10 fevereiro 2012

09 fevereiro 2012

01 fevereiro 2012

Luz e Sombra na Paisagem Urbana - III

Rua das Carmelitas,
o Palácio do Conde de Vizela, projecto de 1908 alterado por Marques da Silva quando assumiu a direcção de obras entre 1920 e 1923.

30 janeiro 2012

Luz e Sombra na Paisagem Urbana - I

A Praça do Infante


Luz e Sombra na Paisagem Urbana é o título de um conjunto de fotografias analógicas tiradas em Janeiro de 2002, de que publicarei aqui alguns exemplares. O objectivo de então foi captar a luz da cidade em dias límpidos, contrariando o mito que diz ser o Porto uma cidade escura, imersa em nevoeiro. Nada a provar, apenas um exercício. As neblinas portuenses, vindas do Atlântico, são uma realidade celebrada na literatura, na pintura e na música, que dá lugar a dias de sol, como os que têm decorrido agora, passados 10 anos, em Janeiro de 2012.
Na imagem de hoje está a Praça do Infante, com o monumento da autoria de Tomás Costa, inaugurado em 1900, ”vítima” de uma intervenção artística da Porto 2001 que, no final daquele ano, vestiu onze estátuas da cidade.

23 janeiro 2012

A Cerca Nova

Cerca Nova é a designação da muralha defensiva do Porto construída durante o século XIV, conhecida também por Fernandina. Nova por oposição à muralha primitiva que ao cercar apenas o morro da Sé, se tornou insuficiente para proteger a cidade que tinha crescido para além dos seus muros. A Cerca Nova, foi abordada pelo padre Agostinho Rebelo da Costa na sua Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto, editada nesta cidade em 1789, que está disponível no Google Books, (e na Biblioteca Nacional Digital) a partir da qual foi feita a transcrição livre abaixo publicada.


«Em 41 graus e 10 minutos de latitude, 9 e 58 minutos de longitude próxima à foz do Rio Douro, que desagua naquela parte do oceano a que os antigos chamaram Atlântico Ocidental, está situada esta famosa cidade, segunda na grandeza, e na opulência entre todas as do reino. A sua figura contemplada dentro dos muros, imita um quadrilátero irregular de dois mil e seiscentos pés de comprido, e de mil oitocentos de largo. Firma-se sobre dois grandes, e dilatados montes, que são o da Sé e o da Vitória, ambos imediatos ao Rio Douro. Entre estes dois montes, medeia uma dilatada planície, que se divide em três vales sobranceiros uns aos outros: o primeiro, dilata-se desde o Convento de S. Bento das Freiras até S. Domingos; o segundo continua por toda a Rua Nova de S. Nicolau; o terceiro abrange a Ribeira, Fonte Taurina, e toda a Reboleira, até à Porta Nova. Pouca, ou nenhuma terra se verá em esta dilatada extensão, que não esteja povoada, e coberta de edifícios. O prospecto da cidade observado da parte meridional do Rio Douro, é bem semelhante a um anfiteatro.


Um elevado muro de quase três mil palmos de circunferência, e trinta pés de altura, abrange o seu interior. Todo ele é fortificado com parapeitos, ameias, e multiplicadas torres quadradas, que o excedem na altura de onze pés. O seu âmbito, é rasgado por muitas portas grandes, e levadas, que dão entrada, e saída ao povo, carros, seges, e tudo quanto é necessário para o serviço público. As maiores portas, e as de maior concurso, são a Porta Nova, a dos Banhos, Lingueta, Peixe, Ribeira, que faceiam com o rio; e para a parte da terra, a do Sol, Cima de Vila, Carros, Santo Elói, Olival, Virtudes. As três portas de Cima de Vila e do Olival, estão guarnecidas de quadradas torres, que se elevam trinta pés acima dos muros. Quási todas as portas, são igualmente guarnecidas com parapeitos, que lhes servem hoje de composição, e ornato. Em muitas delas residem continuamente diversos Corpos de Guarda Militar. Principia este dilatado muro no sítio chamado Porta Nova aonde faz um ângulo em modo de plataforma, que olha para o poente, e no qual está sempre um presídio de soldados: daqui discorre ao meio dia, quási em linha recta pela margem do Rio douro; e depois de formar uma varanda espaçosa de dois mil pés de comprimento, faceada de belíssimos edifícios, e disposta em forma, que serve de agradável passeio ao público, chega aos Guindais, e subindo pela parte do nascente até à graciosa Porta do Sol, vai terminar-se nas portas de Cima de Vila, que ficam, uma ao nascente, outra ao poente, outra ao sul. (*) Logo principia a descer pela íngreme calçada a que chamam da Teresa até à Porta de Carros. Esta porta, que é a mais frequentada de todas da cidade, foi aberta no ano de 1521, como consta da seguinte inscrição gravada em uma grande pedra, que está no alto do seu arco:

