ver um homem [Rui Rio] que nunca gostou do projecto Casa da Música e nem o consegue entender minimamente, vir dizer que vamos abrir a CM. Graças à sua ignorância a Casa da Música abre gerida por amadores, sem credibilidade enquanto projecto cultural, sem promoção internacional (para além da arquitectónica feita por Koolhaas), com uma imagem gráfica digna de associação recreativa de bairro, ainda como comissão liquidatária da Porto 2001, sem restaurante nem loja a funcionarem, com a obra mal acabada e o edifício mal testado, etc, etc. E tudo isto sendo Rio nº 2 do PSD e presidente da Câmara e Agostinho Branquinho administrador.»

Pedro Burmester, músico, no blogue A Baixa do Porto



«Seen from a late-19th-century park across the street, the building has an almost formal elegance. Yet as you circle around it, its canted walls distort your sense of perspective, making it hard to get a sense of its dimensions. From other angles, its faceted form juts out unevenly, so that the entire structure seems oddly off balance.»

Nicolai Ourossof, no New York Times



Um edifício fértil em epítetos

Aberrante; Anguloso; Autónomo; Caleidoscópico; Calhau; Centro-de-mesa; Coeso; Criativo; Desumano; Dissonante; Distorcido; Ecléctico; Emocionante; Equilibrado; Esculpido; Excitante; Exibicionista; Fantástico; Frontal; Icónico; Incatalogável; Inovador; Insólito; Irregular; Labiríntico; Magnífico; Meteórico; Monstruoso; Musical; Opaco; Original; Paradigmático; Pastel; Poligonal; Provocador; Racional; Rasgado; Urbano; Utópico; Sequencial; Simbólico; Sólido; Talhado; Teatral; Titanic; Transparente...
_____________________________


Adenda
O slogan «primeiro entranha-se, depois estranha-se» que segundo a revista Arquitectura e Vida é atribuído por Mário Laginha a Alexandre O'Neill, é afinal de Fernando Pessoa.
A correcção, que está nos comentários, veio do teclado do João Mãos de Tesoura, a quem agradeço.

25 comentários:

Anónimo disse...

tenho que dizer...
tu és o remédio para as almas inquietas, os corpos palpitantes que não sabem o que dizer daquilo que não compreendem!
tchiii...
que post magnífico!

Poor disse...

As fotografias ficaram óptimas!
Eu sou das vozes favoráveis à casa da música, gosto do edifício!
Nunca entendi lá muito bem a história de não ter fosso de orquestra!

Carlos Romão disse...

Amie:

A Casa da Música não tem um fosso de orquestra porque é um «concert hall» e não uma «opera house». Foi uma opção. Uma torre para pendurar cenários, necessária no caso da ópera, iria reduzir a qualidade acústica da sala. Mesmo assim é possível montar um fosso de orquestra na Casa, retirando as primeiras filas de cadeiras da plateia.

Pedro disse...

Carlos,
Bonito "post".

sombra_arredia disse...

Belas fotos :)
Fiquei ainda com mais vontade de lá entrar, e vou fazê-lo na quarta dia 20!
Não me faz "impressão" nenhuma esta Casa nao ser pluridisciplinar(comportar ópera), já que para isso existe o Teatro S. João.
Eu sou das que aplaude este projecto, por isso vou "soprar" bons ventos e esperar que a "obra nasça" ainda mais.

João Mãos de Tesoura disse...

Para os cépticos, a frase que um dia Alexandre O'Neill criou para a Coca-Cola, bem podia ser aplicada à Casa da Música. "Primeiro estranha-se, depois entranha-se."» do Mário Laginha só prova que ele é um excepcional pianista... só! :D
A frase por acaso é do... Fernando Pessoa! Façam a pesquisa na net e confirmem! Abraço, excelente post!

Carlos Romão disse...

João Mãos de Tesoura,
eu conhecia a frase como sendo do Fernando Pessoa, no entanto pensei estar enganado quando a vi atribuída ao O'Neill.
Neste momento nem sequer estou seguro que o Laginha a tenha proferido... porque não ouvi! Limitei-me a transcrevê-la da edição especial da revista Arquitectura e Vida, dedicada à Casa da Música em Fevereiro de 2004.
Obrigado pela correcção.

floreseabelhas disse...

fantástico!

Anónimo disse...

Um dia ouvi que "...a Casa da Música vai ser ideal para concertos para violino e combóio...". Outro dia ouvi que "...testes recentes de acústica efectuados pelos especialistas mais habilitados na matéria a nível mundial revelaram resultados surpreendentes...". Não entendo nada de urbanismo, mas vejo a Casa da Música como uma resposta adequada a quem tantas críticas tem tecido aos responsáveis pela Cultura neste país. Um dia havemos de ver grandes orquestras mundiais a querer actuar neste espaço. Basta de Velhos do Restelo, já não estamos no Século XV.

Anónimo disse...

Olá, antes de mais, PARABÉNS pelo conteúdo deste blog, que vou já linkar ao meu (chuinga.blogs.sapo.pt). Amo o Porto, ao qual já e-declarei este sentir, pela sua atmosfera única. Abraço, IO.

Anónimo disse...

Uma obra sublime, sublimemente retratada. Simplesmente sublime. Seria redundante dizer mais...

Ideiafixe disse...

Ainda não tive oportunidade de conhecer o seu interior.
Mas o exterior ficou fantástico!
Espero que não seja completamente ofuscado pelas novas construções que se avizinham!...