REGNANTE DIVO EMMANUELE,
QUI PRIMUS PORTUGALIAE REGUM
AD MARE USQUE INDICUM, ET
SCYTICUM LUSITANIAE IMPERIUM
PROPAGAVIT, APERTA FUIC HAEC
PORTA SIMULC VIA, QUAE HINC
IN SANCTI DOMINI TEMPLUM
DUCIT, INDUSTRIA ANTONII
CORREA HUJUS PROVINCIAE CORRECTORIS.
1521

Desde esta porta, continua o muro sucessivamente até à de Santo Elói, e daí começa outra vez a subir; e em chegando à grande Porta do Olival faceia com o largo da Cordoaria, desde a Porta das Virtudes, à da Esperança, e finaliza no Forte da Porta Nova em que teve princípio. Não devem estes muros a sua fundação, como alguns dizem, ao Arcebispo de Braga D. Gonçalo pereira; mas a D. Afonso IV, D Pedro I, e D. Fernando, reis de Portugal. A sua fábrica durou quarenta anos, e por esta causa ocupou as vidas daqueles três monarcas.

(*)Chamam-se também as Portas da Batalha, e como tais as descrevo no capítulo anterior.»

12 janeiro 2012

Janelas do tempo - XII

Três mulheres constituem as figuras centrais desta imagem atribuída, como a anterior, a Marques Abreu, que deverá datar do início do século XX. Uma delas leva na mão um peixe, parco alimento que parece embrulhado num papel, provavelmente de jornal, enquanto outra olha curiosa para trás. Era um trabalho duro, o das mulheres que labutavam no Cais da Ribeira onde, pela via fluvial, chegavam muitos dos víveres e outras mercadorias de que a cidade necessitava. À direita, imobilizado com um calço, vê-se um carro de bois carregado de sacos que poderiam conter carvão. O toldo, à esquerda, deixa adivinhar a actividade comercial que ali havia e se manteve até há alguns anos, antes de ter sido substituída por bares, restaurantes e lojas de venda de produtos destinados ao turismo de massas.


Ao fundo está a estrutura esbelta e imutável da Ponte Luís I, reflectindo o sol da tarde, e um edifício que foi demolido há decénios, deixando aquele espaço mais desafogado, como pode observar-se na fotografia de baixo.

09 janeiro 2012

Janelas do tempo - XI

No final da tarde, quando o fotógrafo disparou o obturador da máquina fotográfica e registou o instantâneo que hoje aqui trago, o bulício que caracterizava o Cais da Ribeira no início do século XX, tinha acalmado. Duas mulheres caminham a passos largos, enquanto outra entra inopinadamente no plano da imagem.


Nas arcadas do muro da Ribeira distinguem-se inscrições (se clicar na imagem vê-la-á maior) de uma mercearia e de uma loja de vinhos e tabacos. Um carro de bois cruza-se com um homem que transporta uma vasilha de lata à cabeça. Há algumas crianças na imagem, mas o grupo preponderante é composto por mulheres que se apresentam maioritariamente descalças. Uma varina, de costas, com a canastra entre as mãos, deixa ver a rodilha na cabeça. Ao fundo, o maciço rochoso do Codeçal cai abrupto diante da Ponte Luís I, quase ocultando a passagem do cais para aquela travessia para Gaia. Esta massa granítica viria a ser desmontada aquando da abertura do túnel da Ribeira, nos anos 40-50 do século passado.

A fotografia, digitalizada a partir de um negativo de vidro no formato 9x12 cm, foi adquirida numa banca de rua a alguém que a atribuiu a José Antunes Marques Abreu, o artista gráfico que, nascido em 1879 no concelho de Tábua, chegou ao Porto em 1893 e aqui faleceu em 1958, após um percurso profissional notável na área das artes gráficas.

31 dezembro 2011

22 dezembro 2011

20 dezembro 2011

O Molhe


Clique na imagem para a ver maior.

03 outubro 2011

Hilda Ofélia

A imagem abaixo está num recanto do Centro Português de Fotografia, ampliada e iluminada pela retaguarda. Representa Hilda Ofélia, filha de Aurélio da Paz dos Reis (1862-1931) e tem atribuída a data de 1908.
Aurélio tinha o hábito de enviar postais fotográficos aos clientes e amigos. Para além da filha, este postal está carregado de símbolos, dos valores e das referências do fotógrafo, cineasta, floricultor, romântico e revolucionário: um busto da República – antes de ter sido implantada em Portugal – um globo terrestre, livros de autores maçónicos, duas garrafas de vinho do Porto, uma camélia e fotografias da mãe, da mulher e dos filhos.


Luís de Pina, cinéfilo e crítico de cinema, escreveu que o nome Paz dos Reis foi dado ao pai de Aurélio – filho de um miguelista ferrenho - para recordar o fim da guerra civil entre D. Pedro e D. Miguel. Aurélio, por sua vez, acabou por baptizar os filhos com nomes invulgares: Homero Áureo, Horácio Fortunato, Hugo Virgílio e a nossa Hilda Ofélia. Hilda e Homero faleceram em 1919, vítimas da gripe pneumónica que ceifou 60 000 vidas em Portugal. Horácio morreu em França na 1º Guerra Mundial, em 1918. Rudes golpes.
Foi o filho de Hugo Virgílio, Hugo Cândido da Paz dos Reis, que depositou no CPF, em 1997, o espólio de Aurélio, com a condição de não ser retirado do Porto.
Algo que nunca vi escrito e me foi dito por Paula Paz dos Reis, bisneta de Aurélio, sobre a razão de existirem poucos filmes do homem que pela primeira vez rodou uma manivela de cinema em Portugal: os filhos dele, crianças, entretiveram-se a queimar parte das películas de nitrato de celulose filmadas pelo pai.

30 setembro 2011

Uma flor na baixa




Rua do Ateneu Comercial do Porto, 45

27 setembro 2011

O Porto há 30 anos - VII


A última foto desta série: vista parcial da baixa para ocidente.
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23 setembro 2011

O Porto há 30 anos - VI

Duas formas geométricas dominam esta imagem: a rotunda da Boavista e o enorme quadrado do Cemitério de Agramonte, construído em 1855. Entre outros pormenores observamos, à direita, a estação de recolha de carros eléctricos, edificada em 1874 e demolida em 1999, para dar lugar à Casa da Música, e o terreno livre onde foi construído o primeiro centro comercial que surgiu no Bom Sucesso. A fotografia está ainda marcada pelo sol poente invernoso.
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22 setembro 2011

O Porto há 30 anos - V

Vista parcial da baixa da cidade para oriente, com Gondomar ao fundo.
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21 setembro 2011

Júlio Resende (1917-2011)

Há uma brutalidade nesta pintura, digamo-lo sem qualquer hesitação; brutalidade que consiste em obrigar-nos sem trégua a pensar que o homem é o mais mortal dos animais, que o seu corpo não cessa de ser corroído pela lepra do tempo, que o esplendor da sua juventude se converte com facilidade na mais grotesca paródia de si próprio, que tudo nele está inexoravelmente votado à morte.

Eugénio de Andrade sobre o painel Ribeira Negra, a revisitar aqui.

20 setembro 2011

O Porto há 30 anos - IV

A debandada da população do Porto para os concelhos limítrofes já tinha começado quando esta imagem foi captada, entre 1981 e 1985, mas Gaia não tinha ainda a densidade de construção que tem hoje, sobretudo ao longo da Avenida da República e na encosta a sul das Devesas, dois dos locais mais densamente povoados daquela cidade que podem ser observados na fotografia.


Do lado de cá do Douro vêem-se duas ruas que rasgam o casario na vertical da imagem: Santa Catarina, à esquerda, e Sá da Bandeira, quase ao centro. Em baixo, na horizontal está a Rua de Gonçalo Cristóvão.
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16 setembro 2011

O Porto há 30 anos - III

Há duas cidades nesta imagem do Porto, a das ruas apertadas no interior da Muralha Fernandina (em baixo e à esquerda) e outra, de malha mais larga (acima e à direita) que surgiu depois do desaparecimento do muro medieval que cingiu o Porto durante cinco séculos. Pode até traçar-se o percurso da muralha, que era paralelo à actual rua dos Clérigos, e, no Olival – na Cordoaria –, flectia à esquerda para descer até ao rio.