António disse...

Acho fantástico este blog sobre a minha cidade natal que eu amo.
Tomei a liberdade de o publicitar no meu bloguinho.
Parabéns!

RD disse...

...E eu vim pelo amigo António :)
Já disse no blog dele, mas volto a dizê-lo aqui. Adoro o Porto. A primeira vez que fui senti-me em casa e isso nunca me tinha acontecido antes. Que saudades!
O blog está muito bom, com qualidade. Continuações.

BlueShell disse...

Oi....isto é uma estreia. Gostei. Eu, aqui metida no meio dos montes, nunca vejo nada! Obrigada.

Deixo um beijo fresco com sabor a sol e a mar.
BShell
( vim por sugestão do António e vejo que ele tem muito bom gosto)

João Pedro disse...

Fanstástico post. Fotografias magníficas.

Anónimo disse...

Só os saloios ficam muito provincianamente embasbacados perante tamanho mamarracho. Se fosse feito por um arquitecto português seria o edifício mais criticado do país. Agora como é obra dum holandês...!
Não estamos perante grande arquitectura mas apenas perante uma construção excentrica que podia estar plantada na China ou na Austrália. Tudo no interior causa desconforto ao visitante.
O único ponto de referência com o Porto é que, com aquele "lago" de mármore rosado, faz lembrar uma francesinha gigante plantada junto da nossa rotunda da Boavista.
Mas o que é realmente importante na Casa da Música é a música que se vai tocar/escutar, porque o edíficio é apenas um involucro.
José Manuel

Anónimo disse...

Não esquecer o concerto imperdível de Antony and the Johnsons na Casa da Música;)http://www.casadamusica.com/CulturalAgenda/event_detail.aspx?id=A9D4DB8D-A6AD-488C-B5FB-FBF35B8ADEC1&idShow=8CC82ACB-CAFD-4B7F-84AB-8242464142BD&channelID=5766770B-D507-4D00-BD21-EAE1A7457631&contentID=41707872-01AE-4FB3-8073-6C4A80CFFD83&leftChannelID=5766770B-D507-4D00-BD21-EAE1A7457631

SG disse...

Mas o que é que custava porem-lhe um fosso de orquestra?!?!?!?

Anónimo disse...

Estava fazendo uma pesquisa sobre esse edifício e acabei chegando ao seu fotoblog, o que acrescentou informações e imagens interessantíssimas a respeito dessa construção.

Anónimo disse...

A mim custa-me ver (e ouvir) é o Sr. Pedro Burmester a cantar de galo e a fazer o papel do coitadinho quando só por sair da Casa da Musica trouxe 105.000?. Para alem disso andou uns meses valentes a usufruir do carro e do telemovel a que já nao tinha direito.
tudo isto para não mencionar os anos de atraso, os erros crassos na estrutura interna do edíficio e os milhoes de derrapagem graças á administração do mesmo... e no fim ainda tem a distinta lata de abrir a boca?!
Nem nunca devia ter posto os pés lá dentro em papel algum que não fosse o de pianista, quanto mais receber um salário por isso... e ainda temos o Excmo. Presidente da Republica a dizer que ele faz falta ao projecto (puxando as orelhas a Rui Rio) e outro ilustre da praça a dizer que estão reunidas as condições políticas para que o mesmo volte á C.M.

Por favor!!!



«Custa-me ver um homem [Rui Rio] que nunca gostou do projecto Casa da Música e nem o consegue entender minimamente, vir dizer que vamos abrir a CM. Graças à sua ignorância a Casa da Música abre gerida por amadores, sem credibilidade enquanto projecto cultural, sem promoção internacional (para além da arquitectónica feita por Koolhaas), com uma imagem gráfica digna de associação recreativa de bairro, ainda como comissão liquidatária da Porto 2001, sem restaurante nem loja a funcionarem, com a obra mal acabada e o edifício mal testado, etc, etc. E tudo isto sendo Rio nº 2 do PSD e presidente da Câmara e Agostinho Branquinho administrador.»

Anónimo disse...

Bem a casa da musica é um pouco feia porque o KOOLHAAS NAO TEM STYLE

Anónimo disse...

esta verdadeiramente sorpreendente ! uma maravilha "architectonique"

Anónimo disse...

parabens pelo blog!!
Gostaria apenas de comentar a opiniao do jose manuel que chama saloios aos que gostam da fantastica casa da musica. Certamente nao entende nada de arquitectura para ter um comentario tao infeliz...A casa da musica e uma simplemente espectacular,e traz ao porto outra vida!!!!porque e que tudo tem que ligar com o envolvente???porque nao cortar com o passado, inovar e marcar o nosso tempo??....enfim ha pessoas que quando falam perdem boa oportunidade pa estarem caladas....e ja agora aquela obra e fantastica feita por um portugues,chines ou ate mesmo um extra-terrestre!!!
Ana

Anónimo disse...

Bem evitemos o insulto e o contra insulto. Na minha opinião a Casa da Música (junto à qual trabalho todos os dias e que conheço bem por dentro e por fora) é mesmo um mamarracho com n oportunidades arquitectónicas e mesmo musicais desperdiçadas por um experimentalismo megalómano. Posto isto e dada a enorme controvérsia em torno do edificio e sua localização, não m parecia de todo exagerado ter procurado alternativas mais consensuais ( e já agora baratas, e se não é pedir muito, bonitas!)
Parabéns por um magnífico blog.
Saúde para tod@s.