A cidade de dentro da cerca parece não ter tido alterações nos últimos 30 anos; já a outra mostra-nos o Jardim da Cordoaria antes da infeliz intervenção de 2001 - que o transformou num espaço arbustivo inóspito - e a Praça de Gomes Teixeira, a dos Leões, antes de ter passado por um processo idêntico. Na Praça de Lisboa está um mercado improvisado que sucedeu ao Mercado do Anjo, desaparecido em 1952. Próximo da cúpula do então Pavilhão dos Desportos, que foi rebaptizado com o nome da atleta Rosa Mota, está ainda o conjunto de antigos edifícios que albergou o Centro de Instrução e Condução Auto, do Exército e, mais tarde, a Reitoria da Universidade do Porto. Naquele espaço surgiram outras construções que acolhem hoje alguns serviços do Centro Hospitalar do Porto.
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15 setembro 2011

O Porto há 30 anos - II

É o Coliseu, no centro com a grande cúpula, que marca esta imagem. Vista do ar, a imponente sala de espectáculos mostra a sua real dimensão ao aparecer encaixada, como num quebra-cabeças, nos edifícios envolventes que nos aparecem minúsculos. Parece que tudo se ajustou para que coubesse ali; no entanto, ele está lá apenas desde 1940, enquanto grande parte dos edifícios circundantes foram construídos entre o final do século XIX e os primeiros anos do século XX. É notória também a ocupação intensiva do espaço interior dos quarteirões onde, na origem, terão existido quintais e jardins das antigas casas de habitação.


Diante do Coliseu, que constitui uma jóia da arquitectura portuguesa do século XX, há outro edifício marcante daquele período, a Garagem de Passos Manuel (1938) de Mário Abreu, arquitecto que trabalhou com Cassiano Branco e Júlio de Brito no projecto daquela sala de espectáculos.
Aparentemente não há diferenças entre a data em que a foto foi tirada e os dias de hoje, com excepção de um pormenor no canto inferior esquerdo da imagem, que mostra automóveis alinhados na periferia da Praça dos Poveiros, onde hoje existe um parque de estacionamento subterrâneo.
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13 setembro 2011

O Porto há 30 anos - I

A foto remonta à primeira metade dos anos 80, um tempo não muito distante se nos reportarmos à história milenar da cidade. A zona está consolidada desde meados do século XX, quando foi terminada a Avenida dos Aliados. De então para cá, as alterações, do ponto de vista do património edificado não foram muitas. É notória, no entanto, a mudança do pavimento da avenida, que provocou grande polémica em 2006. De resto, por detrás da Igreja da Trindade existia ainda a velha estação ferroviária da linha da Póvoa, que coabitava com uma bomba de gasolina, ambas desaparecidas para dar lugar à estação do metro, inaugurada em 2002. A poente da igreja pode ver-se uma pedreira que resultou da demolição do casario ali existente – o Muro da Trindade - nos anos 50. Hoje existe lá um centro comercial.


A fotografia, como outras que publicarei nos próximos dias, foi tirada no fim da tarde de um dia gelado de Inverno, com nuvens negras por cima, que alternavam com raios de sol vindos do lado do mar. É essa a causa da luz horizontal que atravessa a imagem de poente para nascente.
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09 setembro 2011

Can I take a picture? - V


Na cela S. João - onde esteve preso Camilo Castelo Branco - da antiga Cadeia da Relação, actual Centro Português de Fotografia.

06 setembro 2011

O Águia d'Ouro


Oitenta anos após a sua construção, em 1931, a fachada que foi o rosto do Café e do Cinema Águia d’Ouro surge renovada, neste Verão de 2011, para acolher um hotel.
Veja também o interior do velho cinema e a fachada, antes desta intervenção, n’ A Cidade Deprimente.

25 agosto 2011

A Foz ...

... envolta na neblina que tem caracterizado alguns dias do mês de Agosto.


08 agosto 2011

Rua Conde de Vizela

Foi traçada no século XVII, por iniciativa do padre Baltazar Guedes. No lado poente é composta por um conjunto de edifícios imponentes e de fachadas regulares construídos no início do século XX, características físicas que, juntamente com uma ligeira curvatura, fazem com que a rua pareça mais longa do que na realidade é. Chamou-se Rua do Correio, por ali ter funcionado o correio-mor do Porto. Deve a sua actual designação a Diogo José Cabral, o industrial que detinha a propriedade das casas e terrenos do lado poente, a quem foi concedido o título de Conde de Vizela, em 1900. Ei-la, vista de sul para norte...





... e junto à Rua das Carmelitas, numa ilustração do encontro de dois grandes arquitectos que definiram muito daquilo que o Porto é hoje: Marques da Silva, autor do palácio de dois torreões que liga Conde de Vizela a Cândido dos Reis, e Nicolau Nasoni, o visionário italiano que decidiu viver e trabalhar no Porto, a quem devemos a Torre e a Igreja dos Clérigos.

31 julho 2011

O Alfa Pendular...

... envolto na neblina matinal de hoje, parecia levitar sobre a Ponte Maria Pia quando, ao passar na Ponte de S. João, o avistei da Ponte do Infante